84 - Academia

609 80 16
                                    

  Depois de analisarmos o computador da Antônia descobrimos que ela usava a skype para se comunicar com o possível Gap Dong, e a Mallya rastreou o local no qual foi usado o computador da pessoa que conversava com a vítima. É numa lan house perto da casa da Mallya, mas infelizmente, hoje estamos com muita coisa pra fazer, e não vamos conseguir tempo pra ir até lá e pedir as filmagens e informações sobre os clientes da lan house. E assim que passamos na minha casa pra almoçar e deixar o gatinho em casa, fomos pro nosso compromisso. Mesmo que não estivessemos tão por vontade própria.

  - É sério que você vai me obrigar a fazer exercícios de novo essa semana? - Protestou Mallya e eu dei risada.
  - Para de reclamar, vai valer a pena, assim a minha mãe não fica no nosso pé dizendo que temos que fazer exercícios pra conservar a saúde. - A relembrei e Mallya me olhou com desdém.
  - A sua mãe está tentando nos controlar pra pararmos de fazer investigações. E estamos perto de alguma coisa grande, quem sabe na lan house não tem uma pista ótima sobre o Gap Dong. - Protestou Mallya e eu senti uma pontada de ansiedade, já estávamos passando pelas portas da academia. E eu queria muito ir investigar, do que cumprir atividades físicas...
  - Vai valer a pena. - Tentei convencê-la e me convencer mentalmente e vi Mallya mudar sua expressão de tédio e indignação, para interesse completo.
  - É, com certeza vai valer a pena! - Afirmou Mallya abrindo um sorriso malicioso e desentendida eu olhei para a direção na qual ela estava olhando, encontrando Wonho, todo suado, sem camisa, fazendo exercício. Ai meu coração, meu santo Kook! Esse homem ta querendo me matar do coração!
  - Acho que vou infartar ali e já volto...! - Falei tentando fugir e sair pelas portas de onde entrei na academia e Mallya me segurou pelo braço.
  - Você me arrastou até aqui, agora vamos continuar, e você não vai infartar até a hora em que formos embora. - Afirmou Mallya e eu assenti dando risada da seriedade que ela usou para falar. Bem no fim nós duas começamos a rir.
  - O agente realmente é bem forte né. - Reparei enquanto íamos até os armários para guardar as mochilas e a Mallya tirou a jaqueta, estava usando top e calça de academia, eu não estava muito diferente, a única diferença é que eu estava de regata ao invés de top.
  Esperamos calmamente a próxima música começar, observando enquanto Wonho malhava, e quando começou a tocar dramarama do Monsta X fomos fazer exercícios. Eu começei erguendo um pouco de peso, e a Mallya foi pra esteira correr.
  Depois de algumas séries, eu abandonei o peso e fui fazer outros exercícios, e a Mallya pareceu ter se cansado da esteira, pois foi fazer outra coisa também. Em meia hora eu já estava na esteira junto com a Mallya, ela numa esteira e eu em outra do lado. Correndo sem parar, queimando. Eu gostava de correr, e agora já estava tocando outra música, mic drop do BTS, e parecia que cada momento da música, cada batida e palavras estavam entrando nas minhas veias.

- Mallya on-

  Continuei correndo, mais rápido e mais rápido, correr dessa maneira, e escutando mic drop me fazia lembrar de coisas antigas, não pela música, mas pelo fato de estar correndo, isso me fazia lembrar de tempos em que eu vivia na floresta, tempos em que eu corria com o lobo que cuidou de mim, tempos em que eu não sabia da realidade crua e dura desse mundo. Analisando a situação, dois anos depois de ter sido resgatada da floresta eu achei que a vida humana era surreal demais pra minha realidade, eu preferia a floresta do que a cidade, lá sempre foi mais fácil de viver, independente de tantos perigos que eu e o lobo corriamos no meio da mata, mas pelo menos lá não tinham pessoas apontando seus dedos imundos de pecados pra mim, me acusando de ter matado a minha própria mãe, que eu nem mesmo conheci. Meus olhos começaram a arder e eu senti um nó se formar na minha garganta. Aumentei a velocidade na esteira pra correr ainda mais rápido. Hoje vai ter aquela festa idiota que faz com que todos os parentes vão em casa, e eu acho que não estou de bom humor pra receber ninguém me acusando. Estou sem paciência pra aturar isso todos os anos. Meu pai ficando bêbado... Minhas tias jogando indiretas dizendo que minha mãe era uma bruxa, e meus avós dizendo que eu a matei por que nasci. Vai ser um inferno de novo. Eu não quero isso! Eu não quero isso! Eu não... Parei de pensar quando alguém apertou o botão na esteira e a desligou, logo em seguida senti braços musculosos me envolvendo num abraço, e um peitoral forte confrontou minhas costas.
  - Por que está tão tensa? - Perguntou Wonho no meu ouvido e eu senti meu corpo todo arrepiar.
  - Não é nada demais. - Falei e me virei, ficando de frente pra ele, vendo todo o seu abdômen e seus braços musculosos. Mas quando meus olhos subiram eu avistei outra coisa, um colar, um colar na qual uma correntinha fininha segurava um pinjente, um círculo que drentro tinha um lobo uivando, parecia ser de prata, mas não era. Se fosse de prata me machucaria...

PRISON IOnde as histórias ganham vida. Descobre agora