112 - Indignação

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  - Que merda é essa??! - Soltei frustrada e me abaixei para pegar a pedra na mão novamente, meu dedo estava sangrando um pouco, nesse mesmo instante alguém abriu a porta, e Taehyung entrou com sacolas nos braços e copos de café e chá nas mãos.
  - Cheguei. - Avisou contente ao entrar, mas depois que fechou a porta e viu nossas caras, ficou sério.
  - Tae... - Mal começei a falar e meu pai e minha mãe entraram na sala, com semblantes tomados de preocupação. Meu pai já estava com o uniforme policial preparado para ir pro trabalho, e quando o encarei notei as evidentes olheiras em seus olhos, o quanto parecia cansado. Minha mãe também estava, os dois andaram muito perturbados ultimamente por causa de tudo que andou acontecendo nas últimas semanas e eu estava com tantos problemas que tinha me esquecido de que eles estão exaustos também de toda essa batalha de xadrez pra pegar o Gap Dong, onde nós estamos perdendo as peças e nos ferrando cada vez mais...
  - O que aconteceu aqui?? - Indagou meu pai preocupado me tirando de meu devaneio e eu me levantei do chão com a pedra na mão, só que desta vez tomando mais cuidado para não me machucar com os espinhos da flor.
  - Outro idiota que acha que a polícia não está fazendo nada quis expressar sua indignação. - Comentei olhando para as letras computadorizadas em itálico no bilhete, e então entreguei a pedra na mão dele para que lê-se o bilhete. Enquanto meu pai e minha mãe se ocuparam momentaneamente com isso, Tae se aproximou de mim e da Mallya curioso, ele me deu o copo de café e deu o outro de chá pra Mallya enquanto observava a reação dos meus pais.
  - O que que tá rolando? - Perguntou Tae baixinho e eu me virei pra ele.
  - Mais uma pedra, parecia ser igual as outras das pessoas que ficaram bravas que até agora a polícia ainda não prendeu o Gap Dong, mas nessa tem uma ameaça. - Comentei baixinho e quando eu voltei a olhar para meus pais, meu pai levantou a cabeça sério e nervoso. Eu me limitei a começar a tomar meu café, que estava uma delícia. Amo café de máquina.
  - Você está terminantemente proibida de sair de casa, independente do que aconteça, até eu poder prender aquele desgraçado! Ou então descobrir quem foi que fez isso! - Declarou meu pai e eu cuspi o café e me engasguei. Meu peito se aqueceu e senti uma breve vontade de vomitar.
  - Como é que é??! - Indaguei me recuperando do engasgo sentindo meu coração começar a disparar e a Mallya segurou meu pulso, me dando a entender que algo mais estava rolando. Foi então que eu percebi que meu pai estava nervoso, mas não era apenas comigo, ele estava com a mão na arma na cintura, podia parecer comum um policial com a mão na arma, mas não para o meu pai que não tem costume de fazer isso, e além disso, volta e meia olhares furtivos observavam o Tae atrás de nós duas. Meu pai estava nervoso por causa da presença do Tae, porque o Tae é um suspeito.
  - Você me entendeu claramente Alícia. E eu não vou repetir. - Completou meu pai e então tirou um saco plástico do bolso e pois a rosa com a pedra e o bilhete dentro - Você deveria fazer o mesmo Mallya, está perigoso para garotas na idade de vocês ficarem andando na rua por esses dias.
  - Entendo perfeitamente. - Respondeu Mallya e eu a olhei de soslaio, analisando a maneira com que ela estava lidando com a situação, é óbvio que vamos desobedecer meu pai, mas por agora é bom evitarmos que a polícia consiga qualquer motivo para questionar o Tae, ou envolve-lo, mais do que ele sem saber ao certo, já está envolvido.
  - Querida, faça um curativo no dedo da Alícia, eu já estou saindo. - Avisou meu pai se despedindo da minha mãe com um selinho, e então passou por nós, ainda com a mão na arma, e eu fiquei tensa, não gosto da sensação de estar impotente, de não poder fazer nada. O silêncio estava quase matador quando meu pai chegou na porta e a abriu, calmamente, para depois fecha-la novamente e se virar para o Tae.
  - Você acabou de chegar rapaz? - Perguntou meu pai e eu engoli em seco, merda! Eu não tinha pensado rápido o bastante que meu pai poderia ligar o fato de terem tacado a pedra quando o Tae chegou.
  - Sim senhor. - Respondeu Tae e a Mallya ficou tensa. Meu coração começou a disparar de novo.
  - Não chegou a ver ninguém por perto da casa? Alguém que talvez possa ter jogado esta pedra na minha janela? - Perguntou meu pai com seu jeito rústico e observador, analisando a expressão pensativa de Tae, e então Tae o encarou por um breve instante.
  - Não senhor, eu não vi ninguém na rua. - Respondeu Tae inocentemente e meu pai fraziu o cenho, parecendo impassível, mas depois que seus olhos percorreram pelo meu rosto e o de Mallya ele respirou fundo, e então colocou a mão no ombro de Tae.
  - Pois bem, até mais tarde então. - Disse e acenou para nós e depois se retirou, parecendo ainda mais cansado que antes. Meu pai... O que você está armando...? Por ética policial você deveria ter levado o Tae no mínimo pra conversar... Então porque não agiu?

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