115 - Conversar

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  Meu ar voltou violentamente, e eu me engasguei, tocindo e respirando fundo aliviada. Abri os olhos e um céu azul e uma luz forte do sol agrediu minhas retinas, me obrigando a virar o rosto para o lado. Senti cheiro de terra e mato, passei as mãos na grama, aos poucos recobrava minha consciência do que havia acontecido, as fantasmas... Passei meus dedos entre a grama verde e pisquei os olhos buscando mentalmente entender onde eu estava, parecia ser o campo atrás da escola. Um tiro... A Mallya... A escola... Cadê a Mallya?
  Arregalei os olhos em pânico e mal tive tempo suficiente de pensar e a Mallya surgiu no meu campo de visão sem que eu precisasse fazer nada para a encontrar, como se tivesse lido minha mente.
  - Graças! - Suspirei alivada ao vê-la inteira e ela me pegou pelos colarinhos e me obrigou a sentar na grama.
  - O que aconteceu criatura?? Você quase me matou de susto! - Perguntou Mallya preocupada e então me abraçou com carinho logo em seguida.
  - O que aconteceu? Eu só lembro de ouvir um tiro? E como eu vim parar aqui? - Perguntei confusa e a Mallya se afastou me inspecionando para conferir se eu estava tão bem quanto aparentava por fora.
  - Você desmaiou, eu dei um tiro no meio da testa da fantasma que estava perseguindo a gente pelos corredores, e depois te arrastei até aqui. - Explicou Mallya e eu coçei os olhos, como assim uma fantasma? Eu pensei que eram as três que estavam nos perseguindo...
  - Ai minha cabeça... - Suspirei passando a mão na testa, estava quente, será que eu estou com febre? Acho que não, deve ser só impressão.
  - Você está se sentindo mal? - Perguntou Mallya preocupada e eu neguei com a cabeça.
  - Só um pouco zonza, mas não é nada demais. - Expliquei e então tirei a mão da testa, passei as mãos pelo corpo conferindo minhas coisas, celular estava no bolso, chaves no outro bolso, até que não encontrei a arma. Meus olhos se arregalaram em alerta, meu pai vai me matar se não encontrar a arma dele no lugar de onde eu a peguei emprestado, assim que a Mallya viu a minha cara colocou as mãos nos meus ombros pra me acalmar.
  - Fica tranquila, sua arma está aqui. - Avisou e então pegou a arma, que estava do seu lado pousada na grama, e então me entregou. Com o alívio, aos poucos me lembrei do porque de ter vindo pra cá.
  - Vamos queimar as provas. - Sugeri assim que avistei a mochila nas costas da Mallya e ela arqueou uma sobrancelha inquisidora na minha direção.
  - Tem certeza que está em condições de continuar uma missão? - Perguntou preocupada e eu assenti, me ajeitando pra me levantar, ainda com a arma na mão, porém travada. Minha tontura já estava mais leve. Acho que foi só um breve mal estar porque eu não quis tomar café da manhã direito em casa, eu estava ansiosa pra limpar a barra do Tae que nem me alimentar direito eu não me alimentei, mas eu não sou a única, a Mallya também não quis comer direito. É... Parando pra analisar foi um breve mal estar provocado por fantasmas, isso também tem que ser levado em consideração.
  - Estou ótima. - Confirmei ao me levantar, e enquanto a Mallya começava a se levantar eu guardei a arma na minha cintura.
  - Então vamos lá.

- Taehyung on-

  - Um passarinho me contou que tem um anjo caído querendo conversar comigo? - Perguntou Mark com um sorriso ladino no rosto assim que chegou ao meu lado, e eu me voltei pra ele para encara-lo diretamente. Mas Mark se virou pro mar e ficou observando as ondas se quebrando.
  - Foi um corvo e não um passarinho, e eu estou pensando seriamente em quebrar a sua cara se você não me devolver o que é meu. - Falei sem rodeios e Mark me observou com seus olhos predatórios de soslaio, para depois levantar uma mão e apontar pra casa que estava a poucos metros atrás de nós, a minha casa.
  - Durante dois anos, foi aqui que você andou se escondendo de mim desde que fugiu da masmorra? - Perguntou ele num tom de deboche e eu cerrei os punhos ao lado do corpo, me controlando pra não perder a paciência logo de uma vez. Ele estava citando esse assunto pra me fazer lembrar do que eu passava todos os dias naquele inferno, e eu não vou me entregar ao joguinho de manipulação dele.
  - Devolva minhas memórias da época do ciclo, eu sei que você as tomou de mim quando o Criador me expulsou dos céus. - Ordenei ríspido e Mark arqueou uma sobrancelha pra mim.
  - E pra que você as quer? Pra contar pra sua namoradinha o que ela realmente é, porque você não se lembra...? - Mark provocou alargando mais o seu sorriso e eu respirei fundo me contendo, era tão difícil ficar no mesmo espaço que ele e me segurar pra não arrancar sua cabeça. Minhas asas pareciam queimar nas minhas costas pra ser libertadas de tanto ódio que eu sentia.
  - Se não me der eu vou te surrar até conseguir. - Avisei e Mark tirou os sapatos, para molhar os pés na água salgada do mar.
  - Você sabe que o que acontece comigo, também acontece com a melhor amiga da sua namorada. - Me relembrou ele e desta vez fui eu quem sorri.
  - Não quando vocês estão afastados.

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