Capítulo 62: comida e negócios

Começar do início
                                    

Cláudia se apressou e encaminhou para o local. Ela não queria marcar uma hora oficialmente com Tokugawa, pois evitava chamar atenção para seus contatos, mas um encontro "casual" pode acontecer se houve um planejamento adequado.

Cláudia chegou na hora marcada e sentou-se em sua mesa. Tokugawa, como era de se esperar, apareceu antes do horário de sua agenda.

Ela sabia que teria pouco tempo para falar com a diplomata antes que chegassem seus convidados. Por isso assim que viu a mulher tomar seu lugar foi até ela. Tokugawa estava acompanhada por um jovem e fez uma expressão surpresa com a aproximação de Cláudia.

— Tokugawa, que surpresa.

— Igualmente – Olivia sorriu com simpatia.

Cláudia olhou brevemente para o rapaz, fazendo um leve aceno, que foi retribuído educadamente.

— Devo dizer que fiquei mais surpresa com sua companhia da ultima vez que nos topamos – Cláudia arqueou levemente as sobrancelhas.

O tom foi levemente diferente do usual, e acostumada com alguns melindres e peculiaridades de pessoas poderosas – de várias culturas diferentes – Olivia percebeu alguma intenção suspeita na mulher. Mantendo sua simpatia, ela discretamente pediu para o rapaz aguardar os convidados do lado de fora, e em alguns segundos, Cláudia estava sentada a mesma mesa por convite seu.

— Desculpe, não vou tomar seu tempo, vejo que está ocupada. Eu só... – considerou, hesitante por algum momento, se deveria continuar. Mas ao olhar para a face elegante e simpática de Olivia, lembrou-se de certa expressão fria que ela adquiriu um tempo atrás, quando falaram do traficante que – segundo a própria diplomata "não precisava mais se preocupar" e resolveu que não precisava tomar cuidado: — Gostaria de lhe alertar, como amiga, sobre seu acompanhante, Andrea.

Olivia sorriu compreensiva.

— Porque ele é um Gambino?

Cláudia estava séria.

— Não – procurou as palavras em volta e não achando usou o que pensava – porque ele é um... homem, digamos, perigoso para pessoas como nós.

— Como nós?

— Seres vivos.

Olivia arqueou levemente as sobrancelhas. Baixou o olhar pensativa. Quando voltou a encarar Cláudia, a contadora percebeu aquela frieza estranha novamente em seu semblante.

— Que pena para ele.

Cláudia a encarou surpresa e levemente confusa. O olhar de Olivia Tokugawa era de uma pessoa que não temia absolutamente nada. Ou melhor, uma pessoa que tinha tudo sob o mais absoluto controle.

— M-mas... o que... que tipo... – Cláudia balançava a cabeça, balbuciando qualquer coisa tentando compreender o que a mulher estava dizendo com aquilo, que era notoriamente uma ameaça a um dos mais cruéis mafiosos da cidade.

— Tenho certeza de que compreenderá – sorriu complacente diante a confusão de Cláudia.

De repente um raio lhe veio a mente clareando tudo.

— Você... – Cláudia estava literalmente boquiaberta e assim ficou durante um segundo, contemplando toda sua lerdeza.

Quem lhe enviou até Tokugawa fora justamente Cyrenna Gambino, a que mais sofreu na mão de Andy. Era então mais do que obvio que havia algo a mais na aproximação da ilibada diplomata japonesa com o maffioso nova iorquino.

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora