Capítulo 39: Amigos perto, inimigos mais perto ainda.

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Leontine foi a primeira a chegar.

Claudia havia mandado uma mensagem para ela, pedindo que ela fosse um pouco mais cedo, pois precisaria muito da ajuda dela.

— Você deve me achar uma estrangeira abusada mesmo, de te chamar pra me ajudar sendo que a gente ainda está se conhecendo!

— Ah, não fala isso! Eu costumo ser bem nojenta com algumas pessoas, mas gosto da sua espontaneidade. Além do que, você é uma estrangeira abusada, mas elegante, então te perdoo – caçoou – Mas diga lá no que precisa de ajuda? Não é pra escolher uma roupa adequada, porque tô vendo que esse seu vestidinho é uma graça! Mas não tô identificando, onde comprou?

— Ahn, obrigada, é de um estilista brasileiro, e... espera... – riu. E teve a ideia de pegar uma garrafa de vinho para começar a conversa.

— Obrigada – Leontine agradeceu quando Claudia lhe serviu.

— Eu estava pensando desde a última vez que saímos... sobre o seu relacionamento com o Cunnings...

— Como assim? – Leontine interrompeu o raciocínio de Claudia de forma brusca – Você não está pensando besteira, não é?

— Há há, na verdade eu não estou pensando nada. Só tô curiosa. Pelo jeito que se tratam se conhecem há muito tempo. Fico imaginando há quanto...

Leontine se recompôs. Ela entendeu que Claudia não estava insinuando nada de mais. Era uma curiosidade natural. Porém a garota pareceu levemente incomodada. Deu respostas evasivas, onde não falava abertamente do passado do presidente da Blue Velvet.

Claudia percebia isso, e no decorrer da conversa o clima pesou um pouco.

A filha de um chefe criminoso não querendo falar sobre o passado de um conhecido era suspeito. Claudia entendia que ela não morria de amores por Seth, e percebia que entre eles não havia uma tensão sexual; a implicância de ambos era típica de irmãos ou primos. O que Leontine Gambini sabia sobre Seth Cunnings que não queria dizer, a ponto de não querer mesmo falar sobre o relacionamento dele com sua família?

Claudia decidiu não pressionar mais no momento. Se queria que a jovem Gambini abrisse a boca, precisaria conquistar a confiança dela, e não irrita-la com questionamentos insistentes. Mudou o assunto, pegou-a pelo braço e mostrou a casa, mostrando alguns detalhes de suas escolhas.

A tática funcionou. Em pouco tempo, Leontine conversava animadamente sobre que, apensar de terem gostos diferentes, via que tinham muito em comum. E especialmente, ficou bem impressionada com a biblioteca de Claudia, chegando a questionar do porque de alguns títulos de filósofos ligados ao direito.

— O pensamento não é fragmentado, não é mesmo? Do que adianta esses livros todos de matemática e economia sem entender com o que ela precisa lidar?

— Mas ler esses caras não vai te fazer saber as leis de um setor, em si, não é?

— Não, mas vai me ajudar a saber como, de certa forma, é o pensamento deles.

Leontine fez uma cara meditativa. E a campainha tocou.

Eram Silva e sua esposa, Maria.

Enquanto Maria abraçava Claudia satisfeita por uma conterrânea simpática a oferecer amizade, Claudia pensava em que tipo de coisas o marido dela fazia na empresa.

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora