Capítulo 10: O Resgate

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Do lado de fora, tiros e gritos masculinos. Dentro da pequena sala, as meninas se arrastaram e ficaram juntas, ainda deitadas no chão. E agradeceram por isso, pois vários tiros ultrapassaram as paredes de madeira, fazendo com que a claridade de fora entrasse pelos orifícios recém abertos. Claudia se sentiu num filme de Quentin Tarantino e pensou que na verdade, não, não é nada engraçado ser um personagem de uma história dele, ainda mais porque ela, diferente de suas personagens femininas famosas, não sabia bater, atirar nem ser uma fodona.

Até que de repente, todo o barulho cessa. Elas se entreolham apreensivas. Antes que pudessem completar seus pensamentos, a porta é arrombada com violência. A luz entra de uma vez na pequena sala. No portal, duas silhuetas masculinas aparecem contra a luz, uma delas, usa um chapéu de caubói. Os homens dão dois passos à frente.

— Senhoras, estão todas bem?

— West! – Leontine fala feliz e aliviada, tentando logo em seguida disfarçar sua reação.

— Alguma de vocês está ferida? Tá todo mundo bem?

Elas reconhecem agora o outro homem, que também estava na festa, Drake Valentine. Há uma sensação de alivio imediato por parte de todas, que aos poucos começam a se levantar. Na verdade, estavam todas assustadas e Cristina ainda catatônica.

West vai até Cristina e tenta falar com ela. Dessa vez, ela tem uma reação, acaba aceitando a ajuda que ele lhe oferece. West abraça Cristina, oferecendo conforto. Todo o clima é muito estranho e logo que percebe a confusão instalada na cabeça das meninas, Drake começa a falar.

— Garotas, é o seguinte... viemos buscar vocês e vamos sair daqui agora. Não precisam temer nada, pois os cretinos que tiveram a infeliz ideia de sequestrar vocês já foram neutralizados, ok? Então, caso não lembrem, eu sou o Drake e o bigodudo aqui ao lado é o West. A senhora Summers e você, Leontine vão com ele, e as duas senhoritas vêm comigo... isso, podem vir, isso... certo, agora me escutem, fiquem cada uma de um lado meu assim... isso mesmo, podem segurar nos meus ombros e na minha jaqueta, mas deixem meus braços livres ok? Só por segurança... vamos lá. Ah, e evitem olhar para o local.

Foi a mesma coisa que falar "olhem para tudo a sua volta" é claro. Apesar de seguirem cada uma de um lado dele, elas desviavam o olhar para ver o que estava acontecendo. E as conclusões que chegaram foi que, sim, estavam em um tipo de deposito grande, sim, ainda era Manhattan, e sim, foi uma péssima ideia olhar ao redor e ver aquele monte de homens (que na verdade elas tinham certeza que já eram cadáveres a essa altura) caídos ao chão ensanguentados. Logo elas quase enfiaram suas caras nos sovacos de Drake, a fim de evitar a cena. Em longos minutos (para elas), chegaram a um carro preto de vidros fumê e entraram nele. Durante o caminho, Drake tentou ser o mais simpático possível, dizendo coisas agradáveis, que nada tinham a ver com a situação. Infelizmente, apesar das boas intenções, ele teve pouco êxito: elas ainda estavam muito assustadas e confusas. Em poucos segundos, instalou-se um silêncio pleno no carro. Rebecca mantinha a cabeça baixa, e o olhar inquieto; uma intensa conversa consigo mesma. Enquanto Claudia olhava pela janela, encostada no banco, dessa vez, tentando afastar qualquer pensamento, apenas aproveitando aquele momento de calmaria.

Já passava de meio dia e por isso não reconheceu de imediato o caminho que faziam, mas em certa altura ela teve uma certeza; estavam sendo levadas para a Buff Road no Palisades.

Lá estavam elas, de volta ao lugar onde essa loucura toda, supostamente, teria se iniciado: a mansão de Seth Cunnings. O carro parou apenas para se identificar, e seguiram pelo caminho que daria na porta principal da mansão. Drake saiu do carro e abriu a porta para elas. Rebecca e Claudia pareciam confusas, então ele se apressou em explicar:

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora