Capítulo 71: O noivado

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Ainda eram por volta de cinco da tarde, mas àquela época anoitecia mais cedo. Este ano ao que tudo indicava o inverno que se aproximava viria com tudo. Cláudia conseguia achar interessante até o outono, mas depois... nem todos os belíssimos sobretudos da mais alta costura do mundo da moda de Nova York conseguiam a fazer amar o frio e a neve. Embora curtisse a decoração natalina que em breve tomaria até os bueiros da cidade.

Olhava para aquela paisagem cinza da janela, ainda com algumas belas folhas amarelas nas árvores quando percebeu uma figura esbelta entrar na portaria do prédio. Apertou "iniciar" da pequena e cúbica máquina de café em cápsula recém lançada com um sorriso por lhe fazer lembrar do garoto propaganda da marca e sua semelhança com Seth.

— Sempre querida não é? – pela porta do escritório ainda improvisado entrou Cyrenna, atraída pelo cheiro do café que Cláudia serviu em uma pequena caneca e a estendeu, enquanto a cumprimentava com um abraço.

Tirou as leves luvas para sentir a temperatura da caneca quente. Cláudia indicou um pequeno sofá e elas se sentaram. Começou então a descrever o evento em detalhes, ressaltando o fato de que além de ver West junto à Dallas e Mr. Blue...

— Quem?

— Arg – Cláudia revira os olhos – sempre esqueço disso! O nome dele é... – estalava os dedos enquanto tentava lembrar –... uma cor...

— White?

Cláudia fez um efusivo gesto apontando pra Cyrenna, indicando que ela acertara. Ela não se surpreendeu, tinha na verdade uma cara de quem achava que fazia todo o sentido do mundo.

— Ele é filho dela.

— Hum... Acho que se eu tivesse visto o sobrenome dela talvez lembrasse do nome desse horroroso. Mas... pensando bem, acho que ninguém que eu conversei mencionou o nome inteiro dela.

Cláudia fez uma careta. Cyrenna riu alto.

— Dallas é o nome de guerra dela, Clau! Você nunca reparou que as putas costumam se dar nomes de cidades ou estados?

Cláudia arregalou os olhos como se desse um estalo na sua cabeça.

— Caramba, é mesmo! Eu nunca tinha me ligado direito nisso... isso é tão EUA, lá na minha terra as primas tem nome normal de gente, só são diferentes dos verdadeiros — mas de repente ela, estranha – mas peraí amiga... aquela festa era cheia de figurões, ela não pode ser chamada só de Dallas e todo mundo achar normal! Eu teria ouvido algo a mais se fosse o caso...

Cyrenna continuou rindo, agora com ironia.

— Sim, pode ser costume entre prostitutas, mas existe quem tenha nomes reais assim, e por isso ela tem um sobrenome em sua "identidade secreta". Ela se chama Dallas West.

Cláudia ficou boquiaberta. Entendendo a confusão, Cyrenna explicou que ela não era parente do amigo Saigan West, mas sim, fora amante dele há muitos anos atrás — eles dizem! — duvidou. A questão do sobrenome sugeria uma ligação obvia com sua origem ou poderia mesmo fazer referência ao amante que nunca foi nada além disso e pai do filho dela.

Mr. Blue é filho do West?!

Sentiu que o queixo daqui a pouco iria chegar no chão. E de repente ajustou a postura e se preocupou. A primeira coisa que veio à sua mente foi "Leontine".

Mas esse parece não ter sido o foco de Cyrenna, pois segundo ela, todos sabem que White é filho de West.

— Só você não sabia!

— Eu nunca fiz questão de saber nada daquela criatura horrenda, aquele homem me dá arrepios, Cy — esquentou-se esfregando os braços.

— Bons instintos os seus, ele não tem boa fama... e pelo o que ando investigando, parece que o lado bastardo da família do West tem alguma relação com pessoas afiliadas à um perigoso inimigo nosso do Clube...

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora