Capítulo 24: Quando Scaffa identifica o inimigo: Isso não ficará barato

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Passou todo o final de semana com Claudia.

Sábado de manhã saíram e foram para o novo apartamento. Rebecca ajudou em alguns ajustes finos e passaram boa parte dos dias fazendo compras de supermercado mesmo, pois Claudia iria se mudar naquela semana.

Teria sido uma ótima distração, se não fossem as mensagens que Scaffa mandou durante aqueles dias. Rebecca tomou cuidado para não deixar que Claudia percebesse que ela estava verificando o celular. Ainda se sentia envergonhada por tudo. No final do domingo, voltou para casa quando soube que os pais já estariam lá.

— Tem certeza Becky? Você pode passar uns dias comigo, se precisar...

— Está tudo bem amiga, com meus pais lá eu estou segura.

No fundo ela duvidava disso. Mas o que adiantaria fugir? Tentou pensar no que a própria Claudia faria nessa situação, então decidiu tentar ficar firme e manter sua rotina.

Foram dias difíceis. Ligou várias vezes. Deixava mensagens.

Ele cobrava explicações, achou um absurdo ela tomar aquela atitude de terminar com ele por telefone. Isso não era algo digno a se fazer, dizia que não era coisa dela, uma mulher íntegra, dizia que estava sendo influenciada. Depois, o tom das mensagens era ameaçador; nenhuma mulher faria isso com ele, ela iria pagar por aquela humilhação. E também havia algumas onde ele se mostrava arrependido; pedia para encontrar com ela, queria se explicar. Ele ainda a amava e queria ser aceito de volta.

Aquilo tudo a deixava muito confusa. Não podia negar que sentia algo por ele, não era só medo pelas atitudes, afinal ele tinha seu lado bom. Como pode um homem que a tratava tão bem, lhe presenteava com delicadezas como flores e joias, levava à lugares românticos, cuidava e se preocupava como nenhum outro fez antes, de forma tão emotiva, ser completamente mau? É claro que diante a negativa dela, ele se transformou e mostrou um lado terrível, mostrou que era capaz de machuca-la. Mas seria mesmo um tapa algo tão grave?

Depois do momento de carência, voltava à realidade. O tapa foi a manifestação física, mas havia várias outras pequenas violações, como as censuras ao que gostava ou fazia ou os olhares ameaçadores quando algo lhe desagradava. Rebecca no fundo sabia que, se ele tinha aquela capacidade de ser tão doce, tinha em mesma medida a capacidade de ser cruel.

Estava pensando em tudo isso naquele exato momento, em que sentada em um dos bancos próximo ao chafariz do pátio externo da Blue Velvet, mexia no novo aparelho celular que havia comprado (na intenção de se livrar do numero antigo e evitar o contato de Scaffa). Era por volta de uma hora da tarde e ela saiu para o almoço um pouco antes somente para buscar o aparelho. Parou para esperar os colegas e configurar o novo telefone a seu gosto, quando ouve alguém se aproximar.

— Boa tarde, Rebecca.

Ao levantar o rosto, ficou branca imediatamente. Scaffa estava ali parado ao lado dela.

O homem abriu um sorriso discreto. Levantou as sobrancelhas, cumprimentando-a timidamente. Quando ele deu um passo se aproximando, a única reação dela foi a de levantar.

— Eu sinto muito que tenhamos chegado a esse ponto... de você sentir que eu não a amo ou quero proteger.

Sua fala tem alguma coisa de arrependimento e constrangimento diante a reação defensiva nítida de Rebecca.

— Eu... nós já conversamos. Eu gostaria que ficássemos assim, por favor.

— Falamos coisas horríveis um para o outro pelo telefone. Isso não é conversa. Não deveríamos ter deixado seguir dessa maneira. Eu realmente gostaria de me sentar contigo com calma, pedir desculpas e conversar de verdade.

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora