Capítulo 8: Seth Cunnings; Coquetel e manhã de domingo.

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Coquetel

Assim que se despediu, seguiu na direção da festa, onde estavam concentradas as pessoas. Mas desviou dos conhecidos. Foi para um canto, a fim de observar e não ser muito observado. Deteve-se um pouco e olhou para onde acabara de encontrar com ela; a viu mexendo no celular e saindo em seguida. Sentiu-se levemente incomodado; fazia alguns anos que não balançava assim ao conhecer uma mulher. Aquela sensação de surpresa quando se depara com alguém desconhecido, que desperta imediatamente seu interesse. Estava rodeado de milhares de afazeres que demandavam atenção e cautela (embora parecesse uma festa, era trabalho), mas no intimo a única coisa da qual ele gostaria de se ocupar era de Claudia; conversar e saber mais sobre ela. E sua mente analisava os pequenos gestos e palavras dela, interpretando seus significados: ele via uma mulher concentrada, e que tinha um espirito amigável, companheiro. Logo após a análise racional, vinham as expectativas. Ele imaginava como ela seria em casa, em seus momentos com as amigas e família, ou como seria em um encontro romântico. Quando se viu pensando nisso já soube que não iria se contentar enquanto não a conhecesse melhor. Especialmente porque ela poderia não ser apenas uma simples contadora e sim uma espiã (e as opções do mandante eram variadas).

Discretamente saiu da varanda e entrou na sala de reuniões, que estava quieta, mas não vazia. Era uma sala espaçosa, com uma decoração de ares europeus. Uma grande mesa de madeira, estilo escrivaninha e no centro da sala, sofás e poltronas de cores escuras que formavam um U. Em uma poltrona estava sentado Drake, com um copo de uísque na mão e uma revista no colo, a qual foleava distraidamente. West estava próximo à janela, olhando para fora.

— Então cavalheiros, quais as novidades? – Seth falou usando um tom levemente cômico ao chama-los assim.

— Onde você estava, rapaz? O homem te esperou quase vinte minutos!

Embora suas palavras fossem de represália, West não tinha um tom de insatisfação, mas sim de curiosidade.

— Estava falando com a senhorita Cazarotto.

Drake que até então estava distraído com a revista, apenas levanta o olhar na direção de Seth, enquanto West faz uma careta de desconfiança, um movimento sincronizado de ambos, devido ao tom no qual Seth usou; Discretamente animado, fingindo despretensão.

— Tsc – West solta uma risada que parece um chiado, um som típico seu e dos nativos de seu estado, e continuou, com aquele ritmo lento na fala – tá de olho na contadora da empresa, Seth?

— De olho, acho que estávamos todos assim que o Jagger apareceu com ela... será que ele tentou pegar ela? – disse Drake, com seu típico ar zombeteiro.

— Jagger? Não creio... ele é um homem muito sério.

— Ora Seth, homens sérios têm pinto também, quer dizer, olha aquela mulher... ao menos uma olhadinha comprida, um flerte, algo assim...

— Ó, eu sempre achei que o Jagger fosse meio maricas... – West se intrometeu.

— Ah é? Ele é tão discreto... – O romani folheou com expressão pensativa.

— Uai, mas o vivente pode ser maricas e discreto, não pode?

— E sério – Seth completou distraidamente a fala de West e todos fizeram uma expressão de concordância, mesmo que a dúvida pairasse no ar.

— Mas isso não interessa, Drake.

— É. Bem, já que você elegeu uma queridinha, então largou mão da Mercedez Medeiros... foi por isso que não veio à reunião com o cubano agora?

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora