Capítulo 34: Um elefante branco no porão

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Acordaram cedo, pois ambos tinham esse hábito, e quando desceram acharam a mesa do café posta, mas ninguém acordado ainda. "vamos pegar o melhor e mais fresco de tudo!" Maguire brincou. Tomaram o café e acabaram voltando para a cama para dormir mais um pouquinho, pois segundo Claudia "acordar cedo no dia de folga é abuso! Eu quero usar essa cama direito e dormir de verdade!"

Depois daquele breve sono, colocaram roupa de banho e foram para a piscina. Ele com uma bermuda grande e uma camisa, e ela com um biquíni que deixou Maguire boquiaberto

— Eu não sei se o biquíni brasileiro ou a brasileira que é diferente do que estou acostumado a ver.

— Ver onde, homem? Se não fossem pelas vitrines de verão, nem uma mulher nova-iorquina iria saber o que é um biquíni!

Riram. Realmente, não era o tipo de vestimenta comum à cidade.

Claudia conseguiu convencer Maguire a ficar sem camisa e até sem a bermuda, mas como ele não podia entrar na água, aproveitaram para pegar uma corzinha naquele belo dia de sol.

***

Enquanto almoçavam na charmosa varanda da pousada, havia um casal próximo com três crianças, um bebezinho de colo e outros dois ainda pequenos, deviam ter entre quatro e cinco anos, no máximo. Brincavam nas cadeiras vazias do local e davam aqueles risinhos finos e gostosos.

Claudia olhava a cena encantada, parecia uma família feliz, conversavam animadamente e as crianças eram bem lindinhas. Não pode deixar de lembrar a fase engraçada e divertida que foi quando seus sobrinhos tinham essa idade. Todos eram tão lindos, e cresceram tão rápido! Naquele momento ela decidiu que assim que voltasse à Nova York iria ligar para toda a família!

Maguire não se deteve muito na visão da família. Não que fosse um cara insensível; eles pareciam adoráveis. Só nunca pensou em crianças como algo próximo de si.

Havia outros dois casais que estavam próximos. Um era de senhores de talvez uns sessenta anos, notoriamente casados. E o outro era um casal na faixa dos quarenta, casados também, dadas as alianças nos dedos e a cara de tédio que tinham. Foi quando percebeu que Claudia olhava para as crianças. Sentiu-se incomodado. Eles nunca conversaram sobre essas coisas. Na verdade, o relacionamento deles estava indo rápido e aconteciam tantas coisas na vida de ambos que mal percebeu o quão rápido já tinha se apegado a ela, mas que ainda desconheciam os planos para o futuro. Não as fantasias e desejos, mas os planos reais, aqueles que estamos fazendo acontecer dia após dia.

De repente percebeu que a presença da família dele no hospital pode ter passado uma mensagem errada à Claudia. Provavelmente isso que a motivou a convidá-lo à ficar alguns dias na casa dela e tudo o mais. Maguire adorava Claudia, sendo sincero, sentia-se apaixonado, mas não estava em posição de assumir um compromisso mais sério, que demandaria uma dedicação diferente, tempo, enfim, uma série de coisas. Ele correria o risco de prejudicar a si e ao relacionamento, assim como fez com Brigid poucos anos antes. Além do que, estava em um momento delicado na carreira, vinte anos de policia é muita coisa, já era hora de se dedicar a entrar de fato no FBI.

Esperou um momento certo onde teriam algum contato visual. Quando isso aconteceu, aproveitou pra comentar, como quem não quer nada:

— Engraçado... as pessoas estão casando cada vez mais cedo hoje em dia. Se soubessem como é realmente... – riu descontraído. Claudia apenas sorriu, percebendo que ele estava ainda no meio do raciocínio. E ele continuou – ...eu não te meteria nessa fria.

— Há há há, casar com você é uma fria? – ela riu, escondendo que no fundo alguma coisa a incomodou.

— Mas é claro! Viu o que aconteceu da ultima vez?

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora