Capítulo 20: Passeio em Soho

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Estavam andando pela Broadway, em meio aos charmosos prédios de estrutura de ferro fundido que davam um ar retrô ao bairro, prontos para sair da famosa avenida e entrar nas ruas estreitas e repletas de charmosas boutiques, tão características de SoHo. Estavam à busca de uma ruazinha especifica onde havia alguns antiquários, mas antes entraram numa elegante loja de móveis da moda. Conversavam sobre onde olhar primeiro, quando Ian solta um breve gritinho entusiasmado.

— Que-riiii-da!

Claudia se vira para trás, buscando a tal "querida" a quem Ian direcionou o cumprimento. Era Cristina Summers, acompanhada de seu irmão, aparentemente constrangido com a afetação do decorador. Logo se juntaram a eles, para se cumprimentar de forma mais adequada, jogando meio dedo de prosa fora, como era da etiqueta fazê-lo.

Em dado momento, Claudia se distraiu com um som que escutava.

Uma voz forte e macia deslizava pelo ar, envolta em um típico quase inaudível chiado de fundo. Era Ella Fitzgerald cantando em um toca discos de vinil. Olhando ao redor, tentava seguir a direção de onde o som se originava.

Seth também tendo sua atenção chamada pela voz da canção.

"I never cared much for moonlit skies, I never wink back at fireflies, but now that stars are in your eyes..."

I'm beggining to see the light... – cantarola para si e toca o braço de Claudia com o cotovelo. Quando ela o olha, indica com a cabeça uma direção. — Lá está...

— Uh, vamos ver – ela arqueou as sobrancelhas, interessada.

Era um antigo aparelho de som, aparentemente dos anos sessenta, mas devia ter algo modificado nele, o som era mesmo muito claro. Ela ficou encantada pela beleza dele também. E claro que a musica ajudava o aparelho a angariar simpatia de quem chegasse perto.

Ficaram ouvindo a canção e Seth logo começou a mexer em uma caixa que estava ao lado da vitrola, cheia de discos antigos. Ian e Cristina estavam mais interessados em um abajur de pedestal que estava ao lado da vitrola, ambos concordavam que não havia como ignorar aquele padrão Tiffany dos anos 20, tão colorido e elegante. Ian chamou a atenção de Claudia para o abajur, que ele já via em um canto especifico da sala. Ela concordou imediatamente, e falou sobre a vitrola.

Nesse momento, Seth se intrometeu, dizendo que pelo preço que estava, era uma ótima peça, semelhante à uma antiga que a família teve quando era criança. Alguns anos antes ele achou a mesma peça, fez algumas modificações e está em pleno funcionamento. Como estava mexendo nos discos, ele levanta um em especifico que faz Claudia dar um breve salto.

— Oh meu deus! Eu amo esse homem! Onde estava?

— Ora, bem aqui... vamos ouvi-lo? Se a vitrola que quer tocar Django com perfeição, eu consideraria um sinal positivo.

Seth olhou para o atendente que os rodeava, indicando que mexeria no aparelho. Diante a aprovação do rapaz, ele trocou, e a voz macia de Ella deu lugar a um ritmo de jazz diferente, com uns dedilhados específicos da música latina, em especial de influencia cigana. Era cadenciado como o jazz dos anos 30 e com aquele som metálico das cordas e dedos rápidos. Era impossível se manter impassível diante o som e logo ou se batia o pé, ou se tinha o quadril e os ombros se mexendo no ritmo da música. Claudia sorria, satisfeita. Seth tinha as mãos no bolso e um olhar perdido, mirando um ponto qualquer. Lado a lado envolvidos pela musica, quando a faixa acabou, riram satisfeitos:

— Ele é incrível, fico extasiada! — disse segurando o braço de Seth – obrigada por achar, eu vou levar!

— Espere, eu vi primeiro...

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora