Capítulo 73 - Haverá sempre um pedaço faltando

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Quando saiu de sua reunião, lá por umas duas da manhã, estranhou a ligação perdida vinda do número de Claudia. Seguida dela, nos mesmos horários havia várias mensagens; Leontine, Jason e até West. As mensagens eram curtas, mas o que ele entendeu delas é que Claudia estava no hospital e ele precisava ir vê-la. Se exasperou de tal forma que não ligou para ninguém e seguiu direto pra lá.

Quando chegou, percebeu ainda uma movimentação maior do que a usual. Repórteres na porta. Seguiu direto para a recepção e perguntou pelo nome dela, assim como algumas outras pessoas que chegavam transtornadas. Antes de ser informado que não poderiam dar informações para quem não fosse parente, escutou West chamar seu nome.

— Onde ela está, o que aconteceu?

West balançou a cabeça pesaroso.

— Foi o garoto... ele foi atingido e ainda tá em cirurgia.

Seth ficou sem entender. Um garoto fez algo com ela e estava em cirurgia? Até que a mente começa a clarear e ele entende que não foi nada com ela, mas não teve chance de se sentir tão aliviado assim, pois entendeu que "o garoto" possivelmente fosse Lucca. Ficou pasmo. Antes de encontrar Claudia ele foi atualizado sobre os acontecimentos.

***

Acordou cedo e estava aproveitando a pequena folga de tempo para comer melhor quando ouviu no rádio a notícia.

Uma boate havia sido alvo de um tiroteio. O atirador era um jovem que se declarava membro de um grupo radical islâmico. O crime foi considerado como crime de ódio direcionado às pessoas LGBT, em como terrorismo. No atentado, 49 pessoas morreram e 53 pessoas seguem internadas em situação grave. O atirador, um rapaz de 30 anos ligado à alguns grupos radicais islâmicos e com histórico de violência utilizou um fuzil de assalto automático de fabricação ainda desconhecida, aparentemente se tratando de um protótipo brasileiro, causando espanto nos investigadores pela dificuldade de se conseguir uma arma desse tipo na região do estado de Nova York.

Ouviu as notícias chocado, não só com a tragédia causada a tantas famílias, mas também pela informação da arma escolhida.

— Não pode ser coincidência...

Os anos de experiência de Maguire lhe alertavam de que não era por acaso que ele havia interceptado informações sobre um pequeno carregamento ilegal de protótipos de fuzis de assalto identificado como MD-97 Mk.II desembarcando na cidade, tão próxima à data desse atentado. E achou conveniente até demais...

***

Era inevitável. Ela precisava ligar para a família para avisar. Sabia que a noticia do atentado a essa hora já teria chegado a todos os lugares do mundo.

Seth estava em silêncio ao seu lado. Ele havia chegado na madrugada enquanto estavam todos lá, aos poucos cada um se retirou para tentar ajudar na situação ao seu modo. Em seu celular ele inteirava a irmã sobre o acontecimento, e sabia que Claudia em breve não poderia mais protelar. Vez ou outra trocavam olhares.

— Se você quiser que eu...

Claudia negou. Com a voz falhada declarou que ela mesma iria ligar.

Seth a encarou por alguns bons minutos, sem saber como reagir. Ele nunca a viu tão mal e sabia que não havia o que pudesse fazer naquele momento. Ficou constrangido por isso. Entendeu que seria melhor se afastar um pouco para dar privacidade a ela, mas não demais a ponto de não estar ao alcance. No fundo ele queria também evitar o que estava por vir: aquele grunhido materno cheio de dor que já lhe era familiar. Infelizmente não estava longe o suficiente para não ouvir o que veio do outro lado do telefone e isso apertou forte o seu coração.

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora