Capítulo 54: Arrumando as peças no tabuleiro

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Não era um homem dado a grandes demonstrações de sentimentos (com exceção talvez de alguns ruins ou explosivos em casos extremos), mas ela impossível manter a perna quieta enquanto sentado no banco do carona do carro de West.

Marcus estava ansioso para encontrar a família.

Estava fora da prisão havia alguns dias e já estava louco para voltar a ativa. A retirada estratégica que o manteve encarcerado foi mais difícil do que imaginava. Mas correu tudo bem naqueles dezesseis meses. Felizmente, seus contatos eram confiáveis e poderosos, e conseguiram reduzir consideravelmente a pena de dez anos. Mas agora ele precisava recuperar tudo, os negócios, as estratégias, o time. Seth o recomendou que ficasse em casa quieto uns dias, pois a mãe e a irmã sentiam muito sua falta, além disso, havia a perda que a família sofrera. Marcus concordou. Mas não significava que não poderia levar um pouquinho de trabalho até a casa, afinal:

— Somos uma grande e completa família! – gritou.

Marcus entrou em casa surpreendendo a todos com sua voz potente.

Sua mãe, ansiosa pelo encontro quase deu um pulo do sofá ao ouvir a voz do filho, indo até ele correndo. Cristina também se emocionou.

West entrava logo atrás de Marcus e cumprimentou os amigos e sócios Silva, Drake e Christus, além do companheiro de time de Marcus, Wyclef.

As mulheres o abraçavam e falavam o quanto sentiram sua falta. Ele retribuía com apertos e beijos. Também dizia sentir falta delas, o que era visivelmente verdade. Sentaram-se juntos no sofá, e a mãe o serviu vários petiscos que já estavam dispostos na mesa de centro, pois todos estavam lá para recebê-lo há horas.

Notoriamente mais próximos, Wyclef e West falavam mais entre os homens, fazendo observações alheias sobre a aparência de Marcus ou eventos engraçados ou curiosos que ele perdeu, ou lugares que pretendem que ele vá. Aos poucos todos o colocavam a par das noticias mais importantes. Quem sumiu, quem apareceu, quem morreu, quem nasceu, quem foi preso, quem casou, como estava a empresa e a partir daí as informações sobre os negócios foram tomando conta.

— Mas você deve estar cansado meu filho! – Anabella dava batidinhas no rosto de seu primogênito – Deve estar ansioso para dormir numa cama de verdade!

— Ora, o que é isso mãe? – fingiu zangar-se – Um homem de verdade dorme até no chão! – deu uma gargalhada.

— Podemos providenciar – retrucou Cristina rindo.

— Pelo amor de Deus, esqueça o que falei! Quero a cama macia mesmo – riu – Olha, isso nem é o pior o ruim é quando tem pulga ou percevejo.

— Ah, Marcus, não fale esse tipo de coisa pra elas – recriminou Christus. O único gentil o suficiente no ambiente para se importar com as delicadezas femininas. O que era natural, sendo um chefe de família.

— Bem pessoal, deu minha hora – West olhava o relógio – preciso encontrar o Seth amanhã de manhã fora.

Silva se manifestou também com intenção de ir embora. Drake aproveitou o ensejo, também tinha algo a fazer logo cedo, que definiu como "precisar guardar uma joia" quando foi perguntado, o que causou um riso discreto entre ele e West. Os outros pareciam querer fazer o mesmo.

— Ah, esperem ai, eu cheguei animado pra colocar os negócios em dia! – reclamou Marcus, com seu jeito enérgico.

— Meu filho, você acabou de chegar, esse deveria ser um momento para a família, não para negócios – sua mãe o chamou atenção em tom baixo.

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora