Capítulo 74: nem branco nem azul: vermelho

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A vigilância foi permitida pelo escritório, o que significava que ele e mais outros dois agentes iriam se alternar naquele pequeno escritório abandonado na periferia. Ali era o lugar ideal para ficar de olho em um pequeno galpão.

Estavam atrás de um traficante de armas da região, coisa rara na cidade, mas alguém deveria ser responsável por conseguir armas ilegais pros marginais de Nova York, não é mesmo? De qualquer forma, pelas investigações o que se supunha é que teria a ver com o tiroteio que havia vitimado o irmão de um ascendente empresário, o tal Cunnings. Até aqui, não tinham conseguido ligação direta com ele, nada além do fato de ter sido uma vítima. Mas aposta era que ele só teria sido atacado por ser uma ameaça para este atual traficante.

Se isso fosse comprovado, Maguire teria provas contra aquele almofadinha, afinal, se o irmão estava envolvido com trafico de armas, e ele tendo uma empresa de segurança e tecnologia bélica, era bem obvia a possível ligação.

Mas até ai, ninguém pode ser preso por coincidências.

Estava atrás de uma lente com um alcance de muitos metros. E naquele pequeno espaço redondo, ele viu claramente quando um sedan estacionou em um local onde era possível ver a placa perfeitamente. Ele clicou, claro. Enquanto os interceptadores se mantinham ainda um tanto escondidos por marquises e outras partes que não lhe possibilitavam visão clara, um homem de terno saiu despreocupadamente do carro e entregou algumas bolsas para os outros. Voltou para o carro, e ainda demorou uns dois segundos para sair de lá.

— É impressão minha ou só faltou esse cara acenar? – falou o colega

— Quando a esmola é demais...

Os dois concordaram. Enquanto Maguire finalizava a sessão fotográfica do dia, o homem consultava em seu computador o número da placa.

Era de um carro da empresa de Seth Cunnings.

Ao contrário do que se esperaria, Maguire não gostou nada de ouvir esse nome.

Dias depois eles teriam feito uma batida e recuperado cinco protótipos de um fuzil automático chamado MD-97 Mk.II de uma empresa brasileira naquele galpão, além de alguns quilos de drogas entre cocaína e heroína.

Isso foi algumas semanas antes do atentado da boate Smiths.

***

Claudia voltava à sua rotina depois do final de ano no Brasil com a família. Ela tinha passado o mês anterior inteiro em função da tragédia do sobrinho. Seth tentou convencê-la a ficar mais tempo afastada, em vão. Ela preferia trabalhar, e ele entendia.

Seth se concentrou em tentar aproximar Anabella de Claudia, pois ele sabia que a reação da mãe ao noivado poderia ser ruim, era super protetora e (ele soube por Cristina que elas havia se desentendido feio tempos atrás) antes deles anunciarem para as pessoas, queria que as duas estivessem em bons termos. Conhece a mãe e sabe que ela não é de fazer escândalo público, mas quer evitar qualquer atrito. Felizmente, ainda um tanto anestesiada pelas perdas na família, Anabella estava mais dócil do que de costume e as aproximações foram pacíficas. Claudia também se esforçou e manteve a doçura que tanto lhe encantava. Ela não era submissa, e é por isso que ele se admirava tanto da sensibilidade que tinha para acolher pessoas e compreender situações delicadas. Ele sabia da capacidade de sua amada de se meter em uma briga, e admirava o quanto ela se dedicava a nunca começar uma.

Naquele final de manhã fria Claudia não trabalhou, ela pegou umas horas a mais de folga e foi visitar o novo apartamento de Leontine, antes de um outro compromisso no Tabuleiro.

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora