Capítulo 57

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" Então quer dizer que você vai se mudar para Seattle" ele disse entre alguns suspiros

"Sim, vou." tentei parecer o mais convicta possível, porém era Harry. Ele estava em carne e osso, em minha frente e eu só queria abraça-lo para dizer como eu senti falta de cada detalhe de sua personalidade. Mas eu não podia fazer isso, não podia.

"Parabéns Anna...fico feliz por você" As lágrimas já escorriam pelo meu rosto de maneira involuntária e agora, pelo rosto dele. Coloquei minhas mãos nos bolsos do meu moletom, e o encarei por um tempo.

Ele estava diferente. Talvez tão exausto quanto eu. Talvez mais exausto que eu.

" Vim aqui pois não poderei vir no seu jantar de despedida. Anna, essa é a nossa despedida. Vamos concluir esse jogo que você quis começar, esse jogo que você quis jogar. É o fim. Espero que esteja feliz com tudo isso, espero mesmo. Quero que encontre alguém que te faça feliz, alguém que te faça sorrir, alguém que atenda as suas expectativas. Não fui bom nesse papel, e sei que poderia ter me esforçado mais, mas saiba que todas as palavras... todos os momentos que passei ao seu lado, foram os melhores da minha vida e saiba que tudo foi real. Que nunca me senti tão verdadeiro com alguém, como me senti com você. " ele levantou calmamente, tirou de seu bolso um papel e me entregou. Eu realmente não seria forte o suficiente para isso, e não conseguia parar de chorar um minuto sequer.

"Harry... eu sinto muito" me esforcei o máximo para que aquelas palavras saíssem de minha boca, mas parecia impossível, eu queria ele ali comigo, eu queria beija-lo, abraça-lo, dizer como o amo e como fui idiota esse tempo todo. Harry olhou o chão, e tocou meu rosto

"Não sei se acredito em você, Anna." Me senti fraca, me senti impotente. Segurei firme seus cachos, puxei-o para perto de mim, certa do que faria. As esmeraldas verdes continuavam captando cada movimento meu, fechei meus olhos e senti seus lábios rasparem nos meus, senti a necessidade que tínhamos daquele beijo.

Era como se fosse nosso primeiro beijo. Conseguia sentir o gosto salgado de nossos sofrimentos e nossas dores misturando-se em um compasso de tempo não cronometrável.Ele segurou forte minha cintura e eu tentava junta-lo mais a mim, mesmo sabendo que estávamos completamente colados. Nossas bocas eram como quebra cabeças, eram como peças loucas para se encaixar.

Ele parou nosso beijo, me olhou nos olhos

"Tchau, Anna. Tenha uma boa vida em Seattle, divirta-se na sua nova jornada." E assim ele saiu pela porta. Ele saiu levando mais que a metade de mim, ele saiu levando tudo o que eu tinha, ele deixou apenas o arrependimento, deixou apenas a saudade dos nossos momentos. E um pedaço de papel molhado em minhas mãos. Abri sentindo minhas pernas fraquejarem e minhas mãos tremerem, de lápis, e com a letra mais inconfundível de todos os tempos, estava escrito


Eu amo você, Sempre amarei você.

H.

Corri para a porta de maneira violenta

"Harry!!!!!!" no fim da rua, vi sua silhueta virar e com alguns metros de distância, senti seu olhar queimar em mim. Corri um pouco para tentar alcança-lo, mas como ele já estava um pouco longe, parei na metade do caminho e se eu não falasse aquilo, sentia como se fosse engasgar, então eu gritei. Gritei bem alto para que todos pudessem ouvir, e para que eu pudesse me libertar.

"EU AMO VOCÊ! EU AMO MUITO VOCÊ, MUITO! ME PERDOA POR TER SIDO IDIOTA E QUERER TEMPO SABENDO QUE EU NUNCA VOU DEIXAR DE TE AMAR, VOLTA PRA CÁ, ME DEIXA TE SENTIR DE NOVO COMO SE FOSSE A PRIMEIRA VEZ."




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