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MARATONA 2/5

Clara 💎

A sensação que eu sentia era da minha boca seca, tão seca que eu mal conseguia engolir a minha própria saliva. Sentia uma dorzinha na barriga, aquela de medo sabe, só sabia chorar e sentir vontade de vomitar dentro daquele carro, eu escutava a conversa de dois homens, totalmente estranhos mas eu não podia ver o rosto, por que o meu tava coberto, e os meus braços amarrados.

Perdi a noção de quanto tempo dirigiram, contei mais o menos uma hora, depois me perdi em tudo, até que pararam. Pelo jeito saíram e bateram a porta, só muito tempo depois me tiraram de qualquer jeito e foram me empurrando, dava pra ouvir barulho de avião, isso ou algo muito parecido.

- Tá entregue a mocinha aí, como que fica a nossa parte? - Um deles falou ainda me segurando pelo braço.- prometeu pra nós mais uma parte, nós merece né senhor, ela aqui intacta ó, sem nenhum arranhão.

Augusto: Muito bem feito, vou pagar vocês por isso, nada mais que obrigação cumprir as minhas ordens.- Meu corpo se arrepiou quando ouvi a voz, minhas pernas fraquejaram e eu nem senti mais nada, tudo ficou preto.

Não tive noção de quando foi, mas me acordaram depois, eu já tava sem o que cobria meu rosto, meus braços desamarrados. Olhei pra cima e novamente senti o que eu tinha sentido antes, só que bem pior, era impossível pra mim acreditar que era ele ali na minha frente. Meu peito apertou, voltei a chorar e soluçar ali no chão, enquanto eles conversam sobre dinheiro e quanto tinha que ser pago, era realmente o que eu deduzi, conhecia bem o lugar, aqui ficava o jatinho particular dele.

- Quer água? - Um outro homem fez a pergunta pra mim, balancei a cabeça e olhei ele pegar dentro do carro, jogou em cima de mim, consegui beber bem pouco, boa parte tinha caído no chão, de tanto que eu tremia.- se o dinheiro não fosse maneiro eu até te levaria junto comigo, vale muito a pena!

Augusto: Tudo bem? Precisar ou quiser alguma coisa você sabe que pode pedir, sem problemas filha.- Dirigiu a palavra a mim pela primeira vez depois de todo esse tempo.

Clara: Você não tem noção do quanto eu te odeio.

Augusto: Isso pra mim não é ruim, ter você comigo que é o meu foco, se me odeia ou deixar de odiar isso é só mais um ponto! Que fique claro que tudo isso aqui é por amor, um dia você vai entender e ainda me agradecer por tudo isso, faz parte de um livramento que eu estou fazendo o favor de te dar.

Clara: Amor? - Sorri em meio às lágrimas.- um que não é mais recíproco, nunca mais vai voltar a ser, agora você se tornou um estranho pra mim, pra me fazer ficar perto é só contra vontade mesmo.

Augusto não me deu mais respostas, mas puxou uma maleta, observei de longe e vi dinheiro, junto uma arma. Ele passou a mão por cima e de uma vez puxou ela, conseguiu atirar somente contra um, o outro que tava perto de mim me puxou e sacou a arma também apontando pra minha cabeça, enquanto isso me puxava pra trás, me usando como escudo.

- Tá maluco coroa? Louco das idéias porra, matou o cara e agora quem morre é a tua filha, não pensa no que faz não desgraçado? - Me colocou mais na frente ainda.- chuta o caralho do dinheiro, anda.

Augusto: Você não vai fazer nada, não passa de um idiota atrás de dinheiro, matei e o próximo é você! Acha mesmo que eu vou deixar provas? Quem iria me garantir o sigilo de vocês sobre o que fizeram? Meu nome não vai sair em jornal nenhum, se a polícia pega basta apenas uma pressão ou acordo pra falarem tudo sobre mim.

- Mexeu com quem tava quieto e vai sair na vantagem? - Destravou a arma.- engano teu, sabe quando tu vai ver ela de novo? Nunca mais.- Riu no final, me mexi gritando e ele apertou mais ainda o braço no meu pescoço, me impedindo de se soltar e dificultando a minha respiração.

Clara: Por favor, não...não por favor, eu juro que esqueço o seu rosto, vai embora, não me mata, não faz isso.

Minhas palavras serviram como um nada, em questão de segundos o cara me jogou dentro do carro, foram disparados dois tiros mas eu não vi quem disparou, eu chorava, gritava, mas nada disso adiantava, minha barriga dóia mais ainda, eu com a mão em cima dela me contorcia, o carro era dirigido em alta velocidade e o homem tentava falar com alguém pelo celular, me xingou e gritou várias vezes que ia me matar ali mesmo, já que meu choro era alto.

Atração PerigosaWhere stories live. Discover now