Atração Perigosa

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Rebeca 🎀

Era tanto medo misturado e fraqueza emocional que eu não consegui dizer nada, mas mesmo assim eu me esforçava pra ajudar o Lobão que tava ferido e sangrava muito, enquanto um dos braços tava apoiado em mim por que mesmo com o outro que tava machucado ele tentava falar com alguém no radinho.

Na metade do caminho ele caiu no chão e eu gritei nervosa pra ele levantar e continuar andando, acompanhei o rastro de sangue no chão e só assim eu percebi que além do ombro ele tava com a perna ferida.

Beca: Por favor não morre não, eu tô falando sério! - Eu segurei no rosto dele ajudando o mesmo a encostar em um canto meio que escondido.

Lobão: Vaso ruim não quebra assim não, é só um na perna e outro no ombro.

Beca: Eu não sou médica mas eu sei que você tá perdendo muito sangue das duas partes e isso é perigoso sim, você jura que não consegue andar? Pra qualquer lugar seguro.

Lobão: Não tem como, Rebeca. Esse foi o único lugar que nós achou e já era, é aqui ou nada, não vou arriscar sair daqui contigo pra morrer os dois juntos, eu também nem vou conseguir com essa perna, tá foda! - Ele fez careta e tentei colocar na minha cabeça que ia dar tudo certo.

Ele voltou a tentar contato com alguém e demorou minutos, eu só sabia me encolher naquele canto e fechar os olhos a todo momento, quando o Lobão conseguiu falar com um vapor o menino só disse que tava encurralado e que não tinha mais jeito, depois acabou a comunicação dando a entender que tinham matado.

Beca: Eu vou fazer o que eu vi em um filme, não abre o bico por que se você me deixar mais nervosa do que eu já estou, eu te largo aqui e saio correndo.

Lobão: Não vai terminar de me matar com essas doidera aí não, fica assistindo as porra e acha que vida real é a mesma coisa.

Ignorei ele pra não desfocar do que eu tava lembrando e pedi permissão pra tirar a camisa, ele só concordou e eu comecei a rasgar lembrando que eu tinha que dar um jeito de fazer o sangue parar de sair em tanta quantidade.

Primeiro eu enrolei na perna e amarrei com força ouvindo ele grunir de dor, e depois passei pro ombro fazendo a mesma coisa. Eu não sabia se na real ia adiantar muita coisa, mas pelo menos nesse momento não saía tanto sangue assim, ele virou o rosto pro lado ficando quieto e eu pensei no melhor jeito de deixar ele numa posição favorável que foi com a cabeça no meu colo.

Ficamos por minutos ali, na minha mente foram mais de trinta minutos de completo desespero pelo menos pra mim, mas eu tentava não transparecer isso pra ele por isso achei melhor me manter caladinha. Até que o Lobão deu a louca e começou a querer levantar, pedi pra ele entender que não tava em um bom estado mas não adiantou nada, ele levantou mancando e apoiou os uma das mãos na parede levando a outra pra perto da minha, me ajudando a levantar.

Beca: Para com isso, você sabe que não vai dar nada certo.

Lobão: O que não pode é nós ficar aqui parado, eu não posso entendeu? Eu vou lutar ainda e muito, nem que essa seja a minha última guerra, mas eu não vou deixar essa porra continuar e ficar aqui sem fazer nada! Só fica quieta pra não me atrapalhar que eu vou tentar te tirar da linha de tiro, um local seguro.

Beca: E se der tudo errado? Tem possibilidades da gente nunca conseguir achar esse local seguro.- Falei observando ele andar com dificuldade e falar no radinho "tô vivo caraí, ninguém vai recuar nessa porra".

Lobão: Ai nós desce pro inferno juntinho, olha que romântico! - Eu revirei os olhos com raiva.

Abri a boca franzindo a testa quando vi um corpo sem vida na minha frente e virei o rosto passando perto, enquanto o outro passava por cima entre os espaços que dava. Eu percebi que do início até agora os tiros não cessaram em nenhum momento o que indicava que ia demorar muito pra acabar, fechei os olhos quando ele derrubou um e por um segundo passei a achar que a gente ia sair vivo dessa, mas umas vozes foram se aproximando de onde a gente tava e eu assustei quando o Lobão me puxou e dois homens apareceram na nossa frente, ambos sorrindo e comemorando, mandando a gente ajoelhar e não tentar fazer nada.