85

102 9 42
                                    

Chegando em casa, encontrei a porta aberta e tudo muito silencioso.

Senti um calafrio.

Fechei a porta e caminhei com passos lentos e o coração acelerado pela casa.

—– Amor?

Chamei, mas minha voz foi rebatida pelo silêncio.

Continuei andando até que me deparei com Diego sentado no sofá com o celular na mão.

Ele estava de costas pra mim e totalmente imóvel.

Respirei fundo e me aproximei.

—– Onde você estava? Por que não atendeu minhas ligações? —  Ele perguntou sem olhar pra mim,  e com um tom sério que por um instante fez eu me lembrar de Caleb.

—– Na...c-casa da Joy, eu deixei o celular no silencioso pra gente poder conversar melhor e acabei esquecendo.

—– Eu liguei pra ela, e ela disse que você tinha saído de lá.

—– Fui no Maycon, ele saiu daqui às pressas, então resolvi passar lá pra gente resolver as coisas — Atropelei as palavras.

—– Por que não avisou? — Ele olhou pra mim e os seus azuis estavam sombrios.

—– Porque só ia levar alguns minutos.

—– Mas levou horas — Alterou o tom de voz, me assustando — Horas que passei te ligando, e você não me atendeu.

Ele se levantou e veio até mim. Dei dois passos pra trás, apavorada.

Por um momento, eu pensei que ele fosse me bater, e na minha cabeça veio um terrível flashback de quando Caleb me bateu e eu perdi o bebê.

Arregalei os olhos e as lágrimas vieram com força.

Mas ele apenas parou na minha frente,  e me encarou com um misto de raiva e dor.

Levantei os olhos e o fitei.

—– Me desculpe, eu deveria ter avisado.

Uma lágrima escorreu dos seus olhos.

—– Amor, eu sinto muito, não queria te deixar preocupado — Abracei ele, mas as suas mãos não corresponderam.

Ele se desvencilhou de mim e me encarou decepcionado.

—– Liguei várias vezes

—– Eu sei — Agarrei seu rosto e depositei vários beijinhos em sua face —  Você comeu alguma coisa?

—– Não,  estou sem fome

—–  Já eu, estou morrendo de fome, na casa do Maycon só tinha cerveja... —  Falei seguindo em direção a cozinha —  Vou fazer alguma coisa pra gente, vem.

Diego se sentou no sofá e me acompanhou com olhos enquanto eu ia até a geladeira.

—– Vou fazer um strogonoff, você gosta? —  Falei levando o peito de frango pra pia.

O silêncio foi rompido por um choro profundo, atrás de mim.

Parei o que eu estava fazendo e apoiei as mãos na pia.

Senti as lágrimas vindo, mas decidi engolir o choro e me manter firme, e fiz isso pelo Diego.

Tem dias que ele não está bem, apesar de estar sempre com sorriso no rosto e brincando com todo mundo.

Ele usa o humor pra disfarçar a terrível angústia que sente por dentro.

Mas pra mim, ele não precisa fingir.

O vizinho Where stories live. Discover now