Chegando em casa, encontrei a porta aberta e tudo muito silencioso.
Senti um calafrio.
Fechei a porta e caminhei com passos lentos e o coração acelerado pela casa.
—– Amor?
Chamei, mas minha voz foi rebatida pelo silêncio.
Continuei andando até que me deparei com Diego sentado no sofá com o celular na mão.
Ele estava de costas pra mim e totalmente imóvel.
Respirei fundo e me aproximei.
—– Onde você estava? Por que não atendeu minhas ligações? — Ele perguntou sem olhar pra mim, e com um tom sério que por um instante fez eu me lembrar de Caleb.
—– Na...c-casa da Joy, eu deixei o celular no silencioso pra gente poder conversar melhor e acabei esquecendo.
—– Eu liguei pra ela, e ela disse que você tinha saído de lá.
—– Fui no Maycon, ele saiu daqui às pressas, então resolvi passar lá pra gente resolver as coisas — Atropelei as palavras.
—– Por que não avisou? — Ele olhou pra mim e os seus azuis estavam sombrios.
—– Porque só ia levar alguns minutos.
—– Mas levou horas — Alterou o tom de voz, me assustando — Horas que passei te ligando, e você não me atendeu.
Ele se levantou e veio até mim. Dei dois passos pra trás, apavorada.
Por um momento, eu pensei que ele fosse me bater, e na minha cabeça veio um terrível flashback de quando Caleb me bateu e eu perdi o bebê.
Arregalei os olhos e as lágrimas vieram com força.
Mas ele apenas parou na minha frente, e me encarou com um misto de raiva e dor.
Levantei os olhos e o fitei.
—– Me desculpe, eu deveria ter avisado.
Uma lágrima escorreu dos seus olhos.
—– Amor, eu sinto muito, não queria te deixar preocupado — Abracei ele, mas as suas mãos não corresponderam.
Ele se desvencilhou de mim e me encarou decepcionado.
—– Liguei várias vezes
—– Eu sei — Agarrei seu rosto e depositei vários beijinhos em sua face — Você comeu alguma coisa?
—– Não, estou sem fome
—– Já eu, estou morrendo de fome, na casa do Maycon só tinha cerveja... — Falei seguindo em direção a cozinha — Vou fazer alguma coisa pra gente, vem.
Diego se sentou no sofá e me acompanhou com olhos enquanto eu ia até a geladeira.
—– Vou fazer um strogonoff, você gosta? — Falei levando o peito de frango pra pia.
O silêncio foi rompido por um choro profundo, atrás de mim.
Parei o que eu estava fazendo e apoiei as mãos na pia.
Senti as lágrimas vindo, mas decidi engolir o choro e me manter firme, e fiz isso pelo Diego.
Tem dias que ele não está bem, apesar de estar sempre com sorriso no rosto e brincando com todo mundo.
Ele usa o humor pra disfarçar a terrível angústia que sente por dentro.
Mas pra mim, ele não precisa fingir.
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O vizinho
RomanceElla Watson vive uma vida triste e monótona ao lado do marido abusivo que parece querer fazer da sua vida um inferno.Mas quando um homem misterioso passa a morar ao lado da sua casa, ela fica tentada a observa-lo, tornando isso uma distração, o que...