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Quando despertei de manhã, reparei que Caleb estava em pé, fitando a janela.

Parecia pensativo, com os olhos fixos no vidro e as mãos enfiadas no bolso da sua calça pijama.

Aproveitei para apreciar seus outros detalhes.

Cabelo bagunçado, barba por fazer, pés grandes e descalços. Olhos que mudam de cor a todo instante.

Enfim, ele é perfeito.

Levantei devagar e me aproximei dele com passos lentos.

Parei do seu lado, e encarei seu belo rosto.

—– Parece que a nossa viagem já era — Ele disse com um olhar perdido.

Segui o seu olhar para o vidro da janela e notei que o céu estava nublado, anunciando a tempestade que estava por vir.

—– Tudo bem, amor, a gente marca para outro dia. Eu vou tomar um banho, quer vir junto?

Segui para o banheiro, mas ao invés de vir comigo, ele continuou lá, inerte.

—– Caleb? — Chamei, mas ele sequer se mexeu — Foda- se  — Suspirei impaciente, dando de ombros.

Temos todo tempo do mundo pra fazer viagens. O senhor todo poderoso está frustrado porque simplesmente não pode controlar as forças da natureza.

Me poupe.

Entrei no chuveiro e soltei um suspiro ao sentir a água morna derramar sobre o meu rosto.

Minutos depois, senti as suas mãos deslizando pelo meu corpo, me fazendo morder os lábios.

Só a sensação do seu corpo nu, encostando no meu, me faz esquecer o meu próprio nome.

Arfei de desejo, ao sentir suas mãos apertarem os meus seios.

Me virei e encarei seus lábios com ternura.

Ele abriu um sorriso doce, mas parou de sorrir de repente, e me pressionou com força na parede, me fazendo bater a cabeça.

Delicado como sempre.

E antes que eu pudesse questionar sua atitude grosseira, ele mordeu os meus lábios e no mesmo instante virou o meu corpo pra si e pesou sua mão sobre ele, de uma forma que minha bunda ficasse toda voltada pra ele.

Eu não fazia ideia do que iria fazer, mas eu estava ansiosa pra descobrir.

Ele enrolou as suas mãos firmes em meus cabelos e puxou pra trás, isso poderia ser prazeroso, mas doeu tanto que os meus olhos lacrimejaram.

Demorou um pouco até eu perceber que ele está sendo indelicado demais.

Ele estava me machucando.

Meu rosto batia contra o vidro do boxer assim como as minhas mãos à procura de algo para agarrar.

Minha respiração acelerada soprava contra o vidro e o embasava.

Eu estava em uma posição bastante desconfortável.

Ao invés de prazer, eu senti dor, muita dor.

Cada estocada que ele dava, eu fechava os olhos e cerrava os dentes com força, tentando suportar.

Mas minha alma gritava por dentro. Eu entrei em estado de choque.

Não entendia por que ele estava fazendo isso, pra falar a verdade eu nem queria entender.

Eu só queria que parasse de doer.

O vizinho Onde as histórias ganham vida. Descobre agora