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Fiz um esforço absurdo pra me levantar do chão. A dor na minha barriga era tão insuportável que fazia meu corpo se curvar pra frente.

Prendi a respiração algumas vezes e depois soltei com um gemido de agonia.

Eu sinto que tem algo quebrado dentro de mim, além do meu coração.

Olhei para Caleb que assistia todo o meu sofrimento calado, sem esboçar nenhuma ruga de preocupação, ele nem se deu o trabalho de fingir dessa vez.

Passei por ele cabisbaixa, e segui caminhando até a porta com passos relutantes. Eu sabia que ele não iria permitir que eu fugisse, mas eu queria pelo menos andar, eu não queria esperar pela morte ali no chão agonizando.

Eu iria lutar até o meu último suspiro.

Minha cabeça doía muito, e eu sentia algo como pedrinhas esfareladas dentro da minha boca, que acredito serem pedaços de um dente que quebrou quando ele chutou o meu rosto.

As lágrimas fugiam dos meus olhos a todo instante, e os gemidos escapavam dos meus lábios trêmulos. Eu estava chegando perto da porta e me sentia aliviada por não senti-lo atrás de mim.

Estendi o braço, tremendo, para alcançar a maçaneta, mas notei que ela ficou distante de repente, mesmo assim tentei alcança-la a todo custo, sem me importar com a dor que queimava dentro de mim, enquanto uma força violenta arrastava o meu corpo pra trás. Tentei gritar, mas a minha boca foi coberta.

Essas mesmas mãos firmes que me agarravam, também me deixaram cair no chão e logo em seguida voltou a me  arrastar, dessa vez pelos cabelos.

Comecei a espernear sem parar e  gritar até a minha voz ficar rouca.

Eu preciso sair daqui, nem que seja em cima de uma maca a caminho do hospital.

Mas parei de gritar assim que Caleb parou. Só assim fui perceber quanto o meu coração estava acelerado.

As batidas eram frenéticas, e eu nem sequer podia fechar a boca, pois a sensação era que eu estava sufocando.

Na minha cabeça perturbada, ele havia desistido, e só estava brincando comigo como das inúmeras vezes que ele fazia.

Ele me batia, depois me dava um tempo para que eu pudesse me recuperar, foi sempre assim, vai ser assim agora.

Sorri eufórica.

Mas ele só parou para segundos depois arremessar meu corpo pra longe, como se eu fosse uma boneca de pano,  me jogando contra uma mesa de vidro que havia na sala.

E o impacto do meu corpo sobre ela, fez a mesma se converter em cacos.

Suspirei sem ar.

Depois disso, tudo parou e recomeçou em câmera lenta, eu não ouvia nada além dos passos de Caleb se aproximando de mim lentamente.

Meu peito subia e descia de uma maneira frenética, o meu corpo foi dominado por uma sensação de medo terrível.

—– Eu sempre soube que era você — Falei entre as lágrimas de desespero — Eu só não queria acreditar, todo mundo me alertou, e eu fingi não dar ouvidos...e o motivo eu nem sei por quê. Você manipulou tudo, me fez  acreditar que tinha outra pessoa, quando na verdade era você o tempo todo...você se passou pelo marido gentil, porque sabia que esse sempre foi o meu ponto fraco, mas a verdade é que você sempre foi uma pessoa má e cruel, que nunca vai mudar...pode fazer anos de terapia que vai continuar sendo esse demônio no corpo de um anjo.

Minha voz saiu quase como um sussurro.

Caleb abriu um sorriso assustador e permaneceu em silêncio, enquanto me observava.

O vizinho Where stories live. Discover now