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A mansão parecia ainda maior a luz do dia e quando estava vazia. Além de ser  impecavelmente preservada. Me lembro de uma vez ter ouvido Caleb mencionar que essa casa antes pertencia aos seus bisavós, e que foi passada de geração para geração até chegar em seus pais, no caso a sua mãe, que é a principal herdeira.

Ela era gigantesca, cercada por lindas flores e arbustos verdes, artisticamente cortados. Dando uma beleza divina  para o lugar.

—– Enfim, chegamos — Mateo disse após um breve suspiro. Mas antes mesmo de eu pensar em abrir a porta do carro. Ele interviu, dando meia volta e abrindo- a pra mim.

—– Que cavalheiro —Debochei

Ele sorriu abertamente e em seguida me conduziu até a entrada da casa.

Eu estava encantada. No dia da festa não tive a oportunidade de conhecê-la tão bem. Você se sente até tonta com tamanha imensidão.

—– Mamãe, olha só quem veio nos visitar — Ele gritou animado e sua voz  ecoou por toda a sala.

—– Ella, que prazer revê-la por aqui.

Fiquei até constrangida de responder a sua mãe, pois não conseguia localizá-la em lugar algum.

Eu estava perdida em meio a toda aquela mobília luxuosa e entre outros detalhes chamativos. Por fim, ela apareceu exibindo todo seu charme e elegância.

Era uma linda mulher, com poucas rugas aparentes , um corpo curvilíneo e cabelos loiros e longos, além dos lindos olhos azuis como os de Caleb.

E uma grande semelhança com a sua filha Mia, ambas eram muito parecidas.

—– Sra Miller — Cumprimentei assim que a vi.

—– Sem formalidades, pode me chamar de Aurora — Ela piscou pra mim.

—– Está bem, Aurora — Sorri timidamente.

—– Mas venha, sente-se — Convidou, gentilmente — Vou pedir a Diana para que te sirva um café.

—– Não precisa, Aurora — Recusei. Eu não vou tomar muito do seu tempo, eu nem deveria voltar nessa casa depois da confusão que eu armei, mas a senhora foi tão gentil comigo, que seria injusto eu não vir me desculpar, até mesmo por Caleb, ele perdeu totalmente o controle, e espero de coração que aquele rapaz esteja bem.

—– Que isso, querida, até parece que você fez algo de errado —  Ela abraçou os meus ombros e me conduziu pela sala — Aquele rapaz que foi muito abusado, tentando te agarrar daquele jeito, quem ele pensa que é.

Fiquei surpresa em ver que a mãe de Caleb interpretou de outra maneira aquele situação. Era evidente que eu queria está com aquele cara, tanto quanto ele queria está comigo. Não  apenas para provocar Caleb, mas porque quando eu bebo, parece que assumo outra personalidade e já não me responsabilizo pelos meus atos.

—– E meu filho apenas teve um ataque de ciúmes como qualquer outro homem que ama a sua mulher, teria, você é linda, ele deve ser louco por você —  Ela acariciou o meu rosto.

Ele pode ser louco, mas não por mim.

—– Mesmo assim eu peço desculpas pelo constrangimento, era para ser um evento especial e único, e eu estraguei tudo.

—– Relaxa.

Ela deu de ombros e caminhou até a estante onde pegou um porta retrato e em seguida o trouxe até mim.

Era uma foto de Caleb, de quando ele tinha oito anos. Lindo como sempre. O estranho era que todos os retratos ali só mostravam ele a partir dessa idade.

—– Me lembro da primeira vez que fizemos uma festa para ele. Ele destruiu toda a decoração, derrubou o bolo que eu tinha feito com tanto carinho, e saiu correndo, encontrando ele três dias depois. — Ela recordou emotiva alisando o pequeno rosto da foto — Meu filho sempre foi muito temperamental, sensível, mas eu nunca deixei de ama-lo por isso. Ele era lindo, lembro que ele vivia sendo assediado na escola, até pelas professoras.


Virei o rosto para Mateo que pela primeira vez, estava sério, e estava radiante escorado em um pilar com as duas mãos no bolso, prestando atenção na conversa.

A luz do sol, que irradiava pela janela, realçava a cor dos seus olhos e o brilho do seus cabelo castanhos, deixando ele ainda mais bonito.

Sorri brevemente pra ele. Que retribuiu da mesma forma. Mas parecia incomodado com o fato da mãe falar tão bem do seu irmão.

Sua mãe colocou o porta retrato de volta no lugar e aparou uma lágrima no canto de um dos seus olhos.

Neste mesmo instante a porta se abriu e revelou o semblante doce de Mia, que havia acabado de chegar do colégio.

Quem a viu na festa, jamais imaginaria que ela era apenas uma adolescente de quinze anos. Pois ela estava vestida como uma mulher, com um vestido vermelho deslumbrante e seus lindos cabelos compridos e encaracolados soltos pelas costas, que agora estavam presos em um singelo rabo de cavalo.

Assim que ela me viu seu rosto se iluminou, e um sorriso se estendeu por ele.

—– Ella?

Ela largou a mochila, que logo foi recolhida por uma empregada que estava ali por  perto, em seguida ela veio correndo na minha direção e me abraçou.

Como se fosse uma criança que acabou de encontrar alguém especial.

—– Mia, que bom te ver de novo  —  Acariciei o seu belo rosto.

—– Estou  surpresa em te ver por aqui.

—– Filha, por que não vai tomar banho? está todo suada e grudenta — Aurora interrompeu.

Ela fez uma careta pra mãe, em seguida subiu as escadas. Eu fiquei olhando para ela admirada com sua doçura e beleza.

Sua energia era de dar inveja a qualquer um.

—– Venha Ella, vou te mostrar mais fotos — A Sr Miller disse empolgada me puxando pelo braço.

Apesar dela parecer confiante, deixava transparecer em seus olhos uma espécie de solidão.

—– Mamãe, a Ella não veio aqui para ver a sua coleção de fotos patéticas — Mateo interviu enciumado, tirando as mãos do bolso e se aproximando, deixando sua mãe visivelmente magoada.

Repreendi ele com o olhar depois me voltei para a Aurora.

—– Tudo bem, eu não me importo, e gostaria de ver mais fotos se não for  incomodar.

Ela olhou pra mim e  sorriu fraco.

Eu queria fazer muitas perguntas sobre a infância de Caleb, mas queria fazer aquilo de maneira sutil. Então comecei a demonstrar mais interesse pelas coisas que ela falava.

Ela me mostrou várias fotos dele, me contou algumas de suas aventuras enquanto criança, mas nada que justificasse o seu temperamento impulsivo.

Na verdade, Caleb teve uma vida luxuosa em todo os sentidos. Cercado de amor e carinho. Principalmente de sua mãe que era quem mais o admirava. Embora tivesse alguns desentendimentos comuns com o irmão mais novo, creio que isso nunca foi motivo para ele se revoltar.

Mas a sua vida dos dezoito anos pra frente sempre foi mistério até mesmo para a sua família. Depois que terminou a faculdade, ele se mudou para outra cidade, e se tornou com tempo quem ele é hoje. Um grande e renomado empresário.

Então muita coisa longe do controle de sua família pode ter acontecido.

Quem sabe até um relacionamento fracassado.

Porém, eu gostei de conhecê-lo, através dos olhos de sua mãe, apesar de achar um grande exagero da parte dela citar somente as suas qualidades. Mas ela falava tão bem dele, que nem parecia que estava se referindo a mesma pessoa.

E isso por um momento encheu os meus olhos. Porque no fundo eu queria que ele fosse essa pessoa. Não teria dificuldade para ama-lo e compreende-lo.

Sinto que ainda posso salva-lo.

O vizinho Where stories live. Discover now