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Desconectei rapidamente o chip do notebook e coloquei de volta no celular, onde estaria mais seguro.

Eu não entregaria ele de imediato para polícia, seria muito arriscado. Eu estava em um campo minado onde todos os meus passos teriam que ser calculados.

Eu sabia que assim que eu pisasse os pés na delegacia, algo muito ruim poderia me acontecer assim como aconteceu com Vicent.

Eu estava apavorada, e o choro da criança do vídeo não saia da minha cabeça. Era como um grito contido de socorro, e eu tinha que fazer alguma coisa se não fosse por Vicent, seria por elas.

Coloquei o celular na bolsa e voltei pra casa. Mas antes de tocar na maçaneta da porta, notei algo muito estranho, ela estava entreaberta, e eu me lembro muito bem de ter trancado antes de sair.

Gelei completamente.

Empurrei ela devagar, tirei os sapatos, e entrei sorrateiramente, caminhando na ponta dos pés, e assim que eu vi o rastro de sapato no chão, escondi imediatamente a bolsa em um lugar secreto.

Imaginei que poderia ser Caleb, as vezes ele é imprevisível e pode ter voltado mais cedo do trabalho, e como ele tem a chave da porta, já deve ter entrado e indo direto para o banheiro pra tomar um banho.

Mas ele é perfeccionista demais para deixar a porta meio aberta. Muito menos teria sujado a casa.

Ele é cauteloso, sempre tira os sapatos antes.

Continuei caminhando com o pensamento a mil, até que escutei um barulho vindo da cozinha, então rapidamente peguei o taco de beisebol e segui para lá.

Paralisei assim que vi dois homens estranhos, um deles estava fuçando os armários da cozinha. E o outro sentado à mesa, comendo o resto de frango assado que eu havia deixado na geladeira.

Ele levantou os olhos e me encarou friamente, fazendo o meu corpo gelar completamente, em seguida abriu um sorriso assustador com a boca cheia.

—– Boa tarde ou será que é bom dia —  Ele disse, chamando atenção do seu comparsa que estava com a cabeça enfiada no armário procurando alguma coisa.

Ele fechou a porta do armário e me fitou.

—– Quem são vocês? — Segurei firme o taco — O que estão fazendo na minha casa?

—– Olá dona, não queríamos atrapalhar — O homem que estava em pé falou — Mas a senhora deixou a porta aberta.

—– Tá muito bom esse frango a propósito — O outro elogiou

Mas eu sabia que aquilo era mentira, eu nunca deixei a porta aberta, era mais fácil eu esquecer o meu nome. Mas não me atreveria a contraria-lo.

Levantei o taco e segurei firme com as duas mãos, mesmo estando apavorada.

—– É melhor você abaixar isso — O mais alto ordenou apontando um revólver na minha direção.

Ele tinha uma aparência ameaçadora.

Ele era forte, tinha olhos e cabelos negros como a noite. E uma tatuagem de uma serpente no braço esquerdo.

Automaticamente soltei o bastão no chão.

—– Boa garota.

Tentei controlar as minhas pernas que batiam uma na outra de tão trêmulas.

Era a primeira vez que eu via uma arma na vida, e apontada pra mim.

Ele abaixou o revólver e me encarou tentando suavizar as suas feições para parecer mais amigável.

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