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Eu sei que eu tinha prometido para mim mesma que não iria mais espionar ninguém, e que bisbilhotar a vida alheia é errado,e que eu sendo uma mulher casada deveria respeitar o meu marido. Mas eu estava me sentindo entediada demais pra ficar deitada ao lado de Caleb ouvindo os seus roncos e vendo suas mãos longe do meu corpo.

Então eu empurrei o cobertor com os pés e me arrastei sorrateiramente pra fora da cama, depois fui caminhando na ponta dos pés até a janela e me escondi atrás das cortinas com medo de ser notada mesmo na escuridão, tanto por Caleb como pelo vizinho pervertido.

Afastei um pouco a cortina com as mãos e colei os meus os olhos curiosos na janela. Eu estava ofegante com a adrenalina do perigo.

Percebi que o vizinho estava simplesmente parado na janela, voltado para minha direção como se eu fosse o objeto de desejo dessa vez.

Rapidamente virei para o lado e segurei o meu coração acelerado no peito com medo de que ele tivesse me visto mesmo ali escondida, e depois de disfarçar por alguns segundos voltei a olhar.

Vi que ele ainda estava no mesmo lugar, então eu apurei melhor a visão e percebi que ele não estava me olhando diretamente e sim revirando os olhos, fazendo caras e bocas.

Estranhei o seu comportamento e pensei até que estivesse convulsionando pela forma como o seu corpo se contorcia, mas reparei algo se movendo abaixo do seu quadril.

E me surpreendi ao perceber que era uma mulher e ela estava fazendo mesmo o que eu estava pensando.

Fiquei boquiaberta com a descoberta, sentindo um misto de excitação e medo.

Eu não deveria estar olhando, mas nem por um segundo eu consegui desgrudar os olhos.

Fiquei perplexa, e afastei dois passos para trás me sentindo uma pervertida por esta de um certo modo, participando daquilo.

Mas mesmo assim eu não parava de olhar, ele abria a boca ofegante e agarrava a cabeça da mulher, forçando a pra frente enquanto jogava a sua cabeça pra trás indo a loucura.

Esfreguei os olhos para me certificar de que aquilo não era um sonho.

Sem perceber, fui para o meio da janela e fiquei ali paralisada, quando de repente os seus olhos notaram minha camisola branca na escuridão.

Ele puxou a mulher pra cima, agarrou os seus cabelos e a beijou ferozmente, enquanto ainda me fitava como se estivesse de alguma forma, me provocando.

Me senti encurralada pelo seu olhar, e ao mesmo tempo senti uma estranha vontade de estar ali no lugar daquela mulher, implorando para ter ele dentro de mim. Mas me contive fechando a janela e voltando para a minha cama fria, onde aquele tipo de prazer não era tão frequente.

—– Ella — Senti uma voz deliciosa soprar  em meu ouvido, me amolecendo — Acha que pode me deixar com tesão e depois fugir — Gemeu correndo as mãos pelo meu corpo que estremecia de prazer — Você é minha.

Os seus lábios grudaram no meu rosto em um beijo caloroso, enquanto ele abria espaço entre as minhas pernas para encaixar seu quadril.

—– Sim, sou sua — Assumi  abrindo mais as pernas sem nenhuma vergonha, pronta para receber seu membro grande e grosso. Ouvi sua risada me deixando ainda mais excitada, e quando abri os olhos, fui impactada pelo seu olhar  verde e intenso, cheio de desejo. Era ele, mas quando ele me penetrou tudo o que senti foi uma dor agonizante me invadir. Comecei a me debater, tentando fugir daquela sensação apavorante, enquanto ele se movia violentamente sobre mim.

—– O que houve não está gostando? — Ele falou enquanto eu o batia violentamente afim de fazê-lo parar, mas ele metia cada vez mais forte.

Por fim consegui empurrar o corpo dele pra longe do meu, percebendo que ele não era bem quem eu esperava e sim Caleb delirando com os olhos fechados, tendo mais um dos seus terríveis pesadelos.

Sai da cama desesperada, sentindo meu coração bater descontrolado. Os meus olhos estavam arregalados e a minha respiração tensa.

Corri para o banheiro, agarrei o vaso e vomitei, depois me sentei ao lado dele e agarrei os joelhos aterrorizada.

Enquanto observava um monstro vagando pela escuridão, a minha procura.

...

De manhã eu acordei no sofá. Eu não me lembro muito bem de como fui parar ali, eu estava dolorida e morrendo de sono, caminhei desorientada até o banheiro, joguei uma água no rosto e escovei os dentes.

Em seguida fui para a cozinha e preparei o café de Caleb normalmente. Depois que terminei, o coloquei sobre a mesa. Eu nem me importei com a sua demora pra se levantar da cama. Isso sempre ocorre quando ele tem esses pesadelos durante a noite, como se ele se sentisse culpado de alguma forma, mas duvido que ele sinta culpa. Nunca o vi se desculpar por nada que já fez comigo. De todas as vezes que me bateu, me deixou chorando a noite inteira e não me ofereceu sequer o braço pra me consolar.

E eu o odeio por isso.

Quando eu estava passando a sua camisa, ouvi o som da porta batendo, e ao voltar para a cozinha notei que o café estava intacto sobre a mesa do jeito que eu havia colocado.

E eu não deveria ficar preocupada quanto a isso, mas não podia evitar sentir pena dele, e como as minhas emoções estavam fragilizadas ao me lembrar dele avançando sobre o meu corpo, acabei por passar o dia inteiro chorando.

Tá acontecendo tudo de novo.

E pra piorar as imagens do vizinho não saiam da minha cabeça. Tudo era uma grande confusão na minha mente. Eu não conseguia me concentrar, muito menos  respirar.

Mais tarde eu enchi um copo com água, e peguei uma aspirina, em seguida subi relutante até o quarto.

Eu queria ignorá-lo, fingir que não me importava com o fato dele não ter almoçado, mas eu era um ser humano e ao contrário dele eu tinha empatia com o próximo, e eu não iria conseguir ficar parada vendo ele sofrer. Ou pelo menos é o que eu acho.

Não tenho sangue frio pra isso.

Bati na porta, mas como não obtive respostas, então eu entrei.

Ele estava deitado com um olhar perdido.

Caminhei com passos lentos, e me aproximei, cabisbaixa da cama, coloquei a bandeja de lado e estiquei a mão em sua direção, mas ele a agarrou antes mesmo que chegasse até o seu belo rosto.

Ele virou o rosto e me encarou seriamente.

—– Só queria ver se não está com febre — Sussurrei.

Olhei brevemente para o seu rosto e vi que estava exausto, era como se tivesse acabado de lutar em um ringue.

Ele soltou a minha mão, me fazendo desistir de tocar nele.

—– Bom se precisar de algo... é só me chamar.

Eu pensei até em rejeitar o seu chamado, mas eu sei que se ele me chamasse, eu iria correndo.

Não sei dizer se isso é amor.

Tá mais para uma síndrome de estocolmo.

O vizinho Where stories live. Discover now