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—– Como vai Ella? Espero não estar atrapalhando —  Ela desviou o olhar para as malas feitas no pé da escada.

Segui os seus olhos, e depois me voltei para ela novamente.

—– Não está não, vamos viajar amanhã de manhã, eu só arrumei as malas hoje..porque eu estou um pouco ansiosa

—– Sério, e pra onde vão? —  Ela arqueou a sombrancelha demonstrando interesse.

—– Eu ainda não sei, Caleb está querendo fazer uma surpresa, mas eu só sei que vai ser em alguma praia, ouvi dizer que tem tartarugas  — Falei sem tirar o sorriso do rosto.

Eu claramente estava muito empolgada pra viajar.

—– Ah, isso é muito bom — Ela deu um sorriso simples.

Convidei ela pra entrar, e depois de certificar de que não tinha ninguém nos observando, eu fechei a porta.

—– Quer alguma coisa pra beber, uma água talvez ? — Perguntei indo até a cozinha.

—– Não, obrigada.

Mas eu sim precisava de uma água, porque imagino que se a detetive se sujeitou a vir à minha casa pessoalmente, significa que a notícia não é muito boa.

Preciso pelo menos estar hidratada.

—– Sua casa é muito bonita — Ela elogiou correndo os olhos em volta.

Como ela é uma profissional, deve ter visto muito mais coisas do que eu ali.  Eu admiro esse tipo de habilidade.

Ela tem uma visão especial, ao contrário de mim que passei todo esse tempo enxergando beleza onde não tinha.

—– Sente -se - Apontei para o sofá.

—– Obrigada — Ela sentou e olhou pra mim — E seu marido?

—– Está trabalhando, ele volta no final da tarde  — Me acomodei no outro sofá de frente pra ela.

—– Ah sim, sempre fica sozinha aqui?

Eu estava começando a estranhar as suas perguntas, até porque ela estava inspecionando a minha casa desde que chegou.

Que diabos ela está procurando?

—– Sim, eu... já me acostumei.

—– Acredito, somos criaturas adaptáveis, o ruim é quando nos acomodamos com o ambiente hostil...

Eu sei o que ela quis dizer, mas eu não estava pronta pra ter essa conversa, então simplesmente ignorei.

—– Desculpe, detetive Morgan.

—– Me chame de Clarice

—– Clarice —  Corrigi, e ela sorriu fraco.

Ela nunca sorri inteiramente.

—– O que veio fazer aqui? Aconteceu alguma coisa? Encontraram a pessoa que espancou Vicent?

Ela suspirou profundamente antes de continuar.

—– Infelizmente não — Ela lamentou — Mas aconteceu uma coisa muito ruim, e eu pensei em vir até aqui te dar essa notícia pessoalmente.

Meu corpo gelou antes mesmo dela terminar de falar.

—– É o Thomas? Ele está bem?

Ela nem precisou dizer nada, o seu silêncio já disse tudo.

O vizinho Onde as histórias ganham vida. Descobre agora