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–— Você está bem? —  Perguntou com uma voz calma, olhando diretamente nos meus olhos enquanto eu fazia um esforço absurdo pra não chorar — Eu ouvi um barulho e...

—– Não aconteceu nada, eu estou bem — Interrompi com a respiração acelerada — Agora se me der licença —Fiz um movimento para fechar a porta, mas ele interviu entrando sem hesitar na minha casa.

—– Eu não estou ficando louco, eu sei o que ouvi — Resmungou ao passar por mim.

Revirei os olhos, em seguida fechei a porta.

–— Sabe que isso é invasão de privacidade, não sabe? — Cruzei os braços.

—– Você  também invadiu a minha casa,então estamos kits –– Ele disse despreocupado enquanto procurava por alguma coisa suspeita — Seus olhos direcionaram para a vassoura escorada em um canto e depois para a pá que ainda estava no chão, depois juntou os fatos.

Em seguida ele se virou pra mim com olhar de quem já sabia, e se aproximou com passos lentos, mas eu me afastei pra trás lembrando da louca experiência que tivemos quando eu estive em sua casa.

—– Calma Ella, eu não vou te morder, ao menos que você queira —  Disse me lançando um olhar malicioso.

Fiquei calada por um segundo, analisando o contorno perfeito do seu rosto.

— Odeio quando ele faz isso com você — Soltou alisando delicadamente o meu rosto.

Abaixei a cabeça sentindo uma angústia beirar meu peito seguida por uma sensação de desamparo.

—– Ele não fez nada, fui eu quem derrubei o prato no chão — Murmurei

—– Eu ouvi a voz dele, Ella, parecia bem irritado —  Disse indignado.

—– Ele se irritou, porque eu o assustei com o barulho — Encolhi os ombros.

—– Por que está defendendo ele? —Soltou incrédulo.

—– Não estou — Passei por ele e peguei a pá com os cacos misturados ao resto de comida e joguei dentro da lixeira, depois me direcionei para a pia.

Senti seus passos se aproximando enquanto eu amarrava o avental na cintura pra começar a lavar a louça.

Eu estava nervosa demais pra ficar parada.

—– E ainda por cima, ele te obriga a  trabalhar.

–— Ele não me obriga a trabalhar, faço isso porque gosto, porque às vezes é tedioso ficar aqui sem fazer nada, então...

Vicent sorriu sarcástico e me incomodou um pouco.

—– Olha só, se você não percebeu, eu  tenho mais o que fazer.

—– Ella, o que aconteceu aqui? — Ele perguntou insistente atrás de mim.

–— Eu já te disse — Respondi ensaboando rapidamente os pratos.

Meu coração estava acelerado e minha respiração tensa. Eu não gosto de mentir, mas também não quero expôr o meu marido dessa maneira. Nem  conheço esse cara direito, e não sei como ele poderá interpretar isso.

—– Ah sim, você disse que ele se irritou porque você quebrou o prato? — Ele disse não convencido.

—– Exatamente.

—– E esse ferimento no seu rosto, foi porque ele se irritou também?

Fechei os olhos sentindo uma pontada no peito, e a raiva logo me consumiu por inteiro, fazendo eu apertar com força a esponja.

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