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No hospital, eu olhava para Vicent inconsciente deitado naquela cama e me questionava sobre quem poderia ter feito isso com ele.

Ele havia acabado de passar por uma cirurgia para reparar algumas costelas que ele fraturou durante a agressão, entre outras lesões que por pouco não custaram a sua vida.

O médico disse que se eu não tivesse socorrido á tempo, a notícia poderia ter sido outra. E eu fico muito feliz por saber disso. Eu não deveria ter deixado ele vagando por aí sozinho.

Ele deve ter sido vítima de algum maluco que se aproveitou do seu estado frágil de embriaguez para rouba-lo. Mas eu não entendo, se ele tivesse sido assaltado ou algo do tipo, por que não levaram o celular?  Talvez a resposta possa estar no próprio aparelho, por isso vou ficar com ele por precaução.

Pelo menos até ele se recuperar e poder me contar o que de fato aconteceu.

Eu não acho que Caleb tenha feito isso, até porque ele não agride ninguém pra deixar vivo. Ou quem sabe ele pensou que Vicent estivesse morto, quando o abandonou em algum matagal. Isso explica porque suas roupas estão sujas de lama.

Enfim, são muitas perguntas que não cabem a mim, responder.

Afinal, Vicent sumiu por dias, muita coisa pode ter acontecido.

Arrastei uma cadeira para perto dele, e depois de me sentar, agarrei firme a sua mão e encarei seus olhos fechados.

—– Vicent, meu amor,  eu sinto muito pelo o que fizeram com você, e sinto muito por ter dito coisas tão cruéis aquele dia, não era exatamente o que eu queria ter dito, eu queria te dizer que você foi uma das melhores coisas que já me aconteceu, e que eu te amo muito...eu queria muito poder ficar aqui cuidando de você, mas eu não posso, tem um obstáculo muito grande que nos impede de sermos felizes, mas eu prometo que assim que você se recuperar eu vou te contar toda a verdade e espero que entenda as minhas razões.

Enxuguei as lágrimas dos olhos e me inclinei para logo depois depositar um beijo em seu rosto.

—– Depois eu volto para ver como você está, ok? — Falei com uma voz embargada, depois me levantei e fui embora.

Saí dali com um imenso aperto no peito daquele hospital, só Deus sabe o quanto eu queria ficar, mas infelizmente as coisas não são como a gente quer. Caleb nem sabe que estou aqui. Durante o jantar ele bebeu um pouco e acabou capotando na cama, mas estou com um pressentimento de que ele pode acordar a qualquer momento.

Ao chegar em casa, eu abri a porta devagar e depois que eu entrei, fechei-a cautelosamente. E como a minha intuição não costuma falhar, tirei os sapatos rapidamente, corri até o interruptor da sala e ascendi a luz, depois peguei um livro e me joguei no sofá, poucos segundos antes de Caleb surgir na escada.

—– Por que não está na cama? —  Ele perguntou um pouco sonolento, passando por mim e indo em direção a cozinha.

Olhei para ele por cima dos ombros, observando ele pegar uma jarra com água da geladeira e despejar no copo.

—– Ah, é que eu estou sem sono, então decidi ler um livro.

Como sempre, ele estudou um pouco a situação, correndo seus olhos azuis por toda a casa até pararem em mim. O que me deu súbito arrepios.

—– Pois trate já de ir pra cama, isso não é hora pra ler livro.

—– Está bem.

O vizinho Where stories live. Discover now