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Quando eu tinha treze anos, eu  costumava ter um desejo incomum por homens mais velhos e não entendia o porquê. Mas eu só sei que eu adorava olhar o Sr Simons, o nosso vizinho, regar as plantas da frente de sua casa, e quando ele olhava para mim e sorria, meu coração faltava pular pra fora do meu peito.

Ele era alto, cabelos grisalhos, olhos negros e penetrantes, tinha um físico de arrancar suspiros apesar da idade.

Ele devia ter uns quarenta anos.

Mas ele era um homem casado e parecia amar muito a sua esposa, enquanto eu a odiava pelo simples fato dela roubar toda a atenção que deveria ser pra mim, ou pelo menos era o que eu achava.

Visto que Simons me enxergava apenas  como uma criança rebelde e enxerida, ele adorava bagunçar as minhas madeixas e me dar bombons.

Ela não tinha noção do que suas mãos faziam comigo.

A minha sexualidade brotou em uma fase onde as garotas da minha idade brincavam de bonecas, e isso fazia eu me sentir diferente delas, eu me sentia adulta.

Eu vivia fantasiando uma vida com George Simons, e incluía o nome dele em todas as minhas brincadeiras, e em todas folhas do meu diário só dava ele, era uma espécie de obsessão.

Eu sempre procurava uma forma de deixar a vida de Brigitte Jones, sua esposa, impossível.

Quando não era cortando o varal de corda onde ela estendia as suas roupas, era puxando o freio de mão do carro, que ela esquecia a porta aberta, sempre que entrava com as compras em casa.

Só pra ter o prazer de vê-la correr desesperada atrás dele, e eu ainda roubava as guloseimas que ela trazia e me deliciava enquanto a assistia a cena.

Eu vivia espionando eles, e na maioria das vezes eu era flagrada, e Simons sempre levava tudo na brincadeira, assim como sua esposa que por incrível que pareça nunca guardou rancor de mim.

Porque ao contrário de mim, eles me enxergavam como uma filha mais velha, mas a minha mente era repleta de pecado, e por isso minha mãe me obrigava a ir  todo domingo na igreja, para que eu pudesse confessar.

Ainda bem que os padres sabem guardar segredos.

Eles sempre me levavam pra fazer compras com eles, e foi assim que aprendi a gostar de salgadinhos e guloseimas.

O dia que Sr Simons beijou a minha testa, eu nem dormi.

E no dia seguinte lá estava eu outra vez tornando a vida deles impossível novamente, eu já me sentia parte daquela família.

Eu disse ao padre um dia, que se Brigitte Jones morresse, eu não sentiria remorso, porque seria eu quem cuidaria do seu marido.

—– Ella, não posso te levar dessa vez — Simons falou com um estranho brilho nos olhos — Eu e Brigitte vamos ao hospital para fazer alguns exames.

—– Quais exames?

Ele sorriu malicioso e em seguida passou por mim, me deixando inquieta com todo aquele mistério.

—– Quais exames? — Gritei atordoada.

—– A gente se vê mais tarde, querida — Ele acenou sorrindo, e logo após isso, entrou em seu carro, me deixando ali parada sem entender nada.

Alguns dias mais tarde, eu soube que a  sua esposa teria um bebê, e com muita raiva eu arranquei página por página do meu diário e ateei fogo nele.

O vizinho Where stories live. Discover now