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Depois de muito esforço eu consegui arrastar o corpo de Caleb para fora da água.

Fiz respiração boca a boca nele, além de pressionar o seu peito com força, para ele expelir toda a água que tinha engolido durante o afogamento.

Não demorou muito até ele começar  cuspir a água e tossir ao mesmo tempo.
Deitei do seu lado me sentindo imensamente aliviada.

Eu consegui salvá-lo.

Meu deus! Eu pensei que não conseguiria. Seu corpo era tão pesado, e as ondas estavam o levando cada vez mais para longe.

E quanto mais eu nadava, mais o seu corpo se distanciava de mim.

Ajudei ele a se levantar, e ele se posicionou na minha frente e sorriu radiante.

Era uma linda visão.

Sua camisa branca estava encharcada e transparente, assim era possível visualizar seu tronco perfeito.

O seu olhar era tão azul quanto o mar à nossa volta.

Os seus cabelos negros agora estavam molhados e com um brilho intenso. Ele umedeceu os lábios enquanto olhavam para os meus.

Entendi o que ele queria com isso, então fechei os olhos e aproximei o rosto do seu.

Mas ao invés da deliciosa sensação do toque dos seus lábios sobres os meus,  eu senti um vento frio soprar em meu rosto.

Abri os olhos confusa e percebi que o paraíso à nossa volta estava se desmanchando por conta de uma terrível tempestade repentina.

O céu escureceu, o mar estava agitado, com ondas violentas.

E estava uma ventania terrível.

Voltei os olhos para Caleb e vi todo o seu brilho desaparecer. Eu até então não estava entendendo nada.

Não sei por que o clima mudou de repente, se eu só fechei os olhos por um segundo.

E por que Caleb está olhando assim pra mim?

Como se estivesse sentindo alguma coisa.

O que era?

Abaixei os olhos e logo notei uma pequena mancha vermelha na sua camisa branca de botões.

Essa mancha foi se espalhando, foi crescendo e crescendo cada vez mais.

Gelei completamente.

Ele então caiu de joelhos no chão, e o sangue que até então estava somente em sua camisa, escorreu pra fora dela, se misturando com a areia da praia, se tornando escuro e áspero.

E nesse mesmo instante a chuva despencou.

Direcionei meus olhos pra frente e mesmo que a chuva  atrapalhasse um pouco minha visão. Eu vislumbrei Thomas exatamente como eu o havia conhecido antes. Cabelos loiros, olhos tão verdes quando as folhas dos pés de coqueiro ao redor, que na verdade não existiam mais, pois o vento tinha carregado eles pra longe.

Thomas também estava vestido de branco e parecia mais um anjo.

Ele estava apontando um revólver na minha direção.

—– Sem final feliz pra você, Ella.

Dito isso, ele apertou o gatilho e o tiro rapidamente se aprofundou em meu peito, me queimando.

Meu deus! como isso queima.

O meu coração estava acelerado em um nível que eu não conseguisse mais respirar.

O vizinho Where stories live. Discover now