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No meu aniversário os meus pais sempre davam uma festa, a decoração era simples, mas cheia de carinho e amor.  Eles convidavam alguns amigos em comum do bairro, e minha mãe era quem fazia o bolo, delicioso por sinal.

Era uma algazarra que só, regada a música, balões gigantes e refrigerante barato, mas era tão gratificante vê-los tão contentes com a minha felicidade, aquele momento significava muito pra mim.

No meu último aniversário que passei com os meus pais, eu estava completando quinze anos, meu pai trabalhou duro o ano todo na oficina, vendeu o carro que também era uma de suas maiores conquistas, além de parte de um terreno que ele tinha, tudo para juntar dinheiro o suficiente para me dá uma festa digna de uma princesa, com direito a valsa e tudo, porque era assim que eu ele me via, como uma princesa. Minha mãe fez o meu vestido, inclusive um dos mais lindos que eu já vi em toda a minha vida, mas o que mais me emocionou foi ter tido a honra de dançar uma valsa com o meu pai.

Me lembro perfeitamente das lágrimas brilhando em seus olhos, as suas mãos trêmulas e sua vulnerabilidade de pai se aflorando. Nunca nenhum homem significou tanto pra mim como o meu pai, nem mesmo Caleb, me arrependo de ter saído de perto dele, e me arrependo de não tê-lo escutado quando eu deveria.

É por isso que todas as noites do meu aniversário, eu choro, choro de saudade e de arrependimento.

Assim como no dia das mães, dos pais, entre outras datas que requer a família unida, que é quando a saudade aperta mais.

—– Abra —  Caleb ordenou se referindo ao embrulho à minha frente.

Ele estava com um sorriso sínico no rosto, e uma estranha satisfação no olhar.

Estiquei a mão e desatei o nó, me deparando com mais um vestido horroroso que ele tem o costume de comprar pra mim todos os anos.

E esse era ainda mais horroroso, porque era rosa, eu odeio rosa.

Enfim, mais um pra coleção.

—– Ah, um vestido — Comentei desanimada.

—– Sim,  por que?, não gostou? Eu posso devolver então — Falou pegando o embrulho de volta.

—– Não — Agarrei a sua mão — Obrigado meu amor, é lindo.

As expressões se suavizaram em seu rosto, e ele voltou a sorrir com os lábios grudados, claramente como um psicopata que acabou de assassinar a sua vítima.

Eu sabia o quanto a minha aprovação era importante para ele, se eu recusasse qualquer um dos seus presentes, ele provavelmente me arrancaria os olhos.

—– Vai lá vestir — Ordenou, inexpressivo

—– Agora?

—– Não, amanhã.

Fiz uma careta pra ele, em seguida levantei da cadeira e fui até a escada, sentindo seus olhos a toda instante sobre mim.

O que me fez estremecer.

Assim que coloquei o vestido, soltei um suspiro trêmulo, vendo o quão horrível ficou  em meu corpo. Soltei os cabelos e joguei para frente, para dar uma melhorada, queria mostrar para Caleb que eu ainda era a morena irresistível  dele apesar de tudo.

Meus cabelos caíram com facilidade pelas minhas costas, demonstrando toda uma maciez e brilho. Fiquei contente por vê-los tão compridos e volumosos.

Caleb, apesar de saber o tamanho da roupa que eu visto, sempre compra vestidos largos, quando não compra  justos demais.

—– Dá uma volta pra mim ver — Sugeriu olhando para os meus cabelos, ele sempre foi fascinado por eles

O vizinho Where stories live. Discover now