84

94 10 37
                                    

Liguei pro Maycon várias vezes, mas como ele não atendia minhas ligações, resolvi ir até o seu apartamento para que pudéssemos conversar.

Bati na porta e depois de alguns minutos um cara abriu.

Ele escorou no batente da porta, e me olhou de cima a baixo.

Parecia ser modelo. Era alto, magro, branco e tinha olhos verdes, contornados por longos cílios e sobrancelhas espessas.

Além de ter cabelos encaracolados.

O que é fascinante, já que todos os homens que conheci tinham cabelo liso.

O fato dele estar seminu me deixou um pouco constrangida.

Fiquei feliz por sua beleza me constranger ao invés de me atrair.

Significa que estou fazendo o dever de casa direitinho.

-- Desculpa, o Maycon está?

-- Maycon, tem uma garota na porta - Ele gritou sem tirar os olhos de mim, depois tomou um gole da cerveja que estava em suas mãos.


Sorri um pouco sem graça.

Maycon apareceu e assim que me viu ficou vermelho.

Desci os olhos para procurar a razão da sua vergonha, e notei que estava apenas de cueca.

Puts!

-- Está fazendo o que aqui? - Questionou, surpreso.

-- Precisamos conversar, espero que eu não esteja atrapalhando nada - Olhei para ele e pro cara que não parava de me fitar.

Ele tinha uma expressão apática que ao mesmo tempo que era intrigante, também intimidava.

-- Não, não está não - Maycon respondeu, enquanto recolhia apressadamente algumas roupas que ficaram espalhadas pela casa.


Além de alguns objetos duvidosos.

O apartamento estava uma zona.

Ele jogou uma camiseta pro cara que a aparou e olhou pra ele confuso.

-- Se veste - Ordenou

-- Que? tá calor - O cara recusou.

-- Se veste logo, caralho, não vê que temos visita - Maycon disse com um tom autoritário que eu não conhecia.

O cara bufou e depois se vestiu, fuzilando Maycon com o olhar.

Maycon também fez o mesmo.

Enquanto eu fiquei ali perdida me sentindo mal por ter atrapalhado sabe se lá o que estavam fazendo.

-- Vai buscar uma cerveja pra Ella - Pediu ao rapaz.

-- Não, não precisa - Recusei, mas fui ignorada.

-- Claro, mestre - O cara provocou.

Maycon fechou os olhos e suspirou impaciente.

Assim que o cara deixou a sala, a tensão se instalou no ambiente.

Eu não sabia o que dizer e Maycon muito menos.

Ficamos estagnados.

Eu não esperava vê-lo com um cara tão cedo. Eu deixei claro que apoiava o fato dele ser bissexual e tal, mas essa situação não deixa de ser estranha.

Afinal, eu tive uma experiência parecida no meu relacionamento anterior que foi um pouco desagradável.

Mas eu vou apoiar Maycon sempre, porque me importo com ele e quero que ele seja feliz da maneira que quiser ser.

O vizinho Onde as histórias ganham vida. Descobre agora