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Eu contei para os policiais que sofri uma tentativa de homicídio no meu trabalho . Um homem que eu não conheço invadiu o local e simplesmente me agrediu.

Mas mesmo assim tive que ir à delegacia para prestar depoimento.

—– Então ele devia está pesquisando a sua rotina para saber o dia que estaria sozinha, o que dá a entender que foi algo premeditado — O delegado concluiu.

—–  Sim, acredito que ele só estava esperando a oportunidade perfeita pra fazer isso e encontrou.

—– Certo.

Depois disso ele me pediu pra fazer um retrato falado do suspeito, e eu descrevi como sendo magro, branco e de olhos azuis.

Fiz a descrição perfeita de Mateo, só que na versão mendigo com bigode.

Eu quis bagunçar um pouco para não parecer tão óbvio.

Falei também que assim que ele me espancou, fugiu do local.

O que não foi bem o que aconteceu.

Eles interditaram o restaurante para colher algumas provas, e foi assim que descobrimos que Clarice fez um ótimo trabalho.

A faxineira disse que não havia ninguém no local e que encontrou a porta dos fundos aberta e tudo fora do lugar.

Eles encontraram o meu celular e confiscaram, tinha vinte ligações perdidas só da minha mãe.

Quanta preocupação.

—– E quanto ao homem quem te trouxe?

—– Ele é o meu namorado.

—– O que uma mulher como você...

—– Eu já posso ir — Interrompi já de saco cheio de tantas perguntas — Eu já tinha dito tudo que precisavam saber, o que mais eles queriam.

O delegado me encarou por um tempo e  depois suspirou.

—– Pode sim.

Em casa eu me livrei daquelas roupas ensanguentadas e tomei um banho, esfreguei bem o corpo para tirar aquela sensação de sujeira e lavei os cabelos.

E só depois disso que eu pude finalmente dormir em paz.

Diego depois de me trazer, foi pra casa dele fazer o mesmo.

Acho que é mais do que merecido esse descanso.

Mais tarde, recebi Maycon aos plantos em casa. Ele se sentia culpado por ter me deixado sozinha, mas eu tentei explicar que a culpa não foi dele, afinal não tinha como ele saber, mesmo assim parecia não ser o suficiente.

—–  Mas...

—– Maycon, é o seguinte, eu estou bem, e não tem porque você se preocupar.

Eu estava tranquila em relação a isso, já que a decisão foi minha.

Mas é tão bom saber que tem pessoas ao meu redor que se importam comigo de verdade.

Por anos vivi com uma pessoa que só se importava com ele mesmo.

—– Eu só fui saber agora amiga, eu bebi todas, deixei o celular silencioso e quando me dei conta acordei na casa de um...

Ele fez uma pausa, e olhou pra mim como quem acabou de cometer um crime.

Agarrei as suas mãos e olhei no fundo dos seus olhos.

O vizinho Onde as histórias ganham vida. Descobre agora