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Ao chegar na delegacia fui barrada por um policial  logo na entrada.

Ele era alto, branco e tinha um olhar profundo e castanho.

—– Calma aí mocinha, aonde pensa que vai? — Ele me agarrou pelo braço

—– Eu preciso falar com o delegado, é urgente — Falei ofegante pela correria. Ele prendeu uma pessoa inocente.

O policial continuou relutante e parecia zombar de mim.

Quem ele pensa que é? Não tenho tempo pra brincadeiras.

Minha vida é uma constante bomba relógio contando os minutos pra explodir. E eu preciso estar o tempo todo evitando que isso aconteça.

—– Por favor, eu estou com uma coisa que ele está procurando — Apelei. Precisa soltar o Vicent, ele nem se recuperou direito do coma...está exausto...isso é uma grande injustiça.

Os meus apelos não pareciam comover o tal policial que continuava me segurando com força.

—– Tá surdo ô idiota, me solta — Me irritei com ele, em seguida comecei a  gritar e me debater em seus braços.

Ele continuou me segurando, com um olhar malicioso e um sorrisinho sarcástico nos lábios.

Não é possível que só ele esteja aqui.

Agora eu entendo por que tem mulheres que não gostam de ir em delegacias.

Pra não ter que esbarrar com um imbecil, que se acha é superior só porque está vestindo a porra de uma farda.

Os meus gritos chamaram a atenção de uma mulher que havia saido de uma sala, ela rapidamente veio na nossa direção.

Ela era loira, olhos esverdeados e usava uma jaqueta de couro preta.

—– Will pode deixar — Ela disse seriamente e o policial imediatamente acatou a sua ordem, um tanto sem graça.

Pela sua expressão, ele parece não ter notado que ela estava ali.

Não entendo porque todo mundo fica obcecado por mim. Nem sou tão bonita assim.

A mulher o repreendeu com o olhar, depois olhou pra mim.

—– Me desculpa — Ela disse — Por favor me acompanhe.

Ajeitei a blusa que havia subido um pouco e encarei o policial com desprezo. Depois me direcionei até a sala onde entrou a suposta mulher.

Os detalhes do ambiente prenderam totalmente a minha atenção. Na verdade qualquer lugar que não fosse a minha casa, parecia fascinante.

Era um espaço organizado, com alguns quadros, plantas e um mural com algumas colagens de investigação.

Sem contar as persianas. Eu sempre quis um escritório com persianas.

Andei pelo pequeno cômodo, apreciando a decoração à minha volta.

Eu gostaria de trabalhar em um lugar assim.

—– Parece que você gostou da decoração —  Uma voz rouca interrompeu meus pensamentos.

—– An? Ah sim, gostei, desculpe, eu meio que viajei aqui —  Falei com um sorriso sem graça.

—– Sente-se — Ela apontou para uma cadeira à minha frente.

Ela era muito séria.

—– Obrigada — Agradeci, e me sentei.

—– Aceita um café? água?

O vizinho Where stories live. Discover now