A água que eu havia tomado começou a borbulhar no meu estômago, eu não sabia identificar se era por conta do nervosismo, ou talvez por que eu não tinha comido nada até agora.

Senti uma pontada na cabeça que fez ficar tonta.

Eu estava tão preocupada em fazer as malas que nem tomei café da manhã.

E eu estou morrendo de fome. Eu nem lembro se eu comi alguma coisa ontem.

Será que é por isso que eu estou sentindo uma dor no estômago?

Mas por que isso parece ter tanta importância agora?

Não faz sentido.

—– Ella?

Ignorei ela, levantei do sofá indo até a cozinha, e comecei a fuçar os armários sem saber ao certo o que eu estava procurando.

Senti os passos da detetive atrás de mim, então bati a porta do armário e a fitei furiosa e com os olhos cobertos de lágrimas.

—– Eu pedi pra você não deixá-lo sozinho com aqueles marginais.

A pontada na minha cabeça, agora parecia marteladas. Uma atrás da outra. Eu sentia tipo os ossos do meu crânio se partindo.

Eu já estava com um pressentimento ruim desde que eu acordei.

Aquele pesadelo foi um sinal.

—– E não deixamos Ella — Disse tentando me transmitir calma.

—– E então? — Alterei a voz

—– Parece que ele tinha mais inimigos do que pensávamos

Fechei os olhos sentindo uma dor aguda me corroer por dentro.

Desci da cadeira que eu nem lembro de como fui parar em cima dela.

Bom, eu precisava subir em alguma coisa pra mexer nos armários.

Mas porque eu estava mexendo nos armários, o que eu estava procurando?

Sinto uma imensa vontade de chorar, mas as lágrimas se recusam a sair.

Passei pela detetive que até então estava escorada no batente da porta e voltei para sala. E comecei a me contorcer de dor, meu corpo estava encolhendo.

Era a dor no meu estômago, estava  aumentando.

Será que é preciso comer pra ela parar?

—– Quem fez isso? Você sabe? —  Perguntei sentindo muita raiva.

Pela primeira vez vi uma expressão de pena em seu rosto.

—– Um dos presos, e parece que recebeu a ordem de alguém aqui de fora, provavelmente o mesmo que espancou Thomas... acho que é uma espécie de perseguição.

Tampei a boca horrorizada, e voltei a caminhar pela casa sem rumo. Porque ficando parada eu sentia que doía mais.

Não sinto meus pés tocarem no chão.

Eu estou flutuando ou o que?

—– Eu sinto muito, só achei que você devia saber, já que eram tão próximos, mas se te conforta, vamos encontrar essa pessoa que fez isso e prende-la, não pense nem por um segundo que ela vai ficar impune.

Que loucura, estamos falando de justiça para um psicopata, quer saber, que se foda ele. Que foda todos os psicopatas.

—– Não —  Rosnei — Ele mereceu isso, fez coisas terríveis, e nem mesmo a morte vai fazer com que ele pague o que ele fez com aquela família, comigo.

O vizinho Where stories live. Discover now