—– Desculpa senhora, não queríamos te assustar, é o seguinte, eu e o meu amigo viemos de muito longe...

Virei o rosto para o amigo dele que estava sentado, relutante, pois todo o meu corpo estava enrijecido de medo.

Ele sorriu e acenou pra mim.

Esse outro bandido não era tão ameaçador como o parceiro, era aparentemente normal, era baixo, branco de cabelos loiros e olhos azuis, ele era o tipo de pessoa que você não desconfiaria se te abordasse na rua.

—– Vamos te fazer algumas perguntas, ok? —  O cara alto continuou, me olhando fixo.

Ele colocou o revólver sobre a mesa. Em seguida, se aproximou de mim e meteu a mão no bolso, tirando do mesmo o que parecia ser uma foto.

Só a presença dele perto de mim, fazia o meu estômago revirar.

—– Por acaso você conhece essa pessoa? — Ele perguntou ainda me fitando, olhei dentro dos seus olhos e senti uma sensação terrível.

Dizem que os olhos  são a janela da alma, mas olhando nos olhos dele eu não conseguia enxergar nada além de maldade.

Ele não tinha alma.

Engoli a seco, em seguida abaixei a cabeça e olhei para a foto.

E meu coração começou a bater forte quando eu vi a foto de Vicent ali, os meus olhos se encheram rapidamente.

—– Não — Neguei, encarando o sujeito nos olhos

Eu estava apavorada, e o meu corpo tremia muito, mas nem se eu morresse, eu diria onde Vicent está. Não vou permitir que eles o machuquem outra vez.

Ele ficou me encarando por alguns minutos em silêncio.

E isso era perturbador.

—– Tem certeza?

—– Tenho.

O outro comparsa finalmente se levantou da cadeira, e se aproximou da gente, lambendo os dedos.

—– Vamos embora, ô idiota, ela já falou que não conhece — Ele sugeriu, mas o companheiro não parecia está tão convencido.

—– Sabemos que ele é o seu vizinho, estivemos por lá, vocês já devem ter trocado salivas, ou acha que me convence com essa carinha de esposa obediente.

Decidi não rebater as suas ofensas, e fiquei calada, às vezes o silêncio é a melhor resposta.

Ele deu de ombros para o meu alívio, que não durou muito, já que ele inesperadamente se virou e me acertou  com um soco no rosto.

Segurei o meu rosto sentindo uma dor insuportável se estender, ao mesmo tempo que um líquido começou a escorrer pelo meu nariz.

Era sangue.

O meu rosto estava queimando e sangrando e graças àquele imbecil.

Mas me mantive firme. Não era um soco que iria me fazer falar.

—– Você está mentindo pra mim, vadia — Ela avançou na minha direção novamente, mas foi impedido pelo seu colega.

—– Andreas, não — Rosnou, segurando o cara que se debatia nos seus braços.

Depois o cara agarrou o rosto dele e encarou os seus olhos. E a forma como os dois se olhavam fez com que eu tivesse minhas dúvidas.

Deixei escapar uma risada sem querer. E os dois me  encararam ao mesmo tempo.

—– Do que você está rindo, puta, onde ele está, onde você o escondeu? — O tal Andreas gritou com todo o ódio do mundo.

Por fim, ele conseguiu se soltar e no mesmo instante me agarrou e bateu minha cabeça violentamente na parede, pra depois me sufocar, apertando o meu pescoço.

Eu estava quase perdendo o ar, quando o seu amigo o puxou e os dois iniciaram uma briga entre si.

O que me fez recuperar o fôlego a tempo e correr até a mesa e pegar a arma que eles haviam esquecido.

Peguei o revólver, e usei todo o conhecimento que adquiri assistindo filmes de ação e mirei ela na direção dos bandidos.

Eu mal sabia segurá-la, sem contar que eu estava morrendo de medo do meu plano não dar certo, mas eu não podia deixar eles vencerem.

—– Saiam da minha casa, desgraçados —  Gritei me sentido um pouco zonza, com o revólver apontado na direção do Andreas, que era meu principal alvo.

Ele sorriu incrédulo, enquanto o outro estendeu as mãos em redenção, e aparentava estar com medo.

—– Olha só, a vadia é esperta, mas duvido que consiga atirar tremendo desse jeito

Sem pensar duas vezes e com uma imensa raiva pelo estresse que eles me fizeram passar, eu atirei, e a bala rapidamente se alojou no ombro de Andreas, o fazendo se contorcer de dor.

Depois mirei para o baixinho, que me encarou assustado.

—– Acredite somos tão vítimas quanto você nessa história — Ele confessou

—– Só que se não saírem daqui, os dois além de vítimas, serão mortos —  Ameacei.

Relutante, ele colocou o braço do amigo em volta do seu pescoço e o carregou pra fora da cozinha, por precaução eu os segui até a porta. E depois fechei sentindo um alívio imenso por ter conseguido me safar dessa.

Depois disso, eu tranquei a porta, e fui até o lugar onde a bolsa estava e coloquei a arma dentro dela.

Em seguida, tratei de limpar toda aquela sujeira antes de Caleb chegar, apesar de já ter passado e muito da hora do almoço.

Mas quando eu estava limpando, senti uma pontada forte na cabeça, e logo minha visão começou a embaçar.

Não meu deus, morrer agora não.

Relutante eu caminhei na direção do sofá, mas minhas pernas enfraqueceram, e eu caí antes mesmo de chegar até ele, e a última coisa que vislumbrei foi o vermelhidão do meu próprio sangue a minha frente, pra depois não ver mais nada.

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