Ele não vai me humilhar assim.

Levantei do chão e lancei um olhar desafiador para ele.

—– Olha só, agora você me deixou  impressionado, Ella.

Fiquei calada, para ele não identificar através da minha voz o meu nervosismo.

Mas eu não estava pronta para levar outra surra, o meu corpo ainda estava muito dolorido. Eu não tinha me recuperado totalmente.

Ao invés dele pegar o cinto, como eu achei que faria, ele caminhou até a sala e tirou da parede um bastão de baseball que ele havia empalhado na parede.

Sempre me perguntei por que aquele troço ficava pendurado ali.

Ele voltou-se para mim, e minha respiração acelerou.

—– Vou te ensinar a não quebrar mais as coisas, te quebrando.

—– Por favor, não —– Desabei,  vendo que eu não conseguiria manter a pose de durona por muito tempo.

—– Começando pelos dedos

Assim que ele levantou o bastão pra me bater, algo inesperado aconteceu.

Ele simplesmente parou e começou a rir assustadoramente, enquanto eu mijava nas pernas de medo.

—– Você tinha que ver a sua cara — Falou entre uma risada e outra, me deixando ainda mais apavorada.

O medo era tanto que as minhas pernas batiam uma na outra de tanto tremer.

Meus olhos estavam arregalados, e meu coração estava na boca.

—– Acha mesmo que eu vou estragar uma relíquia em você, sabe quem me deu isso...um dos maiores jogadores de beisebol do mundo.

Caleb pegou o bastão como se fosse um bebê, e o levou de volta para o lugar onde estava.

Eu estava paralisada. De todos os castigos que já levei, esse foi o mais aterrorizante e humilhante de todos.

Ele se aproximou de mim e sussurrou no meu ouvido.

—– Parece que alguém se molhou.

Meu corpo inteiro se contorceu de raiva, eu senti uma vontade imensa de fazê-lo engolir todas aquelas palavras, mas como já era de se esperar, me faltou coragem.

Então comecei a chorar, e dessa vez não parei mais.

....

A tarde eu estava jogada no sofá, desanimada com a minha vida, quando a campainha começou tocar.

Suspirei fundo, e levantei pra ir atender.

Quando abri a porta, me deparei, com o semblante arrependido de Vicent. E eu tive que me segurar para não abraçá-lo
.

Eu estava muito mal, e precisava sentir aquela sensação reconfortante de novo, me sentir segura e amparada.

Mas queria fazer isso sem ele levar pro outro lado, achar que estou me jogando nos braços dele como uma mulher fácil.

—– Me desculpa — Suspirou. Eu sei que nesse momento, o que você menos precisa é de alguém pra te julgar, e sim entender, então se estiver afim, eu gostaria de te convidar pra tomar café  na minha casa, pensei em preparar novos bolinhos — Completou empolgado.

—– Devo me preocupar? — Perguntei fingindo animação.

—– Deve sim.

Abri um leve sorriso, e ele deixou escapar um sorriso de alívio. Mas na verdade eu só queria sair daquela casa, e me distrair um pouco. E ele no entanto, parecia ser uma ótima opção.

O vizinho Where stories live. Discover now