— Depois que você foi embora, pedi a Joan para me passar o seu contato para o caso de eu sentir vontade de conversar com alguém. Tinhamos a permissão de ligar para uma pessoa toda semana. Como eu não tinha ninguém, nunca ligava. Naturalmente doava a vez para outra pessoa. Você sabe, lá no asilo quase sempre era solitário para mim e a minha família raramente aparecia ou me telefonava. Mas aí você apareceu e fez alguma diferença na vida dessa senhora idosa. Eu verdadeiramente gostei da sua visita, até mais do que qualquer outra antes. E, presa em meus próprios pensamentos todos esses dias aqui nessa casa esquisita, acabei por me lembrar de que tinha anotado o seu número. Por Deus, que bom que anotei!

— Por quê??

— Porque você é a única que pode me ajudar agora.

         Sterling se sentiu nervosa com aquela revelação, a saliva desceu com dificuldade por sua garganta. Compartilhou um olhar preocupado com a gêmea outra vez, mas ansiavam saber por mais, saber o que é que poderiam fazer. Já estavam dentro do carro àquela hora.

— Ajudar como??

— Eu preciso que você me escute muito bem agora, querida. — e a voz ficou um pouco mais chiada, embora ainda desse para ouvir, como se Margaret tivesse encostado a boca próxima o bastante do alto falante do telefone.

— Certo.

— Olha, eu bem sei que você é só uma adolescente e eu não queria estar te envolvendo nessa bagunça toda, mas você é a única que pode me ajudar.

— Por que a senhora não contatou a polícia também?

— Porque entendo que o meu filho tenha alguma influência no departamento daqui de Atlanta.

        Oh, ok. Fazia sentido. Talvez explicasse o porquê de ele ter sido solto tão rápido.

— O fato é que a minha família esconde um segredo podre há anos. O meu filho... Bem, o que acontece é que o Jonathan seguiu os passos do meu falecido marido. Ele e o irmão, Henry. Para uma mãe, é verdadeiramente decepcionante saber que os seus filhos se tornaram homens indignos e perversos, porém eu nunca tive coragem de falar nada para ninguém, tampouco para a polícia, porque eu tinha medo de ser abandonada pela minha família ou de eles fazerem algum mal a mim.

        Que bela ironia do destino, não?, Blair pensou consigo. Sterling, por sua vez, engoliu em seco, ressentida.

— O que acontece é que eles me deixaram num asilo por anos e, de fato, me abandonaram, coisa que eu acreditei que eles nunca fariam. Eles conseguiram até fazer a cabeça da Alissa! Filhos de uma boa mãe! Mesmo assim, depois de todo esse tempo, eu não consegui entregá-los...

         Houve uma breve pausa.

         Alissa, por sinal, é a filha mais nova de Margaret.

— E o que mudou? — Sterling disse, sabendo que havia um "porém" implícito naquela frase incompleta.

— O que mudou é que eles me sequestraram! — a indignação era palpável em seu tom de voz. — Eles me sequestraram, sim, porque eu não vim pra cá por vontade própria! Pelo amor de Deus, eu já sou uma mulher idosa! E o outro motivo é que eu logo vou morrer e não quero que pessoas como meus dois filhos fiquem soltos na sociedade. Eu os amo de todo o coração e é justamente por amá-los que não posso mais aceitar esse tipo de coisa! Eu já esperei tempo demais...

         Blair estava inquieta, provavelmente sua língua coçava para falar alguma coisa, porém, se quisesse saber a informação até o fim, teria de se conter.

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Onde histórias criam vida. Descubra agora