A mais nova inspirou o ar com força.

Sabe o que está bem explícito para mim agora? Que você não passa de uma criança mimada e besta, irmãzinha. Acho que lhe falta uma dose de amadurecimento, você está realmente precisando.

— Como é que é? — a indignação e a descrença no que fora dito fizeram Sterl elevar a voz.

— É. É exatamente o que você ouviu. Vê se cresce, cara! Não é certo brincar com o coração dos outros dessa maneira!

A minha vida e o que eu faço não são da merda da sua conta! Vê se cresce você, inferno! — Sterling rebateu no mesmo instante, irritadíssima, por estar sendo contrariada e por ter sido ofendida. Suas atitudes, bem sabia, não eram a das melhores, mas não precisava de ninguém para lembrá-la disso. Podia fazer o trabalho por si mesma.

— Não são mesmo, mas passou a ser da minha conta quando a April veio até mim, com lágrimas nos olhos, para me perguntar se estava tudo bem, porque você estava agindo EXTREMAMENTE ESTRANHO e ela não te achava em LUGAR NENHUM. Você acha isso divertido??? Acha??? Eu realmente não sou nem um pouco fã dela, mas vê-la daquele jeito doeu até em mim. Trate de assumir a responsabilidade, porra, e seja mulher suficiente para dizer a verdade. Você já não escolheu o que você quer?? Então diga logo! Ou você está achando mesmo que pode ter as duas? Blair balançou a cabeça em negação, cética com a possibilidade. — Coitada!!!!

— Você não sabe de nada, fica na sua!!

— Ah, é? Não sei?

— Não, você não sabe! Você sempre quer se meter nos assuntos que não lhe dizem respeito, parece que nunca aprende!! Deveria tomar mais conta da sua vida, que deve estar uma grande merda para você querer cuidar da minha!

         As palavras expelidas tinham um alto teor de raiva, prova disso eram os olhos claros brilhando com o sentimento negativo. Ou eram lágrimas?

         Blair riu em deboche pelo nariz, a boca torcida.

— Realmente, deve estar mesmo. — a mais velha disse, e sua fisionomia endureceu. — As pessoas cansam, Sterling, para o seu conhecimento. Elas cansam e vão embora. Só não venha chorar para mim depois de se dar conta de que perdeu as duas, é que eu vou estar muuuuuito ocupada cuidando da minha vida de merda para me preocupar com a sua quando ela estiver no fundo do poço.

— Tá, que seja!

— Tá.

         E essa foi a última palavra que elas trocaram em dias. O orgulho foi tanto que nenhuma das duas se colocou à disposição de dar o primeiro passo para voltarem a se falar. Era a segunda vez que isso acontecia, mas fora pior. Realmente houve um voto de silêncio absoluto, o que foi muito estranho. Até os pais começaram a se incomodar com o fato. Na mesa de jantar, enquanto uma falava, a outra ficava quieta mastigando a comida ou prestando atenção em outra coisa, e vice-versa. Nos trajetos para a Escola ou para a casa de Bowser, o volume das músicas sempre estava o mais alto possível para que não houvesse mesmo qualquer oportunidade de fisgar um assunto.

          Pareciam duas estranhas convivendo no mesmo ambiente.

          Nos intervalos, Blair começou a andar com outras pessoas, como o pessoal da sua equipe de futebol, e Sterling continuou na biblioteca sozinha, escondida. Agora não mais porque queria, mas sim porque não tinha outra opção. O lado bom foi que pôde começar a ler os livros que ganhou e investiu todo o tempo neles, especialmente porque sua mente era desviada da realidade por um tempo.

        Entretanto, vez ou outra chorou. E não foi a única. A distância avassalou o coração de ambas as gêmeas, mas Sterling, por estar mais isolada, teve mais liberdade de o fazer. Chorou, pois nem ela se reconhecia mais. Chorou, pois sentia falta de sua irmã e dos momentos que passavam juntas. Chorou, pois estava deixando tudo ao redor ruir e nem conseguia se mover para evitar a queda brusca. Não conseguia fazer nada. O problema, que era pequeno e poderia ser resolvido rapidamente, tornou-se maior que ela mesma.

          Mas alguém conseguiu fazer alguma coisa. E o fez.

          A Wesley lia o livro As mulheres primeiro no instante em que a porta da biblioteca se abriu, fazendo-a erguer os olhos rapidamente. Logo que a porta se fechou, fora trancada sem muita cerimônia. Os olhos de Sterling se arregalaram em surpresa. Era April. É claro que era April e a fisionomia dela não era a das melhores. Seu olhar não carregava nenhuma admiração, pelo contrário, havia decepção e um pouco de ressentimento, também. Ela simplesmente não reconhecia a figura defronte de si sentada no chão com um livro no colo, que se colocou de pé à medida que ela se aproximou.

— Precisamos conversar e eu não vou sair daqui até que você me diga o que merda está acontecendo com você.        
          

       

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Место, где живут истории. Откройте их для себя