Wesley ponderou, mas o incentivo dito com doçura deu um start em sua coragem.

— Acho q-que... — e tomou o ar com força. — Não podemos mais fazer isso. Acho que não está sendo justo co-com você. Não está. Me desculpa.

            Alicia deixou a mão que tocava o rosto de Sterling cair sutilmente de volta ao seu colo e a encarou com uma interrogação ao meio da testa, não sabendo se estava entendendo o que a garota estava querendo dizer. Endireitou-se no banco do motorista, uma das sobrancelhas erguidas.

— O que exatamente não está sendo justo comigo?

           Sterling esfregou o rosto veementemente antes de deslizar os dedos pelos cabelos loiros, jogando-os para trás.

— Sabe sexta feira? — ela começou a dizer, mas foi incapaz de olhar Alicia nos olhos. Em vez disso, mirava o tórax dela, concentrando-se no movimento de vai-vem de sua respiração controlada. — Lembra aquele casal que a gente viu?

— Uhum... — murmurou, engolindo em seco. Sabia bem onde a história chegaria. Só de considerar a possibilidade, sentiu-se triste, seus ombros murcharam.

— Eu sou apaixonada por aquela garota.

          A confissão veio como um soco no estômago, embora Alicia já estivesse aguardando uma resposta parecida. Respirou fundo.

— Ok. — foi só o que a morena conseguiu dizer. Não fora rude, longe disso, apenas afetada.

— E nós estivemos juntas por um tempo como um casal. — Sterling continuou a explicar. — Entretanto, não deu muito certo, ela preferiu terminar porque ainda não estava bem com quem era. Além disso, a família dela é uma droga de uma família preconceituosa e intolerante, e o pai é um merda.

— Sinto muito por isso. — Farwell sussurrou, e havia verdade e sentimento em suas palavras. — Nem posso imaginar o quão ruim foi.

— É, pois é. — uma risada nasalada sem humor escapou por seu nariz. — E, por favor, pelo amor de Deus, espero que não pense que eu te usei para esquecê-la, porque não foi. Juro.

— Não pensei, fique de boa. — disse, e forçou um sorriso que mal chegou a suas bochechas.

— Eu só... — e lhe faltou argumento. Coçou a testa, suspirando. — Eu só queria ser feliz com ela, sabe? Mas eu entendi que não era o momento ainda. Por isso, eu decidi seguir com a minha própria vida e, coincidentemente, conheci você no caminho. Eu conheci você e... Uau!!!! Mas eu não sou capaz de te entregar o meu cem por cento agora. Eu queria que tivesse sido numa época melhor, juro, porque eu me doaria completamente a você, Alicia. Completamente. Só que agora não dá.

— Eu entendo você. Tá tudo bem. — foi compassiva a fim de demonstrar compreensão. Era uma mulher madura, adulta, cujo coração já fora quebrado algumas vezes antes. Nada que não pudesse superar com algumas boas doses de vodka ou whisky.

           Sterling encostou as costas no banco do passageiro, impaciente consigo mesma, e fechou os olhos.

— Eu estive com ela hoje. — confessou de repente. — E eu não pude evitar. Não pude. Nós duas ficamos e... E... — mas foi incapaz de terminar a própria frase, dado que era íntimo demais para ser explanado. — A verdade, Alicia, é que ela me pediu para ficar. Eu quero ficar, eu quero, mas eu também não quero. Ok, é confuso. Eu sou confusa. Sou confusa, admito. Só que eu não sei se estou disposta a esperá-la todo esse tempo, entende? Porque há muito conflito a ser resolvido ainda. — suspirou pesadamente e girou a cabeça para o lado, encontrando os olhos de Farwell, que a encarava sem julgamentos. Ouvia Sterling com plena atenção. — Não sei o que fazer.

— Se você quer ficar, então deveria. — disse calmamente, um conselho. — Acho que o mais legal dos relacionamentos é quando passamos por todas as dificuldades com a pessoa que gostamos e, no fim, a gente supera o problema em conjunto. É o que fortifica. É o que faz valer a pena. Eu, entretanto, não fiz isso com a minha ex-namorada, mas... Mas se você quer ficar com a sua, tudo bem, eu vou ficar feliz por você, Sterling. Juro. Não vou negar, vai doer muito em mim, porque estou curtindo você de verdade, mas eu vou ficar de boa. — afagou o braço da loura com carinho. —  Só me diga o que você realmente quer.

           E Sterling ponderou por um segundo, mas a real é que já tinha decidido o que faria. Alicia ergueu ambas as sobrancelhas com a resposta, inegavelmente surpresa. Seu coração acelerou dentro do peito:

— Acho que quero tentar com você, porém... Eu, uh... Eu tenho receio de te magoar se isso não for o que eu realmente quero, entende?

          Farwell mordeu os lábios inferiores, pensativa. Sua mente trabalhava rápido. Uma lâmpada acendeu sobre a sua cabeça.

— Um mês. — sugeriu abruptamente, animada, a frase totalmente solta, sem contexto. Sterling franziu o cenho.

— Um mês? Um mês para quê?

— Vamos fazer assim: um mês para eu conquistar você. Se eu não conseguir, a gente acaba com isso de vez. Sem drama. — expôs a sua ideia, que não soou uma má sugestão aos ouvidos da menina. — Um mês, nem um dia a mais. O que me diz? Topa?

         Poderia dar merda. Poderia dar muita merda. Porém, não custava nada tentar. Seria uma boa oportunidade de organizar os sentimentos confusos e decidir o que faria com sua vida.

          Sterling sorriu, um sorriso lateral, e balançou a cabeça como se não acreditasse no que as duas estavam prestes a começar a fazer.

— Só um mês. — Alicia insistiu, incentivando-a.

          Deus do céu!

— Eu topo!

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt