Suspirou em pesar.

              E de repente escutou batidas leves na porta de seu quarto, tímidas, como se a pessoa tivesse pensado duas vezes antes de o fazer. April levou um susto, levantando-se sobressaltada do colchão, e rapidamente enxugou os olhos para afastar os vestígios do choro. Deixou o celular com os fones de lado e, a passos cautelosos, foi até a porta. Quando a abriu, deparou-se com ninguém mais ninguém menos que seu irmão mais velho parado despojadamente defronte de si com as mãos nos bolsos da bermuda caqui. Os cabelos castanhos claros estavam sutilmente penteados para cima e ele lhe ofereceu um sorriso, um sorriso cortês.

— Alex? — ela questionou, surpresa por sua aparição. — O que faz aqui?

— Podemos conversar?

           April franziu o cenho em confusão diante daquela pergunta, mas preferiu não dizer nada. Apenas acenou com a cabeça em concordância e abriu espaço para que o irmão passasse. Normalmente eles não conversavam muito, na maior parte das vezes se evitavam, como se só vivessem juntos na mesma casa devido às circunstâncias. Era, no mínimo, curioso o fato de ele ter ido até lá para falar com ela. A ânsia por descobrir o porquê ficou estampado em sua fisionomia. April empurrou a porta e a deixou se fechar sozinha.
        
— Deve estar se perguntando o que vim fazer aqui. — Alex virou-se para ela enquanto falava e parou no meio do quarto. Estava um pouco desconfortável, desconcertado, pois nunca havia estado naquela posição antes. Além disso, sentia-se como um invasor da privacidade dela, mesmo assim não recuou.

— Bom... Sim. — disse, cruzando os braços sobre o peito, uma das sobrancelhas arqueada. — O que houve?

— Posso? — apontou para uma das poltronas num dos cantos do quarto pedindo permissão e, ao receber a confirmação num acenar de cabeça, tomou o lugar. April sentou-se na beirada de seu colchão para ficar defronte a ele. — Acredito que... Bom... — coçou o queixo enquanto suspirava, buscando uma melhor maneira de abordar aquele assunto. O problema era que não havia. Então, simplesmente deixou sair.  — O que eu quero dizer, April, é que eu sei que você curte garotas.

              Tão direto e certeiro quanto uma munição no centro do alvo.

             Entretanto, fugindo totalmente de seu propósito, o som despretensioso de sua voz chegou aos ouvidos dela como uma acusação por algum crime cometido e ela gelou no lugar por um instante, apreensiva. Sua reação seguinte foi ficar nervosa demais a ponto de optar por assumir uma postura agressiva. Sentia-se tremer da cabeça aos pés.

— O-o-o quê??? — quase gritou em espanto. — Qu-que merda você está sugerindo, Alex? Que merda você está sugerindo? Vá embora daqui agora, seu idiota!

             O mais velho, porém, nem se moveu do lugar. Numa outra ocasião e num outro cenário, a explosividade se justificaria como só uma resposta exagerada à revelação inusitada dele. Poderia se o garoto só estivesse desconfiado. Mas, não. Ele sabia. Sabia há anos. E a reação dela foi só mais uma confirmação. April estava tão desesperada por dentro, tão temerosa em relação às consequências ruins que aquela descoberta traria, que nem se deu conta de que estava chorando.

— Vá embora! — colocou-se de pé, apontando para a porta. O rosto fervia. — Saia daqui agora!

— Ei, ei. — interveio ele, a voz extremamente pacífica. — Fique calma, little A. Está tudo bem. — e ergueu as mãos em sinal de rendição à medida que se aproximava. — Você me entendeu totalmente errado. Ou eu devo ter me expressado errado. Enfim... O ponto é que não estou aqui para te acusar de nada, por Deus! Fica tranquila. — disse, arriscando-se a tocar-lhe as mãos para passar confiança. — Estou aqui para que você saiba que tem com quem contar agora. Não está sozinha.

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin