Ao sair na rua, ainda em frente ao prédio da Mills Photography, Emma pega o celular e liga para Jamie, ansiosa para contar a notícia e para lhe agradecer pela ideia e por ter lhe incentivado a ir em frente.
― Ela aceitou! ― Fala animada, assim que a outra atende a chamada. ― Amanhã à noite vamos jantar no apartamento dela.
— Eu nunca erro, meu amor. — Diz convencida e Emma revira os olhos, mas sorri.― Por que vai ser no apartamento dela? ― Indagou curiosa. ― Estava sem ideia de lugar para ir? ― Deu um risinho.
— Eu não sei, foi exigência dela. ― Esteve tão feliz desde que ouvira a morena aceitar o seu pedido que nem tentou entender por que ela preferia que fosse em seu apartamento. — Eu só aceitei e pedi para não cozinha, pois eu gostaria de pedir a nossa comida. ― Viu um táxi vazio parando perto da calçada e apressou os passos, dando a mão. ― Talvez seja por querer mais privacidade e conforto... ― Dá de ombros.
― Hmmm... ― Jamie murmura maliciosa e Emma, mesmo não estando em sua frente, fica vermelha. ― Será que...? ― Deixa a pergunta no ar, mas Swan entende perfeitamente bem, tanto que seu coração apressa as batidas com a possibilidade de ser.
― Acho que não. É muito cedo para isso. ― Diz mais para si que para a amiga, em um tom pensativo. Apesar dos tantos beijos quentes que trocaram, não acreditava que Regina já estivesse pronta para isso, assim como ela também não estava. ― Só um minuto. ― Pede à amiga, que logo murmura um "ok", e afasta o aparelho do ouvido por alguns segundos, tapando o microfone. Dá o endereço da agência de Gold para o motorista, torcendo para que ele chegasse rápido e ninguém notasse a sua ausência, embora já tivesse acabado o seu horário de descanso e bota o celular na orelha novamente. ― Pronto!
― Mas você disse que no primeiro beijo quase passaram para a segunda fase. ― Jamie relembra, continuando o assunto.
― Mas estávamos alcoolizadas. ― A loira também relembra. ― Você sabe que não conta.
— Nesse caso em específico, é verdade. ― Concorda com pesar. Jamie melhor do que ninguém, sabia o quanto aquilo era verdade. Aurora que o diga. ― Enfim, amanhã você vem aqui para escolhermos sua roupa e o que vocês jantarão, já que ficou por sua conta. ― Avisa, deixando visível em seu tom autoritário que não vai aceitar recusas. A morena conhece muito bem a amiga que tem para saber que é exatamente o que ela vai querer fazer.
― Não precisa, Jamie! ― A outra revira os olhos e balança a cabeça negativamente. Era sempre a mesma coisa. Se acertasse em suas apostas o tanto que acerta nessas respostas de Emma, já estaria rica. ― Não é como os outros encontros que já fui, que foram em restaurantes chiques. ― Era por justamente trabalhar quase sempre com saltos altíssimos e roupas mais delicadas e elegantes que Emma não gostava de usá-las. Estava enjoada do tipo de vestimenta e a amiga sabia muito bem disso. É claro que ela não iria com sua jaqueta de sempre, sua regata e calça jeans do dia a dia e uma de suas botas de cano longo, mas também não queria ir tão chique assim. Queria algo mais confortável e casual.
― Mas é justamente por não ser como os outros que temos que escolher a melhor roupa para você ir. ― Emma franze o cenho, realmente sem entender. ― Dessa vez é diferente e você precisa impressionar ela, Emma. ― Explica, como se tivesse visto sua expressão de confusão.
― Eu tenho certeza que já passei dessa fase. ― Dá um sorrisinho, lembrando-se de quando Regina lhe disse que não beijava qualquer um na frente de seus amigos.
― Não importa. Você tem que continuar impressionando, Swan. ― Fala em um tom sério, deixando claro que é uma ordem. ― Tenho certeza que ela não te viu usando um vestido.
― Na verdade, ela me viu usando um na festa do David. ― Arqueia a sobrancelha e sorri vitoriosa.
― Mas agora é uma ocasião especial e requer algo especial. ― Rebate rapidamente e Emma pensa em como ela tem resposta para tudo e tão rápido. ― Só estarão vocês duas.
― Você tem algum problema com as minhas habituais roupas? ― Questiona em um falso tom de ofensa. Já havia entendido e aceitado que tinha que usar algo especial para ir em uma ocasião especial, ver alguém tão especial. Agora, só fingia ainda estar relutante em aceitar a sua imposição para tentar irritá-la.
― Não! Só não acho que seja adequada para uma ocasião tão importante. ― Retruca rapidamente, como sempre, tendo a resposta na ponta da língua. ― Aliás, mudei de ideia. Não precisa vir, eu vou na sua casa. ― E sem esperar por uma resposta, Jamie encerra a ligação. Emma fica olhando alguns segundos para o visor e balança a cabeça negativamente, porém sorrindo.
― Tá bom, senhorita! ― Murmura com deboche, ainda olhando para o aparelho.
•§•
— Terei um encontro amanhã e eu quero a sua ajuda. ― Regina diz assim que escuta o "oi" de Rose do outro lado da linha. Assim que Emma saíra de sua sala, não perdeu tempo em pegar o celular e ligar para a amiga. — E da Ruby e do Killian também.
— Só se você me disser com quem é. ― A fotógrafa revira os olhos e balança a cabeça negativamente. Toda vez, não só ela, mas Ruby também, tinha que fazer chantagem para aceitar ajudar. Regina duvidava que as amigas fossem capazes de negar ajuda só por não saber de tudo antes, porém nunca fez o teste para saber. Sem falar que, a menos que tenha sido um segredo de estado, a fotógrafa nunca deixou de contar nada para elas. Ou seja, não havia necessidade da chantagem.
— A Emma me chamou para sair e eu pedi que ficássemos no meu apartamento mesmo. ― Conta, já imaginando o que a amiga pensará.
— No seu apartamento é? ― Seu tom é malicioso, confirmando o pensamento da morena, que balança a cabeça negativamente. ― Esperta! Depois eu quero saber como ela é na cama. ― Pede animada.
— E quem disse que vamos transar? ― Indaga, fingindo ter achado um absurdo o que Tinker disse. Na verdade, estava se segurando para não rir.
— Porque eu sei que vai, ora! ― Rebate convicta.
— Ótima resposta, querida. ― É irônica. ― Não sabia que previa o futuro. ― Acrescenta em um falso tom de surpresa.
― Está escrito nas estrelas... ― Fala séria, causando uma gargalhada em Regina, obrigando-a a afastar o aparelho telefônico por alguns segundos. ― Aliás, eu pedi para você me ligar depois da festa e você nem ligou. ― Relembra, fingindo mágoa, fazendo drama. ― Eu estava e ainda estou, louca para saber tudo que aconteceu entre vocês.
― Eu estive muito ocupada, desculpa! ― Diz simplesmente, não mentindo, mas ocultando boa parte da história.
― Sei... ― Tinker murmura, deixando claro que não acreditou que foi só isso. Todavia, não iria insistir. Pelo menos por agora.
― Mas enfim, vai me ajudar ou não? ― Pergunta, voltando para o motivo inicial da ligação. Aquela conversa já tinha se desviado demais para o seu gosto.
— Você sabe que eu vou. ― Responde prontamente, voltando a ficar séria. ― Nós vamos. ― Corrige-se, referindo a Ruby e Killian também, mesmo que ainda não tenha falado com eles. A menos que tivessem compromissos, não recusavam nada um para o outro. — O que você quer? ― Pergunta, mas já tendo uma ideia do que pode ser.
— É exatamente o que você está pensando. ― Fala, como se tivesse lido o pensamento da loira. ― Quero que arrume o meu apartamento enquanto eu estiver trabalhando, e me ajude a escolher uma roupa. ― Conta, confirmando os pensamentos da loira.
— Claro, madame. ― Rebate irônica e Regina sorri baixinho. — Seu pedido é uma ordem. Suas empregadas chegarão aí pela manhã.
— Obrigada minha empregada. ― Entra na brincadeira. Despedem-se rapidamente e Regina encerra a ligação, solta o celular na mesa e segue para a enorme janela da sua sala, direcionando sua atenção para as pessoas apressadas na calçada e os carros na pista.
•§•
Lancaster passou o dia todo em frente a Mills Photography, observando o movimento de qualquer um que entrasse e saísse dali. Na melhor das hipóteses, parecia um segurança. Não desviou sua atenção e nem mesmo saiu de seu lugar em nenhum momento. Temia que enquanto estivesse fazendo algo e não estivesse com os olhos na entrada do prédio, Regina saísse e não voltasse mais e ele acabasse perdendo a oportunidade de saber onde ela morava.
Parado perto de um carrinho de cachorro-quente, fazendo um lanche, mas com os olhos atentos, Robin vê Regina saindo do prédio e logo entrando em seu carro. Apressado, ele paga ao homem sem fazer ideia de quanto lhe dava, enfia o restante do lanche na boca e corre para perto de um táxi. Ao entrar no veículo, tira o celular do bolso e escreve no tradutor "siga o carro que vou apontar, mas faça disfarçadamente" coloca para traduzir e mostra ao motorista, que ao ver o nome "português" dá um sorrisinho.
― Eu sei um poco de português, senhor. ― Diz, causando um sorriso aliviado no seu passageiro.
― Ótimo! ― Toca no ombro dele. ― Por favor, siga aquele carro. ― Aponta para o carro de Regina, que por sorte, ainda estava parado em um sinal. ― Só não seja pego. ― O homem assente e coloca o veículo para andar, logo parando no sinal também, mas um pouco atrás.
Alguns minutos depois, o carro de Regina para na entrada da garagem de um prédio e Robin deduz que é onde ela mora.
― Eu vou ficar por aqui. ― Avisa ao taxista, que logo puxa o freio de mão e encerra a corrida. ― Quanto deu? ― Puxa a carteira do bolso e puxa algumas notas.
― Dez dólares!
― Obrigado por me ajudar. ― Entrega o dinheiro para ele e abre a porta, porém não desce. ― Você pode me dá o seu número, para quando eu precisar? ― O rapaz tira um cartão do bolso e lhe entrega. ― Obrigado! ― Desce do veículo e fecha a porta. Ao voltar sua atenção para onde o carro de sua amada estava, encontra o vazio. Regina já havia entrado no prédio.
Já tendo conseguido o que queria, Robin analisa todos os detalhes da rua, memorizando-a bem, faz o mesmo com o prédio e decide ir embora. Assim como fez no táxi e na barraquinha de cachorro-quente, escreve no tradutor perguntando onde fica o hotel que ele está hospedado e mostra para a primeira pessoa que passa. Após receber a direção e ainda com a ajuda do tradutor, saber o resto do caminho e que estava perto, decide ir andando para conhecer o caminho.
Durante algum tempo iria ficar fazendo esse trajeto do seu hotel até o prédio de Regina, para conhecer um pouco mais da sua rotina.
•§•
No dia seguinte, Regina foi acordada com as batidas de suas amigas na porta do apartamento. Do jeito que estava, usando apenas uma regata e uma calcinha box, sem se dá ao trabalho de vestir alguma peça de roupa da parte inferior, foi atender a porta.
— Também não precisava vir tão cedo. ― Reclama, abrindo a porta e dando passagem para as duas. ― Cadê o Killian? ― Bota a cabeça para fora, procurando-o.
— E você está muito gostosa assim. ― Ruby comenta em um tom malicioso, apertando a bunda da morena, que dá um pulinho de susto. Rindo, a fotógrafa dá uma tapinha em seu braço. ― Ai! ― Finge o drama, passando a mão no lugar. Regina revira os olhos.
― O Killian só vem mais tarde. Saiu ontem e chegou de madrugada. ― Tinker lhe responde, ganhando sua atenção de volta. — E não reclame que chegamos cedo, mas sim, agradeça, pois não irá chegar tarde no trabalho ou sair às pressas, sem nem mesmo comer alguma coisa. ― Joga-se no sofá e cruza as pernas em cima da mesa de centro.
— Então poderiam preparar meu café-da-manhã e arrumar a minha cama enquanto eu tomo um banho, não é? ― Sugere com empolgação, sentando-se ao seu lado.
— Aí você já quer demais, não acha? ― A loira rebate, indignada e Regina ri, fazendo Lucas, que só observava a conversa, ainda de pé, rir também.
— Tudo bem! Eu vou tomar um banho e quando eu sair, falo da organização. ― Avisa e vai correndo para o quarto, logo tirando a roupa e se trancando no banheiro.
Alguns minutos depois, ao sair do banheiro, Regina se depara com a sua cama arrumada e um par de roupa em cima. Abre um enorme sorriso e balança a cabeça negativamente.
— Obrigada meninas! ― Gritou para as duas escutarem onde quer que estivessem.
Após se arrumar completamente, segue para a sala e encontra Ruby já com a mão na massa, tirando as coisas do lugar para varrer.
— Quero tudo bem limpo, hein! ― Finge um tom sério, mas ao ver a cara da morena de mechas ruivas, acaba sorrindo.
Em seguida, segue para a cozinha, procurando pela amiga loira e encontra a mesa repleta de comida e Tinker apoiada na pia, lavando pratos. Mais uma vez, balança a cabeça negativamente, sorrindo.
— Espero que esteja tudo bom. ― Comenta em um falso tom de seriedade, sentando-se à mesa. Tinker revira os olhos ao comentário, mas sorri. Sabia que a amiga só estava brincando. Até porque ela sempre comia de sua comida e sabia o quanto ela cozinhava bem. — Obrigada, por estar me ajudando hoje. ― Fala, realmente séria agora. Estica-se um pouco e pega um pedaço de torrada. — Senta aqui para me acompanhar. ― Indicou a cadeira ao lado. — Ruby? Vem comer também.
— Somos amigas. Sempre que precisar, não importa o que seja, vamos te ajudar. ― Tinker fala e Ruby, que vinha chegando na cozinha, balança a cabeça afirmativamente, concordando.
— Isso mesmo, gostosa! ― A morena de mechas ruivas fala, sentando-se na mesa, de frente para Regina.
— Eu só tenho a agradecer por ter vocês em minha vida. ― Pega as mãos das duas. ― Obrigada por virem até aqui em uma hora dessas. Sei que não gostam de acordar cedo.
― Para ver você namorando a loira gostosa lá, vale o esforço. ― Ruby comenta, bem-humorada.
Entre brincadeiras e muita conversa, devoram todo o café-da-manhã, que como sempre, estava uma delícia, e juntas, arrumam a mesa e a pia. Em seguida, seguem para a sala. Já estava no horário de Regina, mas antes, ela queria explicar para as amigas, como queria a arrumação da sala.
― Bem... ― Olhou de um lado para o outro. — Quero que coloquem as duas poltronas lá na varanda. ― Apontou para as poltronas e depois para a direção da varanda — Deixem essa parte aqui... ― Apontou para onde estava. — Com bem muito espaço e... ― Olhou mais uma vez ao redor. — E a mesa de jantar... ― Apontou para a mesa. — Deixem totalmente vazia. Podem colocar tudo na cozinha, se quiserem, e arrumem com aquela decoração que vocês sabem onde está, certo?
— Certo! ― Tinker retruca. ― Agora, vá trabalhar e nos deixe fazer o que tem que ser feito.
Atendendo ao pedido autoritário da amiga, Regina segue para a porta e a abre, mas antes de sair, lembra de uma coisa.
— Preparem um vestido para mim. ― Deu um sorrisinho, piscou um olho e fechou a porta, contando as horas para que a noite chegasse logo.
•§•
Emma é despertada de seu tranquilo e gostoso sono com o toque do seu celular. Solta um alto gemido de preguiça e sem pressa alguma, senta-se na cama, espreguiça-se um pouco e pega o aparelho, sorrindo ao ver que era Jamie. Já imaginava o que seria.
— O que você quer uma hora dessa, Japa? ― Levantou-se da cama bem devagar e se arrastou até o banheiro.
— Você sabe que eu não sou Japonesa. Sou Americana com descendência Coreana. CO.RE.A.NA. ― Fala irritada e Emma sorri. Jamie odiava que a chamassem de Japonesa ou Chinesa e Emma sabia disso, mas não conseguia evitar a vontade de querer irritá-la um pouquinho. Só não pegavam uma briga feia, porque eram muito amigas. ― Em alguns minutos eu chego aí.
— Tão cedo? Nós só vamos escolher uma roupa e a comida, Jamie. ― Replica, realmente não entendendo qual a necessidade de fazer isso tão cedo se o encontro só seria à noite.
— Na verdade, nós vamos comprar algo novo e diferente de vestidos para você. ― Ao ouvir o que a amiga diz, o rosto da loira se ilumina, feliz por saber que não usaria tal tipo de roupa. ― E eu quero te levar para fazer as unhas. ― Seu tom de malícia fez a modelo gargalhar gostosamente. — Também tem que fazer depilação e arrumar o cabelo.
— Pode retirar a depilação da lista. Eu já faço em casa, quase todos os dias. ― Coloca o celular no alto falante e começa a tirar a roupa. ― Estou indo tomar um banho agora.
— Tudo bem, até daqui a pouco.
Após encerrar a ligação e tirar a roupa totalmente, Swan entra bem devagar debaixo do chuveiro, acostumando sua pele com a água morna e sua mente começa a maquinar sobre a noite que teria com a fotógrafa.
Será que acontecerá algo a mais mesmo, como a Jamie pensa, ou só teremos uma ótima noite agradável ao lado da outra, cheia de conversas e comida boa?
Seria certo, rolar no primeiro encontro?
E se ela não quiser?
E se ela ficar com medo de tentar?
Será que ela quer isso mesmo?
Suas divagações são interrompidas com o toque da campainha, indicando que sua amiga já tinha chegado. A loira se apressa em se enxaguar, e de toalha mesmo, segue para a porta. Jamie havia parado de tocar a campainha e agora batia com força. Se não fosse logo atende-la, ela a derrubaria com certeza.
Alguma ideia de como será essa noite? No próximo veremos o começo dela.
Obrigada pelo feedback e até o próximo!