Scrupulo - Vale Quanto Pesa [...

By TeresaTHelsen

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ROMANCE + THRILLER DE CONSPIRAÇÃO Claudia Cazarotto é uma contadora brasileira que decide esquecer o... More

Capítulo 1: Surpresa na Coffeeshop
Capítulo 2: Jagger tem uma proposta
Capítulo 3: Na Taverna do Duende
Capítulo 4: Primeiro encontro bem sucedido.
Capítulo 5: Preparando-se para o coquetel
Capítulo 6: O coquetel na mansão Cunnings
Capítulo 7: E assim termina a semana.
Capítulo 8: Seth Cunnings; Coquetel e manhã de domingo.
Capítulo 9: Onde estou?
Capítulo 10: O Resgate
Capítulo 11: Maguire na pista da chacina
Capítulo 12: O refúgio de Cláudia
Capítulo 13: Quando se está próximo à pessoa errada
Capítulo 14: Visitas Inesperadas
Capítulo 15: Seth Cunnings bate à porta.
Capítulo 16: O escritório na Blue Velvet
Capítulo 17: A Conversa de Cláudia e Maguire
Capítulo 18: A rotina da Blue Velvet
Capítulo 19: O Apartamento novo
Capítulo 20: Passeio em Soho
Capítulo 21: A festa no Iate
Capítulo 22: "como ocupar a mente" e "o problema de Maguire"
Capítulo 23: A situação de Rebecca
Capítulo 24: Quando Scaffa identifica o inimigo: Isso não ficará barato
Capítulo 25: Depois do atentado.
Capítulo 26: Onde ela está?
Capítulo 27: Liberte a garota e ninguém sairá machucado
Capítulo 28: O policial ferido
Capítulo 29: Jantar em uma casa de famiglia
Capítulo 30: A vigília de Valentine
Capítulo 31: Um momento de trégua I
Capítulo 32: Um momento de trégua II
Capítulo 33: Válvula de escape
Capítulo 34: Um elefante branco no porão
Capítulo 35: Um elefante branco no porão II
Capítulo 36: Vamos sair daqui e ir para o "Smiths"
Capítulo 37: Uma ópera "italiana"
Capítulo 38: Segundo Ato
Capítulo 39: Amigos perto, inimigos mais perto ainda.
Capítulo 40: Vendo de cima
Capítulo 41: Depois daquela noite
Capítulo 42: Oficialmente, isto é um encontro
Capítulo 43: Entrando no seleto clube
Capítulo 44: Filhinhas dos papais
Capítulo 45: Segredos de família
Capítulo 46: Lembrete: você não pertence a esse ninho.
Capítulo 47: Se resolvam sozinhas
Capítulo 48: Discrições necessárias
Capítulo 49: Junta-se a fome com a vontade de comer
Capítulo 50: Diplomacia é o segredo
Capítulo 51: Arremate
Capítulo 52: Começa o jogo
Capítulo 53: Conhecendo o jogo
Capítulo 54: Arrumando as peças no tabuleiro
Capítulo 55: Assumindo um papel
Capítulo 56: He Can Only Hold Her
Capítulo 57: O detalhe que faltava
Pré-venda do primeiro e-book liberada!
Capítulo 58: A família Blue Velvet
Capítulo 59: Joias raras
Capítulo 60: Ponto de conversão
Capítulo 61: Colocando um dedinho no bolo
Capítulo 62: comida e negócios
Capítulo 63: Uma seguradora?
Capítulo 65: O tabuleiro
Capítulo 66: Tenso, eu?
Capítulo 68: Apesar do que pensam
Capítulo 69 - O círculo se fecha
Capítulo 70 - Dallas, Texas
Capítulo 71: O noivado
Capítulo 72: There's a light that never goes out
Capítulo 73 - Haverá sempre um pedaço faltando
Capítulo 74: nem branco nem azul: vermelho
Capítulo 75: o verdadeiro rato
Capítulo 76: Nenhuma boa ação sairá impune
Capítulo 77: Sem misericórdia
Capítulo 78: Cheque mate (CAPITULO FINAL)

Capítulo 64: Em coma

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By TeresaTHelsen

Naquela manhã, já havia chegado ao escritório ao qual não se habituara rápido – embora tenha se habituado bem à equipe – especialmente cheio de energia.

— Recebi um toque curiosíssimo – Maguire fez um sinal para um colega e sem muita explicação o levou para fora do escritório. Diante a insistência do colega, que o seguira sem problemas, mas que não gostava muito de mistérios, revelou:

— Marcus Cunnings está em coma no Hospital Q, ação violenta com armas, pelo o que soube – riu – vamos lá no local onde o crime ocorreu.

O colega arregalou os olhos:

— Como soube de tudo isso?

Maguire fez uma careta pra ele. Claro que décadas na polícia lhe trariam vários contatos nela e além. Uma amiga que fizera em sua jornada trabalhava no hospital, e o avisou sobre Marcus, embora isso estranhamente não tivesse sido reportado a polícia (como deveria ser, quando há suspeita de uso de armas de fogo). Depois, entrou em contato com seu amigo Batista, que mencionou que houve um chamado ontem no porto, devido a explosões no local.

E lá estavam eles. Maguire saltou do carro e foi direto ao encontro de seu ex parceiro, que deu o quadro da situação: explosão de parte de um galpão devido ao uso de granadas. Houve trocas de tiras de armas de grosso calibre. À olhos vistos saltavam marcas de pneu pelo local, entretanto, nenhum corpo. A equipe de perícia já estava no local há tempos e Maguire ficou matutando o que poderia ter levado Marcus a se meter com algo tão arriscado quanto se envolver em uma ação. Ele é geralmente o que maquina as coisas, fornece pessoas, armas, conexões... mas entrar numa "briga", logo depois de sair da cadeia? Isso lhe soava estranho.

Enquanto andava pelo local, viu ao longe um carro que parecia espreitar, mas não ficou por muito tempo. Teve a impressão de já ter visto esse carro antes e por algum motivo o relacionou à Seth. Sabia que não era um veiculo de uso pessoal do empresário, mas talvez fosse de alguém que trabalha para ele. Resolveu levar o colega de volta ao escritório, arrumar uma desculpa para adiar os preenchimentos de relatórios e seguiu para Tribeca.

***

Chegou a sair para correr, mas estava nervosa demais e voltou no meio do caminho. O que foi bom, pois Cunnings havia exigido uma reunião com vários dos chefes de setor hoje mais cedo na empresa. Quando isso acontecia, um fenômeno costumava ocorrer: todos chegavam ao mesmo tempo e acabavam entrando juntos no prédio. E foi o que aconteceu.

Os chefes ao avistar Seth rodeado por seus guarda costas, se aproximaram dele, os guarda costas abriram espaço e todos saíram andando pelo saguão do prédio em direção ao elevador seguindo o CEO, como um séquito moderno.

Maguire observava a entrada do empresário não muito longe, e foi com passos pesados em direção a ele, com uma expressão tipicamente intimidadora.

Cláudia, atrás de alguns colegas percebeu a aproximação de Maguire e instintivamente olhou para Seth à sua frente. Não podia ver mais do que as costas dele, mas jurava que percebera uma reação hostil imediata.

Por um segundo, Seth quis ignorar a presença de Maguire, mas viu que isso não seria possível, pois o detetive estava agora a alguns poucos passos, e parecia determinado e confiante – além de temerário.

— Cunnings – Maguire falou alto, levantando o queixo.

Seth levantou o olhar azedo vagarosamente, cheio de impaciência.

— Você é o responsável legal por seu irmão, Marcus... creio que precisamos conversar.

Os executivos que o acompanhavam se entreolharam confusos, não imaginavam do que se tratava aquela cena. Cláudia estava tensa.

Seth deu três passos na direção de Maguire, e instintivamente, seus funcionários sentiam que não deviam se mexer (alguns até, deram uns passos para trás).

— Desculpe. Não tenho nada a conversar com você.

— Seu irmão ainda está em condicional.

Seth baixou a cabeça, de lado e soltou um sorriso sarcástico, como quem não está acreditando no que ouve. Levanta em seguida e encara o policial.

— Você não é o agente dele. Passar bem – virou seu corpo na direção do elevador.

— Senhor Cunnings, eu preciso lhe lembrar que agentes federais podem inquerir sobre cidadãos em liberdade condicional sem a intervenção de seu respectivo agente – insistiu, levantando um pouco a voz.

Seth voltou-se. Colocou a mão no bolso e balançou a outra com o dedo indicador, que aproximou de seu próprio rosto por vezes. Seus gestos demonstravam uma impaciência e expansividade atípicas.

— Quer saber, senhor Maguire, acho que vou precisar entrar com uma ação de restrição contra você.

— Sou um agente federal Cunnings, não pode me afastar tão fácil assim.

Seth soltou um riso pelo nariz. Com três passos se aproximou de Maguire e falou, em tom mais baixo, e com uma expressão dura:

— Que eu saiba... um agente federal não está acima da decisão de um juiz.

Encararam-se por uns dois segundos em silêncio, de cara fechada.

Infelizmente para Maguire, insinuações sem provas não condenavam ninguém.

Em seguida Seth olhou para os guarda costas e seguiu seu caminho. Os homens impediram Maguire de fazer mais alguma tentativa de abordagem, mas ele nem se importou. Não tinha intenção de continuar. Porém, enquanto os executivos seguiam seu chefe, Maguire viu entre eles Cláudia, que também o observava, e mesmo quando já estava de costas para ele, chegou a dar uma ou duas olhadas para trás.

Ele não ficou espantado de encontra-la ali, é claro. Mas de alguma forma se sentiu desconfortável, e percebeu que ela também. Fora a primeira vez que se viam em um mesmo ambiente e sequer se cumprimentavam. Claro, a situação não permitira, mas também não amenizava a estranheza.

***

A reunião se tratava de Seth delegar algumas responsabilidades aos seus chefes, pois poderia se ausentar inesperadamente. Ele não deu detalhes do porque, apenas pediu para que se atualizassem do que precisava ser feito e delegou algumas de suas tarefas aos chefes dos setores respectivos. Cláudia não viu nenhuma abertura ou possibilidade de falar com ele a sós, e fazer um pedido de uma reunião privativa seria descabido no momento.

Durante toda a reunião, ela o encarou, esperando que ele a olhasse com um pouco mais de atenção para que pudesse então fazer algum gesto que indicasse que precisava lhe falar. Mas isso não aconteceu. Seth estava em um estado tal, que toda sua concentração estava em tentar ser objetivo e largar para os funcionários suas tarefas.

Não restava nada além de ela se conformar em ter seus olhares suplicantes ignorados e seguir para sua sala onde deveria fazer uma reunião com a equipe e passar as diretrizes.


***

— Viggo já passou dos limites.

Ouviu-se um suspiro profundo saindo do aparelho, em seguida a voz rouca de West disse:

— Não temos como provar, Seth. Não temos... e a notícia que temos agora é de que o FBI já está envolvido na investigação.

Seth pressionou com o polegar e o indicador entre os olhos. Balançou a cabeça como se o interlocutor pudesse vê-lo através do viva-voz.

— Não sei o que fazer – sussurrou. Ficou em silêncio alguns segundos e declarou — De qualquer forma, precisamos acionar o clube. Vários membros foram atacados e não sabemos o porque, nem por quem... e, estarmos no clube deveria nos proteger de ser atacados por outros membros...

— Mas Seth, você sabe que...

— É claro, não sou idiota! Mas já que ele resolveu fazer isso, eu vou exigir uma investigação interna. Sei que não vou pegar ele, mas quero foder com qualquer filho da puta que resolveu se aliar aquele desgraçado!

Enquanto gotículas de saliva saiam de sua boca atrás de suas palavras alteradas, Cláudia o assistia quase da porta de sua sala, sem ser percebida.

— E que quero o fígado do Wyclef! – gritou em direção ao telefone, desabafando. Ao levantar o corpo para respirar fundo, viu Cláudia parada em sua sala. Franziu as sobrancelhas de surpresa, mas a cara não melhorou muito.

Abriu a boca intencionando falar algo, mas parou assim que ouviu:

— Arre, e vâmo por no espetinho, mas não sem antes nos certificar de como vai proceder a investigação, do clube e da polícia, né?

Seth olhando para Cláudia levou o dedo aos lábios, indicando silêncio, e voltou a voz para o aparelho:

— Entre em contato com os nossos aliados da "realeza" do Clube, vou me dedicar a esses assuntos por esses tempos e ficar um pouco fora da Blue Velvet. Depois nos falamos.

Apertou um botão e ouviu-se a ligação ser finalizada.

Olhou para ela agora um pouco mais ameno, mas notoriamente incomodado. Não tinha intenção de que ela ouvisse essas coisas.

— Eu... – Cláudia se preparou para perguntar como ele estava e dizer que veio saber dele. Mas achou tudo obvio e calou-se. Se aproximou dele, que agora estava escorado na mesa. Parou em sua frente, segurou forte em seus ombros, alisou seus braços e levou uma de suas mãos ao rosto dele, acarinhando-o — Eu tinha que vir.

Seth segurou sua outra mão entre as dele e sorriu, mesmo desanimado. Gesticulou a palavra "obrigado" sem emitir som.

— Como se sente?

Seth respirou fundo e seus olhos passearam no ar, procurando alguma coisa. Em seguida, olhou para Cláudia; lábios comprimidos, cenho cerrado e uma expressão pensativa.

— Não sei, realmente.

Ele fez um breve silêncio, mas Cláudia percebia que isso precedia algum desabafo, e então ficou quieta.

— Marcus sempre foi espontâneo, diferente de mim. E ele conseguiu tudo assim, porque tinha iniciativa – olhou pra cima, como recordasse algo — foi graças a ele que eu pude entender e conhecer muita gente... — seu olhar se fixou em algo no chão e suas sobrancelhas franziram — quando foi que ele deixou de ser um exemplo pra mim?

Soltou o ar pesadamente e largou os ombros. Pousou as mãos entrelaçadas em seu próprio colo ainda cabisbaixo. Meneou a cabeça como quem tem vários pensamentos controversos, em uma breve discussão mental. Soltou um breve riso irônico, com certa carga de cansaço (ou tristeza) e olhou para ela.

— Infelizmente, o que era considerado qualidade, com o tempo revelou-se como defeito. A intrepidez era acompanhada de um egoísmo incrível.

Cláudia deslizou a mão de seu rosto e pousou no peito, ao mesmo tempo que franziu de leve as sobrancelhas. Não estava certa se havia compreendido, afinal, o irmão dele sofreu um ataque, não era isso?

— Não é a primeira vez que ele age sem informar, e acaba afetando associados e desmantelando um monte de acordos delicados – disse Seth, como quem tivesse adivinhado o que ia à cabeça de Cláudia.

Ela entendeu. Não precisaram falar nada por alguns momentos. Mas ela sabia que precisava abordar um assunto que seria do interesse dele.

Por mais que Seth estivesse passando por um momento delicado, se isso o afetasse muito, poderia ser que ignorasse algumas boas possibilidades, e ela queria alertá-lo. Além disso, ela tinha um compromisso de consideração com Cristina e com o próprio Seth. Ela sabia que esse Wyclef precisava sair do jogo, e iria fazer o possível para armar a sua derrocada. E como não é mulher de dar ponto sem nó, iria costurar algumas outras possibilidades...

— Eu, não teria entrado assim, você sabe... mas a Meg disse que eu podia entrar.

Seth riu, de uma forma quase desanimada, denotando todo o cansaço que sentia ao mesmo tempo que mostrava o quanto estava confortável com ela.

— Eu dei instruções para ela que sempre deixasse você entrar.

Cláudia riu com ele. Trocaram olhares irônicos, afinal, em seu furor amoroso ele teria ignorado que ela poderia entrar mesmo quando não fosse conveniente.

O riso foi breve já que não havia muito clima. E Cláudia resolveu emendar:

— Bem, claramente eu não deveria ouvir suas conversas privadas, mas... não vou fingir que não ouvi nada. E... algumas coisas vieram a minha cabeça com relação ao que ouvi, possivelmente interessem a você, mas... poderia me dizer o que está acontecendo?

Seth franziu mais o cenho e levantou de lado o lábio superior, numa careta quase cômica de quem não sabe por onde começar.

Respirou fundo, largando os ombros quando soltou o ar. Mexeu o pescoço como se quisesse se livrar da tensão, virou-se em direção à pequena "copa" disponível atrás de sua mesa (um tipo de balcão com um frigobar, bebidas, cafeteira e coisas do gênero), mas olhou desanimado, desistindo de algo. Tirou o blazer e caminhou na direção oposta, indo para o sofá, onde deitou-se recostando a cabeça no braço.

— Ora, ora... vamos do começo... – disse pausadamente

Cláudia foi até o bar e tomou a iniciativa de serviu um pouco de bebida para Seth.

— as coisas estão intrínsecas, mas vamos vê-las de modo separado ok? Pois não vou te contar tudo: seria maçante — Cláudia se aproximou e deu a bebida a Seth, que a segurou em cima do peito – (obrigado, querida) e também não quero complicá-la. Aquela coisa, não vou te contar detalhes comprometedores blá blá blá, você já sabe – Cláudia levantou as pernas de Cunnings e sentou-se no sofá, posicionando as depois em cima de seu colo — O ponto mais importante é: um dos caras grandes do... clube de cavalheiros ao qual eu pertenço...

— E de damas, já que a Copas está no mesmo clube...

— Certo, e de damas (mesmo que poucas), me odeia. Na verdade, posso dizer que acredito que ele tenha entendido minha intenção, aqueles meus objetivos que você já sabe. Acredito também que ele desconfie de minhas conexões com o governo – Cláudia com expressão surpresa fez menção de falar algo, mas foi interrompida — não, não falaremos disso agora. Ele me odeia e quer obviamente acabar com a minha raça, seja me desmoralizando ou arrancando minha pele, literalmente ou não. Enfim...

Seth suspirou e bebeu um gole. Cláudia tirou os sapatos dele.

— Como vocês são da mesma organização, não podem fazer nada diretamente um contra o outro. Então devem fazer esses ataques discretamente. Assim como aliados...

Seth concordou com a cabeça.

— E a maioria que está com ele quer minha cabeça – Seth riu – mas eu sou bom demais pra eles conseguirem. Os melhores advogados, soldados, caçadores, traficantes, armamentistas... Eu vou acabar com eles lá de dentro e ninguém vai saber o que aconteceu.

— Você tem colhões – disse admirada.

— Grato. Eis algo que não me falta.

Cláudia sorriu orgulhosa e Seth devolveu o sorriso.

— Certo, você é um vírus dentro desse clube – Seth riu concordando e ela concluiu — então seu inimigo está tentando te afetar de qualquer jeito, como por exemplo atacando seu irmão.

— Sim. O problema é que meu irmão é um membro desse clube, assim como tantos outros. E aqui chegamos na situação dois: Marcus estava em um território nosso. O que ele estava fazendo lá? Não faço ideia. O que eu sei: o time dele, que incluía Wyclef e Christus foi atacado de surpresa. O que eu presumo: Ele queria passar o Christus. O que eu presumo II feat fofoca da Cazarotto: foi influenciado pelo Wyclef. O que eu presumo III: o Wyclef armou essa emboscada com a ajuda (ou a mando) de Viggo. O problema: provar isso para que eu possa agir contra ele ou, armar um plano onde eu possa agira contra ele sem o clube descobrir.

Cláudia soltou o ar que segurava há algum tempo, tensa, só de imaginar o quanto Seth teria que se desdobrar e o perigo que seus inimigos representavam.

— Ah Seth... se eles eram do mesmo time, então não seria estranho o Wyclef e seu irmão conversando... esses dias fui ao Palisades e ouvi, nada muito claro, mas se for referente a essa situação, a frase "depois disso, tudo se resolverá" proferida por esse cara ganha várias possíveis conotações.

Seth concordou e fechou os olhos em seguida, como se isso pudesse conter a fúria que se desprendia dele, mesmo diante seu comportamento controlado com Cláudia.

— Você deve estar louco pra moer esse filho da puta.

Seth respirou fundo.

— Mas se você não pode pega-lo, pois não tem provas e ele está sendo acobertado por alguém de influência, vai precisar de algo de fora para interferir.

Ele abriu um dos olhos e a olhou. Cláudia o observava enquanto mexia em seus pés, como estava fazendo antes. Ele abriu os dois olhos e a encarou.

— O que você quer dizer?

Cláudia respirou pensativa. Depois o encarou.

— Se nem você nem o clube podem se mexer, precisam de alguém que possa. Que não tenha envolvimento com nenhum dos dois, e que possa interferir na – digamos assim – jurisdição de ambos.

— Você não está sugerindo...

— Deixe o FBI cuidar disso, sim.

— Quê? – ele levantou parte do corpo e apoiou o cotovelo.

— O Wyclef é do FBI e é do Clube, ele vai usar ambos para virar contra você... então deixe alguém do FBI cuidar dessa investigação e eliminar um dos campos de ação do seu inimigo.

— Mas o Viggo pode comprar muita gente lá dentro

— Tem gente que não pode ser comprada – sorriu de lábios fechados.

Seth fechou a cara e se jogou em sua posição anterior: cabeça apoiada no braço do sofá, olhando pra cima. Depois de vários segundos, disse:

— Mas pode ser morta – Ainda fitando o teto fixamente.

Cláudia levantou as sobrancelhas.

— Você pode investir nisso e deixar a situação se resolver – porque ela irá, você conhece o temperamento dele – onde todos saem satisfeitos; ele faz justiça, você consegue provas que lhe permitam interferir (o clube não poderá contestar facilmente, ainda mais que não vieram de você). E enquanto ele trabalha, você gasta algum dinheiro (que não está exatamente faltando, sejamos sinceros, eu conheço seus números), e se concentra no que interessa de fato: proteger sua família e arquitetar uma forma de aniquilar esse Viggo.

Enquanto Cláudia falava, Seth nada disse. Mas seus lábios foram gradativamente esticando.

***

Falando com os homens que acompanharam Marcus em sua empreitada, foi dito que se tratava apenas de uma sabotagem que fariam com um dos aliados de um dos chefes da área, coisa de desarticulação básica, que mal tinha a ver com os planos de Seth.

Quando ouviu isso de West – pois estava um tanto afastado dando suporte à mãe deixando algumas coisas nas mãos dos seus sócios – imediatamente lembrou de Cláudia e do que soube através dela. Wyclef teria algum envolvimento e eles não sabiam qual.

— E tendo o FBI iniciado investigações tão rápido assim, é claro que Wyclef tinha armado algo, já que ele é um agente.

— Você tem razão, Seth. Eles estão tramando uma armadilha – concordou Drake.

West passou a mão no rosto, acompanhando o desenho do bigode, em concordância.

— Sendo assim quero garantir que o caso não vá para as mãos de nenhum aliado do inimigo. Quero que acompanhem de perto os movimentos e cuidem da segurança do agente Aidan Maguire.

Os outros homens na sala – entre eles Silva – ignoravam a proximidade do detetive com a contadora e da contadora com o chefe, mas Drake levantou uma sobrancelha e West fez um bico.

— Mas o cara não é aquele mesmo que veio te perturbar por causa do seu irmão? – indagou Silva.

Seth concordou.

— êh-êh – West balançou a cabeça negativamente — Isso vai dar encrenca, homem. Se ele for mesmo honesto como dizem, cê não vai conseguir comprar ele...

— Ora, mas eu não quero compra-lo. Estou escolhendo protegê-lo porque estou contando que ele seja incorruptível. Mas como o seguro morreu de velho, prefiro ter certeza disso, então mande nossos homens vigiarem ele.

— Mas Seth... to pensando aqui – interferiu Drake docilmente – se ele pegar o caso e investigar, ele pode descobrir a interferência do Wyclef e do Viggo, o que é o que esperamos, mas... ele pode descobrir o Marcus também.

Todos concordaram que isso poderia acontecer e fitaram Seth, esperando sua decisão. Sabiam o quanto ele amava a família, mas também sabiam que o compromisso que tinha com eles e com seus planos maiores, era absoluto.

— Marcus tinha ciência de que eu não prejudicaria a todos e suas família para protegê-lo de uma ação impensada (e não comunicada). Tenho certeza de que ele entenderá minha decisão.

Em sua cabeça, tanto Drake quanto West tinham suas dúvidas, mas nada disseram.

— O time dele já agia independentemente. Vou me certificar de que não existam conexões possíveis – ele falava com confiança – enquanto isso, vamos deixar o homem da lei fazer o seu trabalho por nós. Cabendo a gente apenas garantir que ele chegue íntegro, fisicamente e moralmente, ao final de sua investigação.

No final da reunião, todos saíram satisfeitos com os detalhes das instruções dadas pelo chefe. Realmente, deixar o homem agir livremente em sua investigação traria mais benefícios a eles do que aos homens de Viggo.

Enquanto saía, West chegou a se deter um pouco e pensou em alertar Seth sobre suas possíveis influências, mas acabou desistindo. Não seria o momento adequado ainda.

***

Não era horário de visitas, mas Cláudia sabia que Seth estava indo fora de hora de propósito, para ser discreto e não topar com ninguém. Tanto que quando ela anunciou que chegara ao hospital, ele pediu que ela se dirigisse a outro ponto, uma ala mais discreta próxima ao quarto de seu irmão, para que ele a encontrasse e então pudessem ir ver Marcus.

Entraram no quarto e Cláudia não pode deixar de se chocar com a diferença que existia na imagem daquele homem deitado e cheio de tubos com a do ativo e expansivo Marcus que conheceu.

Trocaram algumas palavras a esmo, qualquer coisa que fosse amena o suficiente para distrair e sensível o suficiente para não ofender a situação. Afinal, ambos sabiam que Cláudia só estava ali para dar apoio a Seth, visto que ela mal conhecia Marcus.

Entretanto, no semblante de Cunnings pairava uma nuvem. Apesar do que falara mais cedo, havia tristeza e culpa em seus olhos.

— Você não deve se culpar pela ação dos outros – Cláudia segurou o braço de Seth – Sei que não é o que gostaria de ouvir de mim agora, mas...

Seth segurou a mão dele e meneou a cabeça, indicando que a entendia.

Como ser humano, ela entendia a dor que causava ter um ente tão próximo em coma.

E por ter carinho por Seth e Cristina, se condoía.

Mas ao pensar que praticamente no quarto ao lado Christus (que deixava sozinhos esposa, um menino e um bebe que ainda nem havia nascido) estava na mesma situação, criada justamente por Marcus, ela não conseguia realmente sentir pena daquele homem.

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inicio da parte 9

olá pessoal! Essa semana eu terminei de planejar todo o livro (faltava decidir algumas coisas das partes finais) e posso afirmar que serão 12 partes, sendo que as partes 11 e 12 serão pequenas (eu acho rsrs)

mas enfim, estou feliz que agora sei como termina certinho, e isso me ajuda muito a me organizar pra escrever!

espero que gostem

kissu!

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