CHEGUEI
CHEGUEI CHEGANDO BAGUNÇANDO A PORRA TODA E QUE SE DANE EU QUERO MAIS É QUE SE FODAAAAAAAAAAAAAAAAAA
QUASE FIFTH HARMONY DA MANHÃ E EU AQUI POSTANDO FANFIC (quem entendeu entendeu quem não entendeu foda-se)
ADMIRO A MULHER GUERREIRA QUE SOU
AINDA MAIS UM CAPÍTLO DE MAIS DE NOVE MIL PALAVRAS, ADMIRO A AUTORA GUERREIRA QUE SOU
EU SÓ QUERIA DIZER QUE CHOREI ESCREVENDO ESSA MERDA E QUE DESISTO DE MIM MESMA NÃ SEI PORQUE SOFRO COM MINHA PR'PRIA HISTÓRIA
NESSA XERECA TOCA UM HINO CHAMADO "HERO" DA MARIAH CAREY QUE APESAR DE JÁ ESTAR MORTA AINDA TEM ESSES HINOS DE 1675 QUE A GENTE GOSTA
ENTÃ COLQUEM PRA TOCAR SEM DESCULPA TEM NO YOUTUBE TEM NO SPOTIFY TEM EM TODOS OS LUGARES QUEM NÃO COLOCAR EU CONDENO AO INFERNO NESTA PORRA
É ISSO, NÃO ACREDITO QUE TO VIVA, BOA LEITURA NESSE PEDAÇO DE CARALHO
Camila POV
Abri os olhos da forma mais preguiçosa que eu conhecia e tentei me mexer, mas percebi que havia um peso sobre o meu quadril. Sorri, percebendo que era o braço de Lauren e que ela estava bem atrás de mim. Somente aproveitei o momento, vendo o quanto era bom estar deitada com ela porque, depois de tanto tempo, era a primeira vez que dormíamos juntas.
- Bom dia, princesa. – Disse com a voz rouca bem atrás de mim e eu me virei somente para ver o seu lindo sorriso como primeira coisa daquela manhã.
- Oi, meu anjo. – Falei acariciando seu rosto. Lauren beijou a palma da minha mão.
- Dormiu bem?
- Sim, não poderia ter dormido melhor. – Disse abrindo um sorriso. – Lo, você não vai trabalhar hoje? – Perguntei ao conseguir ver a hora no relógio do criado mudo, bem atrás dela.
- O estágio é só aos dias de semana, princesa. – Respondeu acariciando meu ombro.
- Isso quer dizer que você é minha o final de semana todo?
- Sim, princesa. Toda sua. – Ela assentiu, sem parar de sorrir nem por um segundo.
Me estiquei para dar um selinho nela.
- Minha mãe não veio pra casa?
- Sim, mas ela foi trabalhar. – Começou, acariciando meu ombro. – Você estava em um sono muito pesado, não deixei ela te acordar. – Sorri.
- Obrigada, meu anjo. Vou levantar e fazer o café, você quer dormir mais um pouco enquanto isso? – Perguntei vendo a carinha dela de sono que era a coisa mais linda que alguém podia ver de manhã.
- Não... Na verdade, fique bem aqui. – Ela selou nossos lábios. – Não se mexa, eu volto já.
- Lo, deixa eu te ajudar a fazer o café! – Disse começando a me sentar e fui empurrada delicadamente pelos ombros até estar deitada de novo.
- Não, princesa, fica deitadinha ai que eu já volto. – Lauren se levantou da cama de vez e apontou para mim com um sorriso, já perto da porta. – Se você me ama, fica deitada, por favor.
- Não vale, Lo! – Reclamei rindo e ela fechou a porta quando saiu.
Acabei me esticando para pegar meu celular, vendo que tinha mensagens de Hailee, Normani e Harry. Comecei a respondê-las, imaginando que há um tempo eu não fazia a mínima ideia de que seria o tipo de pessoa que conversa por mensagens com alguém que não é a própria mãe e até tem algumas acumuladas quando checa o aparelho. Era realmente inovador me sentir tão bem comigo mesma e poder comparar com quem eu era, isso me deixava orgulhosa de tudo o que eu estava fazendo ultimamente.
Harry queria combinar o trabalho comigo e sugeriu que fizéssemos uma chamada de vídeo para conversarmos melhor sobre. Eu disse que faria depois que tomasse café e ele falou que era só eu chamar. Hailee estava, na verdade, continuando uma conversa que começamos no dia anterior sobre alguns problemas que ela estava tendo no namoro com Ally, mas na mensagem ela contava que conversou e que aparentemente elas tinham se resolvido. Normani estava me chamando para um encontro duplo amanhã em uma pizzaria, ela iria levar Dinah e eu deveria levar Lauren. Respondi que iria falar com a minha namorada, mas que por mim, eu estava dentro.
Continuei conversando com Hailee, contando que Lauren dormiu aqui ontem a noite e ela começou a me sacanear, me deixando envergonhada com as suas piadas de duplo sentido. Não que não tenha acontecido, eu só não achava necessário as pessoas ficarem rindo ou qualquer outra coisa do tipo, quer dizer, viviam espalhando por aí que é algo normal e tal e no fim das contas você não pode falar nada porque as pessoas começam a agir como se tivessem cinco anos de idade. Claro que eu sabia que Hailee era minha amiga e só estava querendo me deixar com vergonha, mas tinha certeza de que haviam pessoas que eram exatamente assim e não era no bom sentido.
- Agora sim, muito bom dia para a princesa mais linda desse mundo. – Lauren entrou no quarto com uma bandeja em mãos e eu só consegui sorrir, meu coração se aquecendo por lembrar o quão bom era ser mimada por ela daquele jeito.
Bem, eu li uns livros novos esses dias e alguns deles atribuíam um sentido bem ruim para mimada, mas eu sabia que a Lo me mimava no bom sentido.
- Lo! – Disse com estômago roncando por sentir o cheirinho de pão que vinha da bandeja. – Você é um amor, obrigada. Não precisava.
- Precisava sim. – Ela se sentou ao meu lado e colocou a bandeja no meu colo, me fazendo sorrir por ver toda aquela comida. Fiquei observando quando ela colocou queijo no pão, que estava quentinho.
- Lo, você foi na padaria? – Perguntei ao sentir o quão quente o pão estava.
- Fui sim, princesa.
- Meu amor, não precisava.
- Para de dizer que não precisava e come, anda. – Falou enchendo um copo de suco.
Começamos a comer em silêncio, eu estava com fome e não dei uma palavra até acabar com aquele pão todinho. Lauren colocou alguns pedaços de maças em um potinho no canto da bandeja e eu comecei a comer depois de beber um pouco de suco.
- Lo, tenho que fazer uma chamada de vídeo com o Harry, da faculdade, para combinarmos as coisas sobre aquele trabalho. Você não fica chateada? – Lauren franziu as sobrancelhas e eu achei que foi uma das coisas mais fofas que já vi na vida porque ela estava com a boca cheia e as bochechas sujas de farelos.
- Por que eu ficaria chateada? – Questionou depois de engolir.
- Porque eu não vou poder te dar muita atenção. – Ela sorriu e eu limpei os farelos do seu rosto.
- Princesa, deixa de besteira. Eu vou ficar quietinha na sala adiantando algumas leituras da faculdade e quando você acabar a gente faz alguma coisa juntas, sim? Até porque, me deixa extremamente feliz que você tenha mais um amigo novo, eu seria uma idiota se ficasse chateada. Idiota no péssimo sentido. – Dei um selinho nela.
- Obrigada, meu anjo. – Passei a mão nos cabelos. – Ah, Normani sugeriu que fossemos em uma pizzaria amanhã, ela disse que seria tipo um encontro duplo, ela vai levar Dinah e eu levo você, você quer ir?
- Claro, meu amor. Normani e Dinah são ótimas e será ótimo para matarmos as saudades delas. – Respondeu dando um beijo na minha têmpora.
Acabamos de comer e fomos lavar a louça, depois eu tomei um banho rápido e escovei os dentes antes de pegar o celular para chamar o Harry para tal chamada de vídeo. Acabei sem descobrir como faria a maldita coisa e fui procurar a minha namorada, que havia me pedido um caderno e uma caneta emprestados e estava compenetrada lendo algo no celular e anotando no caderno.
- Anjo... – Chamei um pouco envergonhada, eu devia saber fazer chamadas de vídeo a essa altura da minha vida.
- Oi, princesa. – Respondeu tirando a atenção do que fazia e virando-se para mim.
- Me ajuda? – Sacudi o celular e ela assentiu, me sentei na beira do sofá e lhe entreguei o aparelho. – Eu... Eu não sei fazer uma chamada de vídeo. – Lauren riu.
- É muito simples, princesa. – Ela me devolveu o aparelho. – Você tem que abrir esse app aqui, ele é justamente pra isso. Chama FaceTime. – Cliquei no ícone verde e percebi que nunca tinha aberto esse aplicativo na minha vida. – Agora você digita aqui o nome do contato dele e coloca pra buscar. – Rapidamente o contato do Harry apareceu. – Agora você clica aqui e vai começar a chamar, aí quando ele atender pronto, vocês estão em uma chamada de vídeo. – Explicou pacientemente e eu segui todas as instruções.
- Obrigada, Lo. – Beijei sua bochecha e fiquei de pé.
- Vai lá, princesa. Qualquer coisa chama.
- Ok. Bom estudo, meu anjo. – Disse subindo as escadas com o celular na mão e sem deixar a tela apagar.
Quando cheguei no meu quarto, finalmente fiz a ligação e esperei pacientemente que Harry atendesse. Era bem parecido com o que eu via nos filmes e minha imagem ficava de fundo meio que de forma apagada enquanto dizia que estava chamado. Harry não demorou a aparecer na tela e a minha imagem ficou em menor tamanho, como um retângulo em pé no canto da dela.
Fiquei feliz ao ver que ele usava roupas confortáveis de ficar em casa e não aqueles looks sofisticados que veste para ir a faculdade que fazem eu me sentir um tomate podre ainda que eu esteja vestindo as minhas melhores roupas. Seu cabelo parecia mais cacheado do que o normal e ele abriu um sorriso enorme ao me ver na tela, me fazendo retribui-lo quase que instantaneamente.
Passamos bastante tempo discutindo todos os aspectos do trabalho e ele fez questão de me explicar quem ia falar o que na hora da apresentação. Eu, honestamente, queria fugir dessa apresentação e Harry estava sendo tão gentil que até mesmo me ofereceu que eu não apresentasse. Ele disse que eu podia não apresentar e ele iria conversar com o professor e pedir para que isso não diminuísse minha nota. Eu fiquei mais do que tentada a aceitar, seria perfeito e eu já havia ido aos meus limites muitas vezes em poucos dias somente por falar com Harry, mas eu não acreditava ter essa opção, por isso recusei e continuei discutindo com ele a parte da apresentação.
Eu iria apresentar.
Ou pelo menos iria tentar, quer dizer, se eu saísse correndo antes de dizer uma palavra, saberia que tentei e que fiz um esforço enorme de levantar da minha cadeira e ficar parada do lado do grupo enquanto eles falavam e a turma toda me encarava. Iria ser a coisa mais difícil que já fiz em toda a minha vida, mas eu daria o melhor de mim nisso.
- Então, amanhã eu e os meninos que estão fazendo o trabalho comigo vamos nos encontrar para discutir melhor a parte da apresentação, você quer vir com a gente? – Cocei a nuca e lembrei que amanhã eu iria na pizzaria com as meninas.
- Eu não sei, depende da hora, tenho um compromisso a noite com umas amigas... – Harry deu um sorriso gentil.
- Seria a tarde, no caso, porque eu também tenho um compromisso à noite. – Assenti.
- Então tudo bem, só me fala onde vai ser com um pouco de antecedência porque eu vou pedir pra minha namorada me levar. – Falei naturalmente, esquecendo-me completamente de que tinha acabado de conhecer Harry.
Os milissegundos que demoraram pra ele responder fizeram com o que mil coisas se passassem pela minha cabeça, desde que ele fosse perguntar espantando se eu tinha uma namorada por conta da minha condição até o fato de que ele podia ser preconceituoso com casais homossexuais.
- Tudo bem, vai ser numa praça que tem no bairro do Liam, eu não lembro o nome, mas vou te mandar por mensagem quando desligarmos, ok? – Fiquei feliz por ele me responder de forma normal e não se ater ao fato de que eu tinha uma namorada. Isso mostrou que ele não era nem babaca nem preconceituoso e eu estava feliz de ter encontrado mais uma pessoa assim, quer dizer, se eu decidisse falar com alguém e descobrisse que a pessoa é uma idiota, eu certamente iria ficar receosa de falar com todo o mundo. – Liam também está fazendo o trabalho com a gente, ele é meu amigo desde o ensino fundamental e tenho certeza de que você vai adorá-lo! – Sorri e assenti, mas não pensei em nada inteligente para responder. Felizmente eu não precisei, já que Harry continuou falando. – E o outro menino que está fazendo o trabalho conosco é o Niall, conhecemos ele na faculdade, mas ele também é ótimo. Inclusive foi ideia dele eu convidar você pro trabalho da primeira vez.
- Sério? Por que eu?
- Ah, não sei, você tem cara de ser inteligente e o resto da turma já meio que tem seus grupinhos formados... Até porque você tava sempre na sua, então achamos que você talvez fosse gostar de ter alguns amigos.
- Ah sim, isso foi extremamente gentil, vocês são uns amores. – Falei com um sorriso tímido.
- Você que é. – Ele sorriu pra mim e ao fundo era possível ouvir uma voz feminina gritando. – Me desculpe, é a minha mãe. Fiquei de ajudar a fazer o almoço e esqueci, me desculpa mesmo.
- Sem problemas, vai lá ajudar sua mãe. Beijos e até amanhã! – Ele jogou um beijo para a câmera e desligou a ligação depois de acenar.
Deixei o celular de lado e fui até o computador, deixando o caderno com anotações sobre o trabalho em cima da mesa, porque começaria a fazer a minha parte escrita mais tarde. Harry mencionou almoço e eu lembrei que também precisava fazer um, principalmente porque Lauren estava aqui e ela sentia fome cedo. Por mim, eu faria qualquer gororoba às 15h da tarde, mas eu não iria dar qualquer besteira para a minha namorada comer e ainda mais essa hora, então desci as escadas para ir para a cozinha começar a preparar o almoço.
- Anjo. – Chamei vendo-a super compenetrada anotando várias coisas no caderno enquanto lia do celular.
- Oi, princesa. – Ela virou o rosto na minha direção e eu me aproximei para lhe dar um selinho. – Já acabou de falar com o seu amigo? – Assenti.
- Sim. Você está muito ocupada? – Negou com a cabeça.
- Não, na verdade eu só estou adiantando, não é nada urgente não.
- É que os meninos vão se encontrar amanhã pra falar mais sobre a apresentação que vai ter do trabalho ai eu queria saber se você pode me levar lá.
- Claro que levo, princesa. Mas nós não íamos na pizzaria com as meninas?
- É só a noite e os meninos querem se encontrar de tarde. – Lauren assentiu e tirou as coisas que estavam em cima de suas pernas, aproveitei para ir sentar em seu colo e envolver os braços em seu pescoço.
- Ah, então tá tranquilo. Vai ser onde?
- Não sei, to esperando o Harry me mandar o nome da praça. – Ela deu um beijo na minha bochecha.
- Tudo bem. – Eu sabia que tinha que levantar e ir fazer o almoço, mas preferi simplesmente deitar a cabeça em seu ombro e aproveitar o abraço gostoso que recebi com isso. – Que foi, minha princesa? – Perguntou ao ver a minha mudança de comportamento repentina.
- Eu ainda estou com saudade de você. – Ela beijou minha mão que brincava com um fio solto em sua camisa branca.
- Oh, meu amor. – Disse me apertando um pouco mais e fazendo eu me encolher até ficar parecendo uma bolinha em seu colo. – Vamos fazer o seguinte? Hoje você vai passar o dia inteiro agarradinha em mim e eu vou fazer toda essa saudade ir embora, sim?
- Só hoje... Porque amanhã você vai embora ai eu vou ficar com saudade de novo. – Murmurei sem me importar com o quão manhosa eu soava.
- Eu sei, princesa. Eu também sinto muitas saudades de você, mas quer saber, isso é temporário. – Levantei a cabeça.
- É?
- É sim, e você quer saber por que?
- Quero. – Disse sabendo que a próxima coisa que ela ia dizer possivelmente ia me derreter toda.
- Porque quando a gente casar vamos morar juntas até ficarmos bem velhinhas e aí você nunca mais vai sentir saudade de mim. – Dei um sorriso gigante.
- Você quer mesmo casar comigo? – Perguntei com meu coração quase explodindo com uma ideia tão adorável como a de poder chamar aquela mulher que eu tanto amava de esposa.
- E como eu não iria querer casar com a princesa mais linda desse mundo todinho? – Respondeu me dando um selinho longo e eu voltei a repousar a cabeça no seu ombro.
- Eu... Eu realmente gosto da ideia da gente casar. – Falei dando um beijo casto em seu pescoço. – Eu queria que a gente usasse aquelas alianças que dentro tem gravado um o nome da outra, sabe? Acho lindo.
- Sim, princesa, é muito bonito. Você quer que nossas alianças sejam assim? – Assenti. – Então elas serão.
- Na sua, o meu nome estará escrito do lado de fora pras vadias não chegarem perto. – Falei brincando, mas fingindo que eu estava séria.
- Camila! Você disse que ia melhorar os ciúmes! – Comecei a rir.
- Eu estou brincando, meu anjo. – Disse beijando sua bochecha, mas resolvi continuar com a brincadeira. – Só o fato de você usar uma aliança enorme vai manter essas vagabundas longe. Ou vai atraí-las? Tem mulher que só se envolve com gente casada! – Caí na risada novamente vendo ela séria. – Amor, eu to brincando. Eu confio em você com ou sem aliança.
- Que susto, princesa. – Falou beijando minha testa.
- Eu adoraria ficar aqui planejando nosso futuro com casamentos e alianças, mas eu preciso fazer o almoço, meu anjo. – Beijei seu queixo, me levantando.
- Eu te ajudo, princesa. [...]
- Tem certeza que é aqui? – Perguntei para Lauren ao perceber que não conseguia achar Harry em lugar nenhum.
- Foi o lugar que você disse que ele te mandou na mensagem. – Respondeu enfiando as mãos nos bolsos da jaqueta e começando a andar atrás de mim, que procurava os meninos. – Olha, você não conhece esses meninos, talvez eles queiram te sequestrar, fica perto de mim. – Disse se apressando para caminhar ao meu lado. Revirei os olhos.
- Se eles forem me sequestrar não vai fazer diferença se eu tiver do teu lado ou na tua frente.
- Claro que tem, eu vou te defender e dar uns socos neles. – Parei na frente dela com as mãos na cintura.
- Você seria a primeira a sair correndo e gritando. – Eu não podia ver seus olhos por causa dos óculos escuros, mas tinha certeza que ela estava estreitando-os.
- Quem garante? Eu fazia boxe quando morava em San Miguel, sabia?
- Você usou o verbo no tempo certo, Lauren, fazia. Hoje você só come e dorme. – Falei dando um tapinha fraco em sua barriguinha que nem era possível ver hoje por causa da blusa larga que ela usava.
- O que a minha barriga tem a ver com os meus punhos? – Ignorei e dei as costas, continuando a andar e procurar os meninos. – Você tá fazendo pouco caso de mim só porque tá indo encontrar um monte de macho? – Tive que parar de andar e me virei para ela com um sorriso.
- Lauren Jauregui, você está com ciúmes? – Ela deu de ombros. – Sim, eu acho que Lauren Jauregui está com ciúmes!
- Não é ciúmes! Eu só estou achando esquisito porque você vai encontrar meninos e de repente começou a falar da minha barriga e... – Ela fez um bico e suas sobrancelhas sumiram atrás dos óculos, significava que ela estava franzindo-as e fazendo uma carinha incrivelmente fofa.
- Meu anjo, não seja boba. Não tem nada que nenhum deles tenha que me interesse, ok? Eu só estava brincando com você. – Beijei seu bico.
- Que brincadeira sem graça. – Disse cruzando os braços.
Eu iria abrir a boca para responder, mas ouvi alguém gritando meu nome, então me virei para ver Harry e mais dois garotos, um loiro e um moreno, sentados em uma mesa de pedra embaixo de uma árvore. Eles tinham cadernos em cima da mesa e eu me senti aliviada de trazer a minha mochila também. Me virei para Lauren, mas ela continuava com os braços cruzados, séria e sem fazer menção de sair do lugar.
- Meu anjo, são eles, vamos.
- Camila, por que você não me disse que eles eram bonitos? – Dei de ombros.
- Primeiro, eu não sabia, segundo, por que diabos isso é relevante? A gente só vai fazer um trabalho. Terceiro e mais importante, você tá achando macho bonito? Que isso, Lauren? Tá tendo recaída?
- Eu não to tendo porra de recaída nenhuma, só achei que eles fossem no mínimo esquisitinhos. E o fato de eu ser lésbica não me impede de achar homens bonitos, só me faz não ter vontade de fazer nada com eles. – Bati em seu braço.
- E nem com ninguém porque você tem namorada, você tá maluca? – Bati novamente.
- Mulher, para de me bater! Eu só tô explicando, você se acalme, pelo amor de Deus. Sem falar que eu fico preocupada, não conheço eles e fico pensando que eles podem querer fazer alguma maldade com você.
- Lo, aqui tá cheio de gente e ninguém vai fazer nada comigo, sim? Relaxa. – Dei um selinho nela. – Eu vou ficar bem.
- Hm, cuidado, sim? Qualquer coisa grita, eu vou estar logo ali com a Natalie. – Lauren chamou uma amiga para ficar lá com ela porque não fazia sentido algum ela ir para casa e depois voltar pra me buscar para irmos encontrar com Dinah e Normani, então eu mesma sugeri que ela ficasse por ali pela praça mesmo com alguém me esperando. Até porque, ela estava certa no ponto de que eu não conhecia eles e eles podiam fazer algo comigo.
Se fossem três meninas, eu tenho certeza que não ficaria assim e eu odiava com todas as forças a nossa sociedade por isso. Eu tinha receio porque eles eram homens por mais que não quisesse ter, que preferisse acreditar que eles eram caras legais e não iriam fazer nada. Harry tinha sido nada além de um amor comigo e eu achava injusto ter esse tipo de pensamento dele, ele não havia me dado motivos para pensar desse jeito.
Infelizmente hoje em dia vivemos em uma sociedade machista onde temos medo o tempo todo de pessoas do sexo oposto por tudo o que vemos que eles são capazes de fazer e acabamos temendo os que, no fundo, podem até ser bons, mas nunca estamos no coração de ninguém para saber. Ainda mais eu, que mal saía de casa se não fosse para ir a faculdade. Por mais segura que eu me sentisse quando estava com Lauren, eu sabia que contra essas situações ela estava tão vulnerável quanto eu, por também ser mulher. E ainda tinha isso, eu via casos de homossexuais que foram agredidos simplesmente por serem homossexuais e isso era um dos maiores absurdos desse mundo.
Eu e Lauren somos muito carinhosas uma com a outra, não interessa se estamos em casa ou na rua e eu odiava os olhares tortos que recebíamos quando nos beijávamos em público ou qualquer coisa do tipo. Não fazia o menor sentido as pessoas se preocuparem com quem eu estava beijando na boca se isso só dizia respeito a mim.
Eu não entendia porque as pessoas não podiam usar o que quisessem, andar por onde quisessem e amar quem quisessem sem sofrer com o ódio de uma sociedade onde o preconceito chega na vida da criança antes das primeiras palavras saírem de sua boca.
Você tem que se casar com um homem, de preferência rico, usar roupas que tampem seu corpo porque senão você vai estar pedindo para ser estuprada, de preferência não estude porque você vai fazer os homens se sentirem inferiores se ocupar cargos importantes e lembre-se sempre de se preservar porque tudo o que acontece com você é culpa sua.
Pro Diabo tudo isso!
Nessas horas eu agradecia por minha mãe ser tão boa e ter me criado de forma tão aberta. Minha mãe não tinha preconceito com nada e também me ensinou a não ter, por isso foi tão natural quando me senti atraída por Lauren e eu senti mais medo dela brigar por eu estar namorando na minha condição e não pelo fato de ser uma mulher. Felizmente, ela também não tinha preconceito com isso e era perfeitamente capaz de entender que eu tinha todo o controle sobre as minhas decisões.
Cheguei perto deles segurando a mão de Lauren, um pouco nervosa porque não conhecia os outros dois. Harry prontamente se levantou com um sorriso no rosto e seus largos cachos caindo até um pouco depois dos ombros.
- Oi. – Nos cumprimentou e me deu um abraço rápido.
- Oi Harry. Essa é minha namorada, Lauren. – Falei com um sorriso e ele prontamente lhe deu um rápido abraço.
- Prazer em te conhecer, Lauren. – Sorriu se afastando dela. – Esses são Liam e Niall. – Falou apontando para eles.
Ambos se levantaram para nos cumprimentar e eu me encolhi um pouco, vendo que eles foram apertar a mão de Lauren primeiro. Niall tinha os olhos azuis e os cabelos tingidos de loiro, formando um topete meio bagunçado. Uma leve barba por fazer existia em seu rosto e ele era bem mais baixo que Harry, quase do meu tamanho. Liam tinha os cabelos castanhos e uma barba por fazer mais aparente, o cabelo era raspado dos lados e tinha um topete arrumadinho no meio, o que parecia que era o cabelo de 90% da população masculina – Harry sendo uma exceção. Ele tinha tatuagens pelos dois braços que eu não consegui identificar muito bem, mas eram bem maiores que as de Harry.
- Oi Camila. – Liam disse primeiro, com as mãos escondidas atrás do corpo. Eu abaixei a cabeça, escutando o que ele dizia. – Eu sou Liam e estou no seu grupo do trabalho. Sou amigo do Harry. Espero que possamos ser amigos. – Sem dizer uma palavra a mais ele se afastou e foi se sentar.
- Oi! – Niall foi o próximo. Harry e Lauren não diziam nada, apenas observavam a cena. – Estou no seu grupo e vamos fazer o trabalho juntos, me chamo Niall. Eu sou chato, mas será que futuramente podemos ser amigos? – Disse e também foi se sentar ao lado de Liam.
Eu ainda fiquei um tempo de cabeça abaixada, com vergonha por não conseguir responder os garotos. Respirei fundo e acalmei meus batimentos cardíacos, levantando o rosto um pouco depois. Fui me sentar também, vendo Lauren se aproximar de Harry.
- Cuida dela, hein? – Falou dando um tapa em seu ombro que parecia amigável, mas eu tenho certeza que doeu e que era uma forma dela dizer que iria arrebentá-lo caso algo acontecesse comigo nesse tempo que eu ia ficar com eles.
- Pode deixar, Lauren. – Ele sorriu de forma gentil para a minha namorada, que retribuiu antes de vir me entregar a minha mochila que ela estava trazendo.
- Aqui, princesa. – Disse me entregando o objeto, que eu pus no meu colo. - Quando terminar é só me mandar mensagem que eu venho te buscar, sim? Te amo. – Falou baixo, mas claro que eles eram capazes de ouvir porque não eram surdos, segurei seu rosto e lhe dei um selinho.
- Tá bom, meu anjo. Também te amo. – Ela saiu depois de dizer tchau para os meninos e eu tirei o meu caderno da bolsa, vendo que eles começaram a falar, para mostrar as anotações que eu também tinha feito pesquisando na noite anterior.
Acabei falando só com Harry, mas os meninos leram as minhas anotações e falaram o que achavam que devia ser a apresentação do trabalho. Eles eram muito educados e em momento nenhum me destrataram ou qualquer coisa do tipo, inclusive dirigiram a palavra a mim várias vezes quando quiseram falar sobre algo que eu tinha anotado. Eu fiquei constrangida por não responder e quis sair correndo, mas me mantive sentada no banquinho de pedra durante todo o tempo e não deixei o meu medo ou receio de pessoas novas me vencer.
Passamos mais de duas horas conversando, fazendo anotações e mostrando como estávamos produzindo nossas partes individuais. A noite caiu mais rápido do que eu esperava, eu mal vi as horas passarem. Dei apenas uma olhada na praça, que havia enchido mais ainda e agora haviam barraquinhas vendendo hambúrgueres e pipoca. Eu estava pensando em levantar e ir até a minha namorada quando acabássemos, mas com a quantidade de pessoas ali, seria bem ruim, então eu optei por mandar uma mensagem para ela quando começamos a guardar nossas coisas.
Eu ainda não havia dito uma sílaba para Liam e Niall, mas estava certa de que iria me esforçar para fazer isso nas próximas semanas. Eles eram muito legais e foram extremamente gentis comigo todas as vezes que foram dirigir a palavra a mim por algum motivo.
- Já vamos. – Liam anunciou, de pé, com a mochila nas costas. – Tenho que ir jantar com a minha família, veio um monte de parente lá em casa.
- Vai lá cara. – Harry o abraçou rapidamente e em seguida Niall.
- Eu vou também, gosto de comer de graça. – Niall disse arrancando risadas de todos, inclusive de mim, que observava a cena esperando que ninguém estivesse reparando em mim. – E não quero atrapalhar certos encontros. – Disse batendo no ombro de Harry, que ficou um pouco sem jeito por alguns segundos.
- Sai daqui, Niall. – Ele empurrou o menino de leve e ele arrumou a mochila nas costas, se aproximando de mim. Eu imediatamente abaixei o olhar, deixando o sorriso em meu rosto morrer.
- Tchau, Camila. Foi muito bom te conhecer. Espero que você pense com carinho no que eu te falei sobre sermos amigos. – Falou com um tom gentil e se afastou, Liam foi o próximo a se aproximar.
- Já vou, Camila. Gostei de te conhecer, até amanhã na faculdade. – Ele voltou para perto de Harry e Niall e deu tchau mais uma vez antes de sair acompanhado do loiro.
- Viu, eu disse que eles eram legais! – Harry falou com um sorriso, voltando a se sentar.
- Sim, eu... Gostei bastante deles, eles são gentis. – Respondi erguendo os ombros quando percebi que não tinha mais nada a acrescentar.
Harry prontamente se levantou quando um garoto se aproximou de nós, ele era muito mais baixo que ele, quase do tamanho do Niall, mas um pouquinho mais baixo, embora ele não estivesse do lado para comparar. Ele tinha olhos azuis e um pouco de barba por fazer e se vestia de forma muito mais simples que o mais alto. Usava uma blusa branca escrito "adidas" de preto, calça jeans de lavagem clara com as bordas dobradas deixando a vista seus pés calçados com vans pretos sem meias. Seu cabelo era castanho e cortado como que em camadas, formando uma franja despojada caindo pela sua testa e quase alcançando os olhos.
Já Harry vestia uma blusa de botões branca com algumas folhas estampadas de preto, calça preta justa e uma botinha muito parecida com a que ele usou no dia em que falei com ele na faculdade, mas, dessa vez, era preta e lustrosa. Ele também usava acessórios como pulseiras e um relógio, além de muitos anéis e um cordão que tinha um pingente de cruz. Eu não deixava de me impressionar com a forma que ele se vestia bem e contrastava com as outras pessoas, que estavam no máximo arrumadinhas.
Eu mesma usava uma saia preta rodada que ia até o meio das minhas coxas, uma blusa creme de meia manga com gola alta e sapatilhas da mesma cor que a saia. O único acessório que eu tinha – além do anel de compromisso que Lauren me deu há uns três natais – era um arco que tinha um lacinho preto. Isso tudo me fazia sentir um pedaço de maça podre, porque eu mal pensei na roupa, somente peguei e vesti e não dava a mínima se estava combinando ou não. E eu tinha planos de roubar o moletom que Lauren tinha amarrado na cintura porque estava ficando frio agora que a noite tinha caído, o que faria meu look ir de aceitável para uma bosta.
Mas quem se importa?
Harry, talvez.
Mas eu não.
Ele deu um longo abraço no garoto e em seguida segurou o seu rosto, lhe dando um selinho. Eles sorriram um para o outro e eu acabei sorrindo junto quando eles se abraçaram de novo, podendo ver de longe o carinho que tinham um com o outro. Trocaram algumas palavras enquanto Harry acariciava o rosto do recém-chegado, o que ocasionou outro rápido beijo entre eles.
Eu suspirei.
O amor é lindo.
- Camila! – Harry se virou para mim com um sorriso, parecendo muito animado. – Quero que você conheça Louis, meu namorado. – Sorri, mas abaixei a cabeça quando Louis veio até mim e fiquei com medo de que ele fosse evasivo ou qualquer coisa do tipo, mas aparentemente ele estava familiarizado com a minha condição.
- É um prazer lhe conhecer, Camila. Harry falou muito bem de você! Sou Louis. – Voltou para perto de Harry quando acabou de falar, que estava na minha frente na mesa.
Eu continuei de cabeça baixa por alguns momentos, trincando os dentes por não conseguir levantar a cabeça e responde-lo. Eu havia passado as duas últimas horas me segurando para não sair correndo de Liam e Niall e a praça estava cheia de gente, talvez tudo isso fosse um pouco acima do que eu pudesse suportar.
- Oi. – Ouvi a voz rouca de minha namorada bem atrás de nós, ela colocou as mãos nos meus ombros e massageou de leve. – Oi, princesa. – Virei a cabeça para vê-la e ganhei um beijo na bochecha. – Tá tudo bem? – Eu assenti.
- Oi, Lauren! – Harry disse e eu achei fofo a forma com a qual ele ficava feliz por apresentar o outroe. Louis parecia um pouco tímido, era o contraste perfeito. – Esse é o meu namorado, Louis.
Lauren abriu um sorriso lindo e apertou as mãos com o garoto.
- Bom, nós temos um compromisso... – Ela começou a falar um pouco sem jeito e eles assentiram.
- Nós também temos. – Ele riu. – Adoramos vocês, qualquer dia desse deveríamos marcar alguma coisa. – Harry disse se levantando para se despedir dela e de mim.
- Não só deveríamos, como vamos. – Minha namorada respondeu e depois de dizerem tchau, eles foram.
Eu me levantei, passando a mão nos cabelos e percebendo o quão cheia estava a praça.
- Lo... vamos sair daqui. – Ela assentiu e envolveu meus ombros com um braço enquanto começávamos a deixar a praça.
Eu me encolhi e mantive o olhar no chão, aquele monte de gente era realmente mais do que eu podia suportar e eu só queria sair correndo dali. Porém, me concentrando na minha respiração, acompanhei os passos de Lauren ao invés de atropelá-los e depois do que pareceu uma eternidade finalmente chegamos no lugar onde ela havia estacionado sua moto, que estava bem mais vazio do que onde estávamos antes. Minha namorada tirou meus cabelos do rosto e ergueu meu queixo delicadamente, beijando minha testa.
- Você está bem?
- Agora estou. – Optei por ser sincera.
- Foi tudo bem? Eles foram legais com você?
- Sim, os meninos são ótimos, eu só fiquei nervosa com eles e depois com o namorado do Harry e quando eu vi a praça cheia de gente, mas tudo correu bem e agora eu estou bem. – Ela segurou o meu rosto e me deu um selinho.
- Quer ir pra casa ou ainda vamos encontrar Normani e Dinah? – Ponderei.
Eu preferiria ir para casa e ficar deitada depois de jantar, mas, afinal de contas, eu não podia ficar desmarcando coisas só porque havia passado por um momento meio ruim. Além do mais, eu estava mais do que acostumada com Dinah e Normani, elas sempre me deixavam confortável e eu confiava que não iriam escolher um lugar muito cheio. E eu sabia que podia fazer isso, conhecia os meus limites muito bem e estava disposta a respeitá-los quando eles viessem.
- Vamos sim, amor. Manda mensagem pra elas. – Disse me aproximando de Lauren e sendo recebida com um abraço gostoso seguido de um beijo no topo da minha cabeça. [...]
O meu celular despertou e eu abri os olhos com menos vontade do que os outros dias. Nunca fui fã de acordar cedo, mas tinha certeza de que pularia da cama se alguém me dissesse que eu não iria apresentar trabalho nenhum hoje. Infelizmente eu não podia procrastinar no dia de hoje, tinha que levantar e encarar a minha vida. Me sentei na cama de forma preguiçosa e sentindo mais sono que o normal, o remédio que eu tomava pra dormir sempre me fazia querer dormir até mais tarde e talvez diminuindo a dose isso melhorasse, iria ter que ver isso na próxima vez que fosse na clínica.
Fiquei de pé porque não tinha outra opção e me arrastei preguiçosamente até o banheiro para tomar banho e escovar os dentes. Escolhi uma roupa mais apresentável, afinal, eu iria ficar na frente da turma inteira hoje e não queria parecer uma maluca. Peguei minhas sapatilhas pretas, uma calça jeans de lavagem clara e uma blusa rosa bebê sem mangas. Joguei um casaco preto fino por cima porque estava meio frio e penteei meus cabelos com um pouco mais de atenção do que o normal, querendo parecer no mínimo arrumadinha.
Me encarei no espelho antes de sair do meu quarto, desejando poder dizer algo para mim mesma que me encorajasse a viver aquele dia. Como não consegui, respirei fundo, peguei tudo o que eu precisava sobre o trabalho e fui repassando os tópicos que eu estava destinada a falar enquanto descia as escadas para tomar o café da manhã. Eu não estava com muita fome, como sempre, mas o cheiro das torradas da minha mãe fez o meu estomago roncar.
- Bom dia. – Disse entrando na cozinha e sentando em um dos bancos.
- Bom dia, querida. – Ela colocou duas torradas no meu prato e eu me estiquei para pegar a geleia de morando. – É hoje que você vai apresentar aquele trabalho? – Assenti. – Nervosa? – Fiz que sim novamente. – Você vai se sair bem, meu amor. Você vai ver!
Meu celular vibrou mostrando que era uma mensagem da minha namorada e eu peguei o aparelho, abrindo.
"Bom dia, princesa. Dormiu bem? Só estou passando aqui pra te desejar uma boa aula e muito boa sorte na sua apresentação, vai dar tudo certo, sim? Você é capaz de fazer o que você quiser, lembre-se sempre disso. Eu acredito em você. Qualquer coisa que você precisar é só me ligar, sim? Eu te amo muito."
Sorri ao terminar de ler, passando a mão nos cabelos antes de responder.
"Bom dia, meu anjo, dormi sim. Muito obrigada por isso, fiquei melhor só de ler. Eu te amo demais, boa aula pra você também."
- Bom dia, meu anjo, dormi sim. – Quase caí do banco onde estava sentada ao perceber que era minha mãe que estava atrás de mim lendo a minha mensagem com uma voz afinada e irônica.
- Mãe! – Ralhei, apagando a tela do celular depois de pressionar o botão que enviava a mensagem. –Privacidade, por favor.
- Ah, Camila, privacidade você poderia pedir se estivesse trocando nudes, mas esse bom dia meu amor, bom dia meu anjo, bom dia minha princesa, bom dia minha não sei o que não é nada que ninguém queira ver. – Minha mãe disse, colocando a bolsa sobre um dos ombros. – Eu ainda tenho dúvidas de que essa menina fode de tão viada que ela é. Por acaso ela te chama de minha princesa na hora de transar? Se chama, eu só queria que você soubesse que isso é muito broxante. – Eu não tinha mais cor. Minha mãe não perdia o costume de me fazer passar vergonha de jeito nenhum, todo o dia ela tinha uma piadinha diferente. – É por causa de jovens de vinte e poucos anos que ainda fazem sexo baunilha que esse mundo não vai pra frente. – Passei a mão nos cabelos, decidindo apenas ignorar, ao mesmo tempo que era impossível não rir. – Só a Lauren mesmo. Vou tirar o carro, não demora.
Dito isso, Dona Sinu saiu da cozinha como se não estivesse me feito passar mais vergonha do que um ser humano pode suportar.
Eu mal sabia o que era sexo baunilha, por Deus. Mas não era como se eu estivesse com tempo de procurar, já que tinha que terminar de arrumar as minhas coisas para fazer o que provavelmente seria uma das maiores dificuldades que já tive na minha vida. Mais difícil do que a primeira vez que fui na clínica, mais difícil do que falar com Lauren, Hailee, Dinah, Normani e Harry, mais difícil que tudo. Eu raramente falava perto de outras pessoas, eu só sussurrava para a pessoa que eu queria que ouvisse, agora imagine chegar na frente de trinta pessoas e falar em voz alta?
Eu não sabia se havia tomado a decisão certa fazendo isso ou se estava dando um tiro no meu pé. Se bem que, desistir agora era dar um tiro na minha cabeça e na dos meninos, pois eles estavam contando comigo e eu não podia simplesmente dar pra trás e dizer que não ia apresentar nos quarenta e cinco do segundo tempo.
Suspirei, entrando no carro da minha mãe e me mantendo abraçada com a minha mochila durante todo o caminho para a faculdade. Minha mãe não falou mais muita coisa e nem fez piadas, ela sabia que eu estava tensa e que nada poderia me acalmar naquele momento, a não ser a notícia que a faculdade foi explodida e eu teria até a reconstrução dela para me preparar para falar na frente de uma sala inteira.
Como isso era improvável e eu também não queria que pessoas morressem porque eu era covarde, me contentei em aceitar que o que iria acontecer hoje só dependia de mim. O problema era o controle sobre mim mesma era algo que eu ainda estava trabalhando muito duro todos os dias para obter e talvez não fosse a hora de levar isso a limites na frente da minha turma inteira e valendo boa parte da nota do semestre.
Me despedi de minha mãe quase que no automático de tão nervosa que eu estava, tendo a certeza de que ela estava me dizendo coisas encorajadoras e repetindo que acreditava em mim e que eu podia fazer isso. Caminhei pelo campus como sempre fazia, de cabeça baixa e evitando qualquer tipo de contato com terceiros, especialmente hoje.
Ao chegar na porta do meu prédio eu ia entrar como todos os dias, mas fui interrompida por uma voz que passou a ser o meu som preferido nesses últimos anos.
- Sério que você vai passar por mim e não me dar nem um beijinho? – Me virei automaticamente ao ouvir a voz de minha namorada atrás de mim.
- Lo! – Falei, surpresa. – Oi. – Disse não demorando nem um segundo para aceitar o abraço que ela me ofereceu.
- Oi, princesa. – Beijei sua bochecha, mas não a soltei em momento algum.
- O que você tá fazendo aqui, amor? – Perguntei usando um tom gentil, não queria parecer grossa até porque não era a minha intenção.
- Eu resolvi vir aqui pra te dar um beijo de boa sorte. – Ela segurou meu rosto delicadamente, me dando um selinho longo.
- Lo... – Falei com um sorriso quando nos separamos. – Muito obrigada, você não tem noção do quanto isso significa pra mim. De verdade. – Lauren beijou a ponta do meu nariz.
- Princesa, você vai se sair bem, eu tenho certeza. – Assenti e deitei a cabeça em seu ombro por alguns momentos, sabendo que não poderia ficar ali pra sempre porque ela precisava ir para a aula dela e eu para a minha apresentação.
- Obrigada por isso, meu anjo. Eu te amo muito. – Ela sorriu e beijou minha bochecha.
- Também te amo, princesa. Qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, me liga, sim? – Assenti. – Boa sorte, meu amor. Vai dar tudo certo.
Dei mais um selinho nela antes de deixá-la se afastar e ir em direção ao seu prédio, me sentindo um pouco mais leve por isso. Claro que foi uma coisa de minutos e depois de ter chego no andar onde eu teria a aula que apresentaria o trabalho tudo voltou com três vezes mais intensidade que antes. Harry, Liam e Niall estavam sentados no hall, com papéis nas mãos e provavelmente discutindo suas partes. Eu me aproximei deles timidamente, vendo eles sorrirem para mim.
- Oi, Camila! – Disseram quase que em uníssono. Dei um aceno tímido em resposta, me sentando ao lado de Harry.
- E então? Pronta para apresentação? – Ergui os ombros.
- Eu acho que sim... E você? – Respondi hesitante.
- Nervoso, mas fora isso está tudo bem. Você decorou a sua parte ou vai ler?
- Decorei. – Respondi convicta, afinal, eu havia passado mais da metade da madrugada lendo e relendo até que meus tópicos ficassem fixados na minha cabeça.
- Que ótimo, também decoramos... Quer dizer, eu acho né. – Ele riu um pouco e eu forcei um sorriso para acompanha-lo, mas minha mente imaginava várias formas das quais eu podia sair correndo da sala de aula antes, durante ou depois da apresentação.
A hora de entrar finalmente chegou e pegamos nossas mochilas, indo para a sala. Os grupos não podiam escolher a hora das apresentações, isso era o professor que decidia através de um sorteio, foi o que o homem explicou assim que entramos na sala. Ele tinha um saquinho que continha papéis dobrados com os nomes dos integrantes dos grupos, quando ele sorteasse ele leria e o grupo teria que imediatamente se levantar e ir até lá.
Eu estava suando frio a esse ponto, minhas mãos seguravam o papel que eu tinha anotado algumas coisas caso esquecesse, mas o meu problema nunca foi com a minha memória. As apresentações durariam de oito a dez minutos para incorporar todas em uma aula só. Cada grupo tinha quatro integrantes e isso dava uma média de dois a dois minutos e meio de fala para cada um.
Dois minutos.
Eu precisaria abrir a minha boca na frente de estranhos e mantê-la aberta e emitindo sons por cento e vinte segundos, de preferência sons que formassem palavras que juntas formariam frases condizentes umas com as outras e com o tema do trabalho apresentado. Para pessoas normais era algo totalmente comum. Quer dizer, você vai ficar com vergonha, você vai ficar nervoso, mas no final das contas vai dar tudo certo e você não vai ter a sua mente lhe esmagando e embaralhando todos os seus pensamentos, além de mandar fortes impulsos de choro para a sua garganta e de sair correndo para as suas pernas.
Eu queria ser como todo o mundo. Eu queria ser como Liam, que sequer estava nervoso. Ou como Niall, que parecia ansioso, mas isso era tudo. Ele não estava suando frio, a ponto de ter uma crise de choro ou de sair correndo.
O professor enfiou a mão no saquinho e eu estava começando a decidir se eu ficaria mais confortável sendo a primeira, a última ou a do meio – possivelmente estando em casa – quando ele anunciou os primeiros nomes.
- Harry Edward, Karla Camila, Liam James e Niall Horan, podem vir aqui na frente.
Eu não sou uma pessoa de falar palavrões nem nada, mas a única coisa que passou pela minha cabeça foi: fodeu.
There's a hero, if you look inside your heart
You don't have to be afraid of what you are
There's an answer, if you reach into your soul
And the sorrow that you know will melt away
Existe um herói, se você olhar dentro de seu coração
Não precisa ter medo do que você é
Existe uma resposta, se você procurar dentro da sua alma
E a tristeza que você conhece irá desaparecer
O primeiro a se levantar foi Niall, seguido de Harry e Liam. Eu fiquei por último porque foi muito difícil direcionar as minhas pernas para a frente da sala e não para fora dela. Eu estava tremendo a essa altura do campeonato e sabia que era possível ver o suor em meu rosto mesmo de longe, mas passei a mão no rosto de qualquer jeito e sequei a mesma na calça jeans. Meu coração acelerou e eu observei enquanto Liam colocava o pen drive com os slides no computador que estava ligado a um projetor, onde cada slide iria ajudar a gente na nossa apresentação.
Cada um estava responsável por dois slides, o que significava um minuto e quinze segundos no máximo para cada slide. Eu fiquei com os slides quatro e cinco, viria logo depois de Liam e antes de Niall. Harry foi o primeiro e ele se saiu incrivelmente bem, respeitou o tempo e ao mesmo explicou tudo muito bem. O professor estava sentado no meio da turma nos observando e eu só soube disso pela única vez que tive a coragem de olhar para frente, quando Liam começou a falar. Eu sabia que eu seria a próxima a falar e senti olhares sobre mim porque eu sabia que a minha postura não era lá das mais normais comparadas as dos meus colegas de grupo.
And then a hero comes along, with the strength to carry on
And you cast your fears aside, and you know you can survive
So when you feel like hope is gone
Look inside you and be strong
And you'll finally see the truth, that a hero lies in you
E então um herói surgirá, com a força para prosseguir
E você deixará seus medos de lado, e sabe que pode sobreviver
E quando sentir que sua esperança se foi
Olhe dentro de si e seja forte
E finalmente verá a verdade, que existe um herói em você
Escondi as mãos atrás do corpo, não dando a mínima para os tópicos ou qualquer coisa do tipo. Tudo o que eu precisava falar estava muito bem organizado dentro da confusão que era a minha cabeça naquele momento, eu só precisava fazer isso sair pela minha boca. Claro que eu mais no que ninguém sabia que não era tão simples e que eu devia ter pregado meus pés aquele chão porque aquilo garantiria que eu não sairia correndo.
Liam passou para o segundo tópico e meu coração começou a me deixar um pouco ofegante de tão rápido que batia no meu peito, parecia que iria rasgar o mesmo e sair voando. Senti Harry tocar meu braço e me perguntar se eu estava bem, eu queria gritar que não, mas apenas assenti. Eu comecei a apertar o papel em minhas mãos, percebendo que Liam já iria acabar de falar e que eu teria que abrir a minha boca ou arruinaria a apresentação e ainda passaria vergonha na frente da turma inteira.
It's a long road, when you face the world alone
No one reaches out a hand for you to hold
You can find love, if you search within yourself
And the emptiness you felt will disappear
É uma longa estrada, quando você encara o mundo sozinho
Ninguém estende uma mão para você segurar
Você pode encontrar amor, se você procurar dentro de si mesmo
E o vazio que sentia irá desaparecer
Claro que eu tinha a Síndrome como desculpa. Eu sempre poderia usar disso, mas eu não queria mais me esconder atrás daquela maldita, como se eu precisasse viver na sombra daquela porcaria. Eu queria ter a minha própria vida, eu queria fazer coisas que todo o mundo faz e para isso eu precisava deixar a Síndrome na minha sombra, atrás de mim, me deixando caminhar por mim mesma.
É difícil viver dezoito anos deixando de fazer as coisas por causa de um problema que você certamente não escolheu ter e não deseja nem mesmo para a pessoa que você mais odeia no mundo. E é pior ainda realizar que você não pode continuar vivendo daquele jeito, que você tem que romper as barreiras do inferno na sua cabeça para deixar isso de lado e trilhar o seu caminho sem parecer que existem enormes correntes arrastando pesos de mil quilos em cada calcanhar seu.
And then a hero comes along, with the strength to carry on
And you cast your fears aside, and you know you can survive
So when you feel like hope is gone
Look inside you and be strong
And you'll finally see the truth, that a hero lies in you
E então um herói surgirá, com a força para prosseguir
E você deixará seus medos de lado, e sabe que pode sobreviver
E quando sentir que sua esperança se foi
Olhe dentro de si e seja forte
E finalmente verá a verdade, que existe um herói em você
Eu só precisava rompê-las, como vinha fazendo desde que comecei a me tratar. Havia sido uma longa jornada até aqui e seria para o resto da minha vida, porque não sei se Deus ou se o destino ou se aleatoriamente eu fui escolhida para nascer com Síndrome de Asperger, assim como muitas outras pessoas nascem com tantas outras Síndromes ou doenças ou sem um dos sentidos e tantas coisas horríveis e elas são obrigadas a viver com isso porque não há como trocar de vida com outra pessoa. O que eu precisava entender era que, apesar de eu ter que viver com isso, eu não tinha que deixar isso me dominar, a vida era minha e eu precisava tomar as rédeas dela.
E haviam muitas pessoas em situações muito piores que a minha. Eu era só mais uma no meio de tantos com tantos problemas, não havia nada de especial em mim, meu problema não era maior que o dos outros e eu não podia fazer ele maior que eu. Eu queria me libertar das minhas correntes e eu naquele momento eu sabia que tinha o machado para cortá-las. Não de uma vez por todas, esse tipo de coisa não é algo que some e eu sabia que nunca ficaria curada. Mas toda essa minha jornada iria resultar em uma melhora mais cedo ou mais tarde e eu precisava ver isso acontecer diante dos meus olhos, apesar de saber todo o progresso que eu havia feito, eu queria muito mais do que aquilo e eu sabia que podia conseguir.
Lord knows, dreams are hard to follow
But don't let anyone tear them away
Just hold on, there will be tomorrow
In time, you'll find the way
Deus sabe, sonhos são difíceis de seguir
Mas não deixe que ninguém afaste-os
Apenas persista, haverá um amanhã
Com o tempo, você encontrará o caminho
E foi então que eu abri a minha boca e deixei todas as palavras decoradas da apresentação saírem da minha boca. Não falava tão alto quanto os meus colegas, mas eu falava e isso já era o suficiente. Eu olhava para baixo e tentava não pensar no que as pessoas estavam achando de mim e sim que era uma conquista enorme que eu nunca achava que fosse alcançar.
Eu continuei tensa por todo o momento que minha boca se manteve falando, mas meu coração tinha soltado o peso que ele carregava desde que eu tomei a decisão de apresentar esse trabalho. Era algo simples para a maioria das pessoas, mas aquele momento estava mudando a minha vida, por todas as vezes que eu me achei incapaz de fazer algo, por todas as vezes que eu deixei alguma coisa de lado por causa da Síndrome, por todos os momentos horríveis que já passei por causa dela e por tudo que coloquei na minha cabeça sobre mim mesma durante a minha vida toda.
Por isso, naquele momento, eu só tive uma certeza: eu não só consegui naquele momento em específico, eu conseguiria outras vezes porque eu podia.
And then a hero comes along, with the strength to carry on
And you cast your fears aside, and you know you can survive
So when you feel like hope is gone
Look inside you and be strong
And you'll finally see the truth, that a hero lies in you
E então um herói surgirá, com a força para prosseguir
E você deixará seus medos de lado, e sabe que pode sobreviver
E quando sentir que sua esperança se foi
Olhe dentro de si e seja forte
E finalmente verá a verdade, que existe um herói em você
Era como o que eu senti quando saí da minha primeira visita a clínica multiplicado por cinquenta. Eu me maltratei a minha vida toda, eu me subestimei, eu nunca acreditei em mim porque a maioria das minhas tentativas eram um fracasso, mas eu deveria ter sido mais gentil comigo mesma durante todos esses dezoito anos. Eu não podia esperar que as coisas melhorassem para mim se nem eu mesma conseguia me aceitar do jeito que eu nasci, aceitar a minha Síndrome e saber que eu podia ser quem que eu quisesse, mesmo com ela.
That a hero lies in you
That a hero lies in you
That a hero lies in you
Que um herói vive dentro de você
Que um herói vive dentro de você
Que um herói vive dentro de você
Por isso que, nesse momento, eu peço licença para quebrar a quarta parede e falar com você. Você, que está lendo isso agora. O que quer que esteja acontecendo contigo agora, se você está se sentindo mal consigo mesmo, se você está passando por qualquer tipo de problema, o que quer que esteja acontecendo: você é forte, você é lindx, você é únicx e você pode passar por qualquer coisa e fazer o que você quiser fazer. Não se prenda por causa dos outros ou por causa de você mesmx, você pode quebrar as suas próprias barreiras e ultrapassar seus limites e tudo vai ficar bem. As coisas não são ruins para sempre, uma hora elas melhoram, você só tem que aguentar firme e eu sei que você pode, porque você é muito mais forte do que você pensa, afinal, você ainda está aqui, certo?
Acredite em si mesmo, aguente firme e tudo vai ficar bem.
SE NÃO GOSTA SENTA E CHORA HOJE EU TO AFIM DE INCOMODAAAAR
inclusive DEus me libre de chorar já não basta eu escrevendo essa xereca acho que to de tpm
ENTÃO, O QUE ACHARAM DESSA BOCETA??????????
ESPERO QUE TNHAM GOSTADO, COMENTEM O QUE ACHARAM, ME PROCUREM NO TWITTER @ COICEDALAUREN
ATÉ A PRÓXIMA QUE SE JESUS E MINHA FACULDADE PERMITIREM VAI SER AINDA ESSE MÊS ESPERO EU PORQUE EU NÃO TENHO CONTROLE SOBRE A MINHA VIDA MUIT MENOS SBRE QUANDO VOU PODER ESCREVER
QUERIA DIZER QUE TO FELIZ DE PSTAR ESSE CAPITULO COM ESSE MOMENTO DA MINHA FILHA CAMILA QUE EU CRIEI COM MUITO AMOR DEPOIS DE 90 CAPÍTLOS
FINALMENTE NÉ MORES
GRAÇAS A DEUS
CALA A BOCA VAI TOMAR NO CU
TÁ CHEIO DE ERRO MESMO FDA-SE
BEIJOS DE LUZ COM UMA LAMBIDINHA COM PRESSÃO NO GRELINHO