Scrupulo - Vale Quanto Pesa [...

By TeresaTHelsen

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ROMANCE + THRILLER DE CONSPIRAÇÃO Claudia Cazarotto é uma contadora brasileira que decide esquecer o... More

Capítulo 1: Surpresa na Coffeeshop
Capítulo 2: Jagger tem uma proposta
Capítulo 3: Na Taverna do Duende
Capítulo 4: Primeiro encontro bem sucedido.
Capítulo 5: Preparando-se para o coquetel
Capítulo 6: O coquetel na mansão Cunnings
Capítulo 7: E assim termina a semana.
Capítulo 8: Seth Cunnings; Coquetel e manhã de domingo.
Capítulo 9: Onde estou?
Capítulo 10: O Resgate
Capítulo 12: O refúgio de Cláudia
Capítulo 13: Quando se está próximo à pessoa errada
Capítulo 14: Visitas Inesperadas
Capítulo 15: Seth Cunnings bate à porta.
Capítulo 16: O escritório na Blue Velvet
Capítulo 17: A Conversa de Cláudia e Maguire
Capítulo 18: A rotina da Blue Velvet
Capítulo 19: O Apartamento novo
Capítulo 20: Passeio em Soho
Capítulo 21: A festa no Iate
Capítulo 22: "como ocupar a mente" e "o problema de Maguire"
Capítulo 23: A situação de Rebecca
Capítulo 24: Quando Scaffa identifica o inimigo: Isso não ficará barato
Capítulo 25: Depois do atentado.
Capítulo 26: Onde ela está?
Capítulo 27: Liberte a garota e ninguém sairá machucado
Capítulo 28: O policial ferido
Capítulo 29: Jantar em uma casa de famiglia
Capítulo 30: A vigília de Valentine
Capítulo 31: Um momento de trégua I
Capítulo 32: Um momento de trégua II
Capítulo 33: Válvula de escape
Capítulo 34: Um elefante branco no porão
Capítulo 35: Um elefante branco no porão II
Capítulo 36: Vamos sair daqui e ir para o "Smiths"
Capítulo 37: Uma ópera "italiana"
Capítulo 38: Segundo Ato
Capítulo 39: Amigos perto, inimigos mais perto ainda.
Capítulo 40: Vendo de cima
Capítulo 41: Depois daquela noite
Capítulo 42: Oficialmente, isto é um encontro
Capítulo 43: Entrando no seleto clube
Capítulo 44: Filhinhas dos papais
Capítulo 45: Segredos de família
Capítulo 46: Lembrete: você não pertence a esse ninho.
Capítulo 47: Se resolvam sozinhas
Capítulo 48: Discrições necessárias
Capítulo 49: Junta-se a fome com a vontade de comer
Capítulo 50: Diplomacia é o segredo
Capítulo 51: Arremate
Capítulo 52: Começa o jogo
Capítulo 53: Conhecendo o jogo
Capítulo 54: Arrumando as peças no tabuleiro
Capítulo 55: Assumindo um papel
Capítulo 56: He Can Only Hold Her
Capítulo 57: O detalhe que faltava
Pré-venda do primeiro e-book liberada!
Capítulo 58: A família Blue Velvet
Capítulo 59: Joias raras
Capítulo 60: Ponto de conversão
Capítulo 61: Colocando um dedinho no bolo
Capítulo 62: comida e negócios
Capítulo 63: Uma seguradora?
Capítulo 64: Em coma
Capítulo 65: O tabuleiro
Capítulo 66: Tenso, eu?
Capítulo 68: Apesar do que pensam
Capítulo 69 - O círculo se fecha
Capítulo 70 - Dallas, Texas
Capítulo 71: O noivado
Capítulo 72: There's a light that never goes out
Capítulo 73 - Haverá sempre um pedaço faltando
Capítulo 74: nem branco nem azul: vermelho
Capítulo 75: o verdadeiro rato
Capítulo 76: Nenhuma boa ação sairá impune
Capítulo 77: Sem misericórdia
Capítulo 78: Cheque mate (CAPITULO FINAL)

Capítulo 11: Maguire na pista da chacina

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By TeresaTHelsen

O som das sirenes estava cada vez mais alto.

Assim que virou a esquina, viu duas viaturas da policia estacionadas na parte traseira de um prédio comercial. O prédio era baixo, e a maior parte dele era de escritórios e garagens de transportadoras, todas bem suspeitas. Não por se tratar do Bronx, mas porque faz alguns meses que Maguire tem investigado algumas pessoas suspeitas que mantém relações com empresas situadas neste prédio. Maguire e Batista tinham sido chamados ali naquele distrito, embora a área deles fosse o Harlem, pois segundo os detetives que atenderam esse chamado, um dos mortos era fichado e estava na lista de investigação dos detetives do Harlem. Além disso, vários outros identificados eram conhecidos membros de gangues que agiam em ambos os bairros.

Após os cumprimentos de protocolo, Batista e Maguire entraram no que seria uma das garagens de uma transportadora, pelo portão da garagem. O local era grande e estava basicamente vazio, exceto por uma caminhonete um carro e um pequeno caminhão (embora o local pudesse tranquilamente abrigar uns cinco caminhões de porte pequeno), além disso um tipo de divisória fazia o que poderia ser o espaço usado para uma sala ou escritório. Ao fundo uma saída que daria para um beco. No chão, cinco homens mortos, e todos negros, sem nenhuma surpresa. Os detetives andavam entre eles, e foi Maguire a identificar o que lhes pertencia.

— É Black Tornado, dessa vez você se deu mal...

— Então Maguire, confirmado?

— Positivo. E a julgar pelos outros, parecem caras do Big Maze...

— Pffft... bem, pelo visual da cena, isso aqui é coisa pro pessoal do Crime Organizado então... briga por área de influencia, possivelmente...

— hum. É homicídio, até que se prove ligação com a máfia... Big Maze não é tão grande coisa assim pro departamento do Crime Organizado se interessar, é?

– Que merda de vida, hein... – suspirou Batista, pesadamente.

– É... fazer o que?

– Bem, vamos ver o que podemos descobrir daqui... Ah, o pessoal da perícia chegou, vou lá receber eles...

Maguire e Batista acompanharam os dois legistas que chegaram para verificar a cena. Andaram com eles durante todo o perímetro. O espaço que as divisórias criavam eram um escritório aparentemente ainda em uso, e um outro já sem uso há um tempo. Exceto por um detalhe: em cima das camadas de poeira da pequena sala havia marcas de pegadas e de algo arrastado no chão. A julgar pelas direções dos movimentos, três ou quatro pessoas estavam no chão da sala. Julgariam se tratar de uma possível briga, se não fossem os tiros que atravessavam as paredes, sugerindo então, que pessoas se jogaram no chão a fim de protegerem-se da saraivada.

— Curioso isso... – comentou o perito.

— O que? – perguntou Maguire, sentindo que perdeu algum detalhe.

— Pode se tratar de um sequestro...

— sequestro? – ele agora olha em volta, andando pela sala e procurando indícios.

— isso... olhem isso aqui perto dessa cadeira jogada: um pequeno pedaço de tecido rasgado.

— humm... pequeno demais pra se usar para amarrar mas... isso está úmido, parece... uma mordaça, talvez?

O perito concordou com Maguire. O pequeno tecido possivelmente era um retalho de uma camisa de malha antiga, de cor avermelhada. Em uma parte do tecido, via-se uma mancha mais escura. Possivelmente estava em contato com a boca, por isso ficou úmido.

— Certo, eram varias, não, três ou quatro pessoas, e elas se jogaram no chão... havia também pelo menos um refém entre eles. Hum. Se atiraram assim na sala, queriam matar quem está dentro...

— Supondo que atiraram com proposito de acertar aqui, e não uma saraivada contra alguém de fora... – disse Batista. O perito concordou com ele. Pelos tiros, e pela posição de um dos corpos lá fora, queriam atingir alguém de fora da sala.

— Tá bem... Mas cadê o refém?

— Talvez um dos mortos lá fora?

— Batista... Até aonde sabemos, esses caras eram, basicamente, da mesma gangue...

— Um traidor?

— Não... Tem peça faltando aqui...

— Então detetives, se tiver algo faltando, logo vocês vão saber! Daqui a quarenta minutos essas fotos e provas chegam ao laboratório, então começamos as analises. Maguire, você já tem algum palpite pelo visto... Posso pedir pra começarem por um exame especifico...

— Perfeito Jones... então... balística vai ajudar bastante, mas o DNA dessa saliva ai no pano acho que vai me ajudar a saber que tipo de refém eles tinham, se foi fichado... eu tô achando essa cena limpa demais, sabe?

— Cena alterada, irmão? Sério? Por que tu acha isso? – Batista estava intrigado

— O Jones aqui contou provavelmente quatro pessoas jogadas no chão... lá fora, temos cinco negões mortos, alguns com um tiro (por isso a balística, Jones, acho que não é arma de bandido comum) e todos tem armas... se um deles seria o refém, porque teria uma arma? Se eram quatro na sala, teria apenas um vigia para uma garagem desse tamanho, com mais de uma entrada?

— Saquei. Ou simplesmente eles são burros!

— Há há, quem sabe? Mas vamos deixar com o Jones... de noite eu levo um café lá pra vocês e dai vemos se deu pra saber de algo, beleza Jones?

O perito apenas levantou o polegar em resposta.

Eram por volta de seis da noite que eles saíram da cena do crime, e já estavam prestes a chegar à delegacia. Estava na hora do "almoço" de Batista e Maguire, eles teriam quarenta minutos para comer alguma coisa antes de sentar em suas mesas e iniciar o trabalho da noite. Batista queria comer hambúrguer, mas Maguire não estava a fim. Porém como estava dando carona a Batista, iria espera-lo pegar o lanche depois passaria em alguma lanchonete para comer outra coisa.

Enquanto Batista saiu do carro para pegar seu lanche, Maguire ficou e aproveitou ausência do colega para checar seu celular em busca de alguma novidade. Havia uma mensagem, e ele foi avido abri-la, mas se decepcionou ao ver que não passava de uma promoção de sua operadora telefônica. Resolveu mandar uma mensagem pra ela. Ao enviar, ouviu um barulho e vibração diferente, vindo de algo que não era o seu aparelho. Olhou no carro e viu o celular de Claudia perto da marcha, entre um banco e outro. De certo ela sentiria falta desse celular, ainda mais que começaria a trabalhar amanhã.

Batista já se aproximava do carro. Não teria outra oportunidade de falar com ela até tarde da noite, o trabalho iria longe hoje. Ele não poderia ligar ou mandar mensagem avisando, mas a casa dela não era longe, era só passar lá e devolver. O único problema é que ficaria basicamente ao lado de Batista a noite toda, e ele não queria que o colega soubesse que estava saindo com Claudia. Ou melhor, não queria que ele sacasse que estão se falando direto, com tão pouco tempo que se conhecem. Sabia que iria ser motivo de piada. Preferia não compartilhar esses detalhes de sua vida com ninguém. De supetão, se decidiu e falou para o amigo, antes que ele entrasse:

— Batista, vou aproveitar que tô perto de casa e dar um pulo lá! Esqueci que se não comer a marmita que fiz esses dias, ela vai estragar!

— Ah, qual é irmão, são cinco quadras até o departamento! Come alguma coisa ai... é só uma marmita!

— Nada disso, detesto desperdício! Além do que, tenho que cuidar da saúde, parar de comer essas merdas da rua... te deixo daqui duas quadras se quiser, é caminho...

— Nah, esquece! Vou comer aqui depois vou – e acrescentou resmungando, depois que Maguire deu a partida – irlandês mão de vaca!

Maguire deu sorte e conseguiu estacionar bem na frente da entrada do prédio de Claudia. Ele achava estranho ela morar ali no Harlem, pois era uma mulher e por mais que fosse latina, parecia mais branca do que latina (ao menos na visão dele, se ela não falasse que era brasileira, não saberia). E todo mundo sabe que o Harlem hoje em dia melhorou muito, mas não era assim, como pode-se dizer; "para iniciantes". Ele não queria se meter na vida dela, mas estava pensando em "dar um toque" sobre isso, especialmente pela quadra específica onde ela morava. Certamente ela acharia um lugar melhor.

Antes mesmo de descer do carro, Maguire percebeu um grupo de adolescentes sentados nas escadas de acesso à portaria. Isso era típico, eles ficavam ali o tempo todo à toa. Passou por eles fazendo questão de usar seu melhor "andar de policial" e felizmente, eles não fizeram nenhuma gracinha. Iria tocar o interfone, mas percebeu que a porta estava aberta. Decidiu fazer uma surpresa.

Segundo o que ela falou, morava no quarto andar, numero 404. Ele parou em frente à porta. E se ela não estivesse em casa? Decidiu arriscar, já estava ali mesmo. Levantou a mão e deu uma pesada batida na porta. Levou um susto ao perceber que a porta se abriu. Ela parecia fechada, mas pode ser que o trinco tivesse enganchado e por isso a porta não fechou. Porta velha, prédio velho, apartamento velho; que perigo! A porta dele às vezes faz a mesma coisa!

— Claudia? – Maguire abre a porta devagar, para que ela não se assuste – você deixou a porta aberta...

Mas ele não ouve nenhum barulho, nem mesmo de televisão. Inclusive, as luzes estavam todas apagadas, até onde ele podia ver. Antes de concluir algo, ele ouve um barulho na escada. Por reflexo, fecha a porta e se vira para ver quem estava subindo. Era apenas um dos meninos que estava na portaria. Quando o rapaz toca o pé no quarto andar, Maguire fala com ele:

— Oi, garoto... sabe da moça desse apartamento?

O menino fica surpreso, mas disfarça e dá uma risada maliciosa:

— Er... He he, uma gostosa.

— Há há, tá. – Maguire ri irônico, desfazendo o sorriso em seguida – Sabe dela?

— Sei nada, não, tio... falou – e ele continua seu caminho um tanto afobado. Notoriamente incomodado com a abordagem de Maguire, mas se esforçando para que pareça apenas apressado. Maguire é macaco velho, lida com esses garotos de periferia faz tempo, e sabe reconhecer quando eles estão querendo esconder que fizeram merda... ou que viram merda.

Maguire dá dois passos e fica na frente do garoto, que protesta, indignado.

— Seguinte, você pode só me responder aqui, ou pode ir responder lá na delegacia – diz Maguire quase esfregando o distintivo da cara do garoto – o que você sabe dela que não quer me falar?

— Qual é... nem sei quem é você! Pode ser polícia, mas sei lá o que você é da moça...

— Garoto, eu não tenho tempo pra esse teu papo mole, não, tá sabendo? Coloco a porra da luz no meu carro e quero ver o que você vai falar pros teus responsáveis quando eles te virem saindo daqui com um detetive da homicídios. Desembucha!

— Desembuchar?! – o garoto tinha ficado assustado.

— Fala logo, o que 'cê sabe da garota? – falou impaciente. Esqueceu que "desembuchar" só é conhecido por gente com mais de trinta anos.

— Porra cara, não me queima... eu só sei que ela saiu hoje de manhã com uns caras...

— Caras?

— Porra cara... foi mal, tipo, se ela é tua mina, e esses caras mas... foi só o que vi...

Maguire achou isso muito estranho. Com a cara franzida, fez um gesto para o garoto continuar o caminho dele. O que ele fez de forma afobada, ainda olhando pra trás, para Maguire, vez ou outra.

Isso parece estranho mas... e se ela simplesmente saiu com amigos? Ou mesmo... Tenha outro namorado. Hum. Não parece fazer sentido com o que ela conversava comigo mas... as vezes a gente se engana com as pessoas...

Ele não sabia o que pensar.

Resolveu seguir seu instinto e ignorar o fato de que talvez pudesse ter sido enganado por ela. Entrou no apartamento.

Ao acender a luz, olhou ao redor.

Era um apartamento menor que o seu, mas parecido. Uma sala com cozinha americana à esquerda, com um balcão que servia de mesa. Duas grandes janelas que estavam fechadas pelas cortinas, e próximo a elas uma imensa planta pendia do teto até o chão; um tipo de hera. À direita, uma porta aberta, e outra fechada. Dali da sala ele podia ver que a porta que estava aberta era a do quarto.

Quando deu um passo, esbarrou em algo no chão. Um sapato de salto. Reparando, mais a frente estava o outro pé. Era o mesmo sapato que ela usava quando a viu pela ultima vez, ou seja, hoje de manhã. A julgar pelos móveis: um sofá de dois lugares de cor preta, coberto por uma manta amarela, uma estante que servia também de rack para televisão, cheia de livros organizados e plantas, uma poltrona de ler vermelha com uma pequena mesa ao lado, e pelo estado impecável das cortinas, mantas, tapetes e objetos, Claudia era muito organizada. O que fez os sapatos jogados no meio da sala parecer destoante. Quando se aproximou da poltrona, reparou que a pequena bolsa que ela usava, estava ali. Ele abriu, dentro o cigarro, dois cartões e a identidade. Essa saída não foi programada! Ela saiu daqui com pressa... o vestido! Maguire correu no quarto de Claudia e abriu o armário, como ele esperava, suas roupas estavam em ordem, mas ele não achou o que queria. Olhou no cesto de roupas sujas e no banheiro. Nenhum sinal do vestido que Claudia usava naquela manhã. Se estava em casa, poderia se trocar antes de sair. Merda!

Maguire sai correndo do apartamento e vai até os adolescentes, que ainda estavam na escada. Os garotos se sobressaltam com a chegada dele. Antes deles falaram algo, Maguire tira o distintivo do bolso.

— Molecada, NYPD! Só preciso de umas informações básicas, ok?

Maguire começa a conversar com os garotos, usando de toda sua malicia investigativa, a fim de descobrir o paradeiro de Claudia.

Segundo os garotos, ela tinha chegado de manhã, e alguns minutos depois saiu acompanhada de uns três negões muito mal encarados. Quando questionados sobre como ela se vestia e os homens também, eles lembraram rápido dela, pois era estranho estar com um vestido de festa àquela hora. Mas os homens, eles fizeram que talvez não se lembrassem. Menos por lhes faltar memória, mais por orgulho; afinal de contas homens não reparam no que as pessoas vestem. Mas pressionados, acabaram falando alguns detalhes das vestimentas dos homens.

Moletom azul marinho, calça preta, boné azul igual o uniforme do super-homem. E um tênis Adidas de cor laranja fluorescente. Maguire já tinha visto essa combinação hoje. Mas onde? Tinha certeza que não foi saindo de casa, nem quando parou com Batista na lanchonete. Será que ele passou por esse cara justamente quando deixou Claudia de manhã?

Já tinha estourado vinte minutos do seu horário. Resolveu ir direto para delegacia. Precisava pensar no que fazer.

Maguire caminha diretamente pra sua mesa, mal cumprimentando os colegas que passaram por ele. Chega à frente da sua mesa, ainda um pouco aéreo. Sua cabeça concentrada em achar uma forma de encontrar Claudia. Batista chama sua atenção.

— Tá viajando irmão? Aí... — ele estende para Maguire um envelope pardo – as fotos da cena do crime. E tem mais algumas coisas que o Jones mandou no email.

Maguire calado pega o envelope e abre, enquanto Batista observa o quão estranho o parceiro está. Ele gela. Dentre as fotos dos corpos, um deles usa moletom azul escuro, calça preta e um tênis Adidas laranja fluorescente.

— Puta merda – murmura, e em seguida vira-se para Batista – você ainda tem aqueles contatos da época da narcóticos?

— Er... tenho, qual é?

— Preciso saber do paradeiro de uma pessoa... acho que sei quem pode ser o refém...


***


Enquanto trabalhavam nas evidências, Batista e Maguire viam as primeiras impressões dos peritos. Segundo os forenses, aquela cena realmente tinha grandes chances de ser alterada, pela quantidade de perfurações superior a quantidade inferior de cápsulas achadas. A olho nu, percebiam apenas as capsulas das armas que os próprios mortos portavam. O que levantava a possibilidade de desentendimento entre eles. Mas ainda havia muito a se verificar, cenas como essas demoram a ser analisadas, e precisariam de mais alguns dias para ter certezas.

Certo momento da noite, a dupla de detetives saiu em campo; queriam encontrar alguns contatos de Batista. No entanto, prevendo que a história poderia complicar, Maguire decide não dizer quem suspeita ter sido sequestrado, e pede que Batista siga para o Bronx, onde ele conhece algumas pessoas, e vai até o Harlem, onde ele mesmo conhecia alguns.

Depois de algumas horas, eles se encontram na cafeteria de sempre, na madrugada. Maguire tinha acabado de sentar e tirava do paletó uma pequena garrafa de uísque, que destampou e derramou um pouco do líquido em seu copo de café, discretamente.

Batista como sempre, tinha cara de poucos amigos. Ele senta à frente de Maguire:

— Me dá um desse igual aí – e aponta para o café de Maguire.

Maguire apenas faz sinal para a garçonete, que o serve. Quando ela sai, ele novamente tira a garrafa do bolso e repete o processo, discretamente. Ao terminar, Batista pega o copo e dá um gole.

— E aí? Achou alguma coisa?

— Você primeiro.

— Certo... — resmunga — pelo o que descobri, Big Maze e seus rapazes andaram agitados no dia de hoje. Dizem que desde que saiu no jornal a ligação do nome dele com aquele carregamento de drogas, as coisas andam agitadas. Ele está sumido desde a manhã deste domingo... e você, robocop, quem é o sequestrado que está suspeitando?

— Isso talvez explique. Pelo o que o pessoal das ruas aqui no Harlem falou, alguns homens no Big Maze andaram por aqui. Será que o Black Tornado foi o sequestrado?

— Hum. Confuso. Acho que estamos deixando passar algo... amigo, vamos esperar o resultado da pericia, senão vamos ficar indo atrás de nada com coisa nenhuma.

Maguire concordou com Batista. Até porque, não queria dizer que achava que a Claudia poderia ter sido sequestrada, não por esse cara. Não havia motivo. Estava mesmo tudo confuso, embora ele com sua intuição e experiência soubesse que, se cavasse mais, acharia o fio condutor de tudo isso.


***


Em uma sala escura, iluminada apenas pela luz fria que transpassava um pequeno basculante, um homem está acuado. Embora ele seja grande e tenha um bom porte físico, algo o ameaça. Ele busca escapar.

A porta abre e contra a luz do lado de fora, ele pode enxergar a silhueta de outro homem – vestido com um terno escuro – que se projeta para dentro da sala.

O homem acuado treme e intenciona murmurar algo. Mas antes de qualquer palavra, leva um soco que o faz cambalear para trás. Ele tenta proteger a cabeça, mas o agressor é hábil e com uma das mãos consegue afastar seu braço. O sujeito parecia um trator. Mais dois socos potentes e ele vai ao chão.

O dono da silhueta parece não ter percebido que sua vitima estava desacordada e continua socando-a com fúria. O rosto dela se deforma. Vira uma massa de carne. O agressor prossegue agora, soca a cabeça amassada contra o chão vermelho e grudento , a espessa pele calejada das mãos de boxeador, sofrendo vários pequenos cortes em contato com estilhaços dos ossos e dentes do que momentos antes fora um homem. Até que uma mão toca em seu ombro.

Desperto de súbito daquele transe animalesco, ainda havia ódio em seu olhar quando se vira para quem o interrompeu. Sua respiração estava alterada, e sua postura parecia a de um bicho. Em alguns segundos, ele recobra a razão, e se levanta. Estica-se e recupera sua postura elegante. Porém, quando caminha para a mesma porta que entrou, seus passos ecoam soando como o trotar de um cavalo de guerra.

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fim de mais um capítulo

confesso que gostei bastante dessa parte. O inicio dessa história eu considero um pouco mais denso (e tenso) que o restante, então, aguentem um pouco toda essa ação que logo chegará a bonança (acho *risada malígna ativada* MWA ha Ha hA).

Kissu!

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