O vizinho

Da BrendaSousa373

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Ella Watson vive uma vida triste e monótona ao lado do marido abusivo que parece querer fazer da sua vida um... Altro

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Capítulo especial
Agradecimentos

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Da BrendaSousa373


Alguns meses depois..

Demorou, mas finalmente os dias de tristeza acabaram. Eu nunca pensei que chegaria até aqui, eu não tinha nenhuma perspectiva de futuro, estava no fundo do poço só esperando a morte vim me buscar, mas hoje percebo que quando voce se dedica a buscar maneiras de sair desse poço por conta própria, você consegue. E consegue mais rápido quando tem alguém lá em cima disposto a te dar a mão.

Meu sofrimento se iniciou muito cedo, quando eu sequer tinha maturidade pra entender. Cresci com uma ideia distorcida de como era o amor, de como era uma família.

Uma família composta por uma mãe ausente e um pai peverso. Vivendo uma grande mentira.

Aprendi desde pequena que o amor machuca mais do que cura.

E permiti que pessoas me machucassem, porque acreditava que isso era amor de verdade.

Que uma hora, a pessoa ia pedir desculpas e ficaria tudo bem.

Mas isso não é amor.

Descobri recentemente que o verdadeiro amor é aquele que sentimos por nós mesmos.

E o amor que sinto por mim me curou, e me permitiu curar outras pessoas.

Ninguém merece passar pelo o que eu passei, e eu tinha muitas razões para não querer viver, mas entendo que passar por tudo isso foi preciso.


Pois agora eu me sinto mais forte. Cada dia é um obstáculo, e eu fico feliz em ver que eu consegui passar por eles, com muita garra e coragem.

E com apoio das pessoas que eu amo.

Minha família.

A gente resolveu fazer um jantar especial  para comemorar uma nova etapa das nossas vidas.

Diego e eu, finalmente vamos nos casar.

O pedido foi feito naquele mesmo restaurante onde nos encontramos pela primeira vez.

E esse jantar será pra celebrar esse momento com todos que foram testemunhas do nosso amor.

Todos que viram os nossos esforços para manter a chama acesa, mesmo com tudo contribuindo para ela se apagar.

Mas o amor sempre vence.

E eu estou sentada na cama de camisola, olhando para aquela aliança de noivado no meu dedo, ainda sem acreditar que isso vai mesmo acontecer.

Meu deus!

Não era nem pra mim estar aqui, eu não tinha ideia disso, estava vivendo um martírio, sobrevivendo apenas com as migalhas de um amor doentio e olha só pra mim agora, vou me casar outra vez, e  com alguém incrível.

E isso é mais do que gratificante pra mim.

Casar com alguém que me ama, que me respeita, que não faz eu me sentir um lixo, que não me molda à sua maneira.

E essa, é a verdadeira definição de um amor saudável.

E não pense que foi fácil, depois da nossa primeira noite ter sido  conturbada, tivemos outras noites, e apesar de eu ter o rejeitado diversas vezes, ele continuou insistindo.

Ficamos quase um mês inteiro sem contato íntimo.

E ele respeitou o meu espaço, e me apoiou.

Me disse que aquilo era só o trauma procurando um cantinho pra estacionar dentro de mim, sem causar  mais trastorno.

E sim, é doloroso, mas vai ter um momento que eu nem vou perceber que ele está lá, estacionado.

Eu não tenho palavras pra descrever o que Diego tem sido pra mim.

Alguém que veio do nada e se tornou tudo.

Parece que eu estou vivendo um sonho lindo.

Tentamos muitas vezes, até que em uma noite aconteceu.

E foi lindo. Choramos tanto.

E confesso que foi uma das melhores noites que eu já tive na minha vida.

Eu finalmente me senti preenchida, amada. Satisfeita.

Sem a necessidade de buscar em outros homens uma maneira de saciar o desejo insano que havia dentro de mim.

Eu não quero estar com mais ninguém agora.

—– Meu amor, ainda não está vestida - Questionou, entrando no quarto — Os convidados já vão chegar.

Olhei pra ele comovida e fui correndo em sua direção, e o abracei.

Ele estava muito lindo.

—– Ei, que foi? —  Perguntou ao me ver chorando

—– Obrigado! — Agradeci aos plantos - Obrigado por tudo, por ter sido muito paciente comigo.

Ele agarrou o meu rosto com as duas mãos e me encarou profundamente.

Não precisou de palavras, seus olhos brilhando já diziam tudo.

Ele estava feliz por ter finalmente ajudado alguém, e isso pode parecer normal pra outra pessoa, mas eu sei que pra ele, foi extremamente importante ouvir isso.

Abracei ele de novo e colei nossos lábios.

—– Te amo — Suspirou, emocionado.

—– Também te amo.

Depois que eu já estava pronta, desci a escada e me deparei com a minha mãe na cozinha, quase enloquecendo com as panelas.

—– Está tudo bem aí, mãe? — Falei contendo o sorriso.

—– Não — Protestou em meio a fumaça —  Acho que eu ando meio enferrujada, não lido mais com as panelas como antes.

—– Talvez tenha desaprendido, depois que botou o Richard pra fazer tudo —  Provoquei.

Ela tossiu e sacudiu com as mãos a fumaça que saia enfurecida das panelas.

—– Sim, mas depois que reatamos, várias coisas mudaram, inclusive o meu tratamento com ele, estou tentando ser mais gentil, sabe.

—– Nossa, isso é ótimo, e onde ele está neste momento? —  Perguntei, pegando uma maçã.

—– No mercado, mas já deve tá chegando.

Como minha mãe havia previsto, Richard apareceu cheio de sacolas. Fui até lá pra ajuda-lo.

—– Eu te ajudo.

Ele sorriu tímido e me entregou algumas sacolas.

—– Vrum, Vrum — Zyan murmurou passando como um vulto pela gente.

Como ele cresceu nesses últimos tempos.

Ajoelhei diante dele e o fitei.

—– Oi, que carro bonito.

Ele olhou pra mim, e sorriu tímido.

—– Papai comprou pra mim.

Sorri diante de tanta inocência.

No mesmo instante a porta se abriu e Joy entrou com o seu marido e a filha Amber, que também já estava bem grandinha.

Inclusive já estava dando os primeiros passos.

—– Que bom que vocês vieram — Fui até eles e os cumprimentei.

—– Vem com a titia — Peguei a amber no colo

E parece que um peso foi tirado dos braços da Joy, ela parecia exausta.

—– Trouxe a sua torta favorita, amiga — Ela disse, pegando a torta que estava nas mãos do seu marido.

—– A torta que só você sabe fazer — Comentei, surpresa, enquanto balançava a amber que se divertia no meu colo — Muito obrigado.

Conduzi eles até a cozinha. Joy colocou a torta sobre a mesa, depois foi cumprimentar a minha mãe.

—– Está com um cheiro ótimo — Disse a abraçando.

—– Espero que não só o cheiro —  Minha mãe respondeu um pouco preocupada.

Maycon chegou logo em seguida com o seu sorriso contagiante, e com uma garrafa de vinho tinto.

Entreguei a amber para a Joy e fui até lá pra recebê-lo.

—– Você veio — Falei um pouco surpresa.

Pois todas as vezes que o convidei para jantar, ele nunca compareceu.

—– Claro, porque não viria.

—– Você nunca vem.

—– Mas hoje tem um motivo especial, não tem?

—– Sim, tem —  Confirmei sem conseguir disfarçar o sorriso.

Ele colocou a garrafa em cima do balcão, e depois a gente se abraçou.

—– Você não precisava se incomodar —  Falei olhando para a garrafa, por cima dos seus ombros.

—– Não queria ser o único de mãos atadas —  Ele sorriu, me fazendo sorrir também

—– Vem, vou te apresentar para uma pessoa — Peguei em sua mão, empolgada,  e o levei até a cozinha onde estava o restante das pessoas

Diego estava na pia conversando com a Joy, enquanto ela descascava as laranjas para fazer suco para as crianças.

—– Amor, esse é o Maycon —Apresentei.

Os dois ainda não chegaram a se conhecer pessoalmente.

Diego se virou e o cumprimentou, sorridente.

—– Maycon, é um prazer finalmente poder te conhecer.

—– Então você é o Diego? — Maycon o questionou confuso, depois olhou pra mim como se exigisse uma explicação

O sorriso sumiu do meu rosto, e a tensão se instalou entre a gente.

—– Sim, sou eu — Diego assentiu com um sorriso confuso.

Joy estava mais confusa ainda.

Eu contei o meu passado para o Diego, mas não para Maycon. Ele ainda estava parado naquela noite em que Mateo foi até o restaurante e eu o confundi com Diego.

Para a Joy, eu fui contando aos poucos, e com ela foi mais fácil, porque  ela compreende o quanto é difícil ficar tocando nesse assunto toda hora.

É muito desgastante falar sobre isso, mas não quero que o Maycon pense que não confio nele.

—– Maycon, vamos ali um instante.

Levei ele até a sala.

Sentei em um sofá, e ele em outro de frente pra mim, sem entender nada.

Um silêncio repentino pairou sobre nós. Fiquei nervosa.

—– Se ele é o Diego, quem era o cara que foi no restaurante naquela noite?Porque ele parecia bastante interessado em ver você, sabia até o seu nome, e era nítido que você também o conhecia, pois ficou bastante animada...e depois disso você ficou estranha...

Maycon atropelou as palavras e isso me deixou ainda mais nervosa.

—– É...

Soltei os ombros que estavam tensos, junto com um suspiro.

—– Uma longa história...

Ele levantou impaciente do sofá e fez menção de ir embora. Agarrei o seu braço antes dele dar o primeiro passo.

Ele olhou para a minha mão, e depois pra mim, e seus olhos se encheram.

—– Foi ele não foi?

Fiquei em silêncio e as lágrimas responderam por mim.

—– Você me dispensou para ficar a sós com um cara que queria te matar, eu realmente não entendo...e também não entendo porque não me contou.

—– Maycon, é uma história muito complexa, e esse não é o momento pra falarmos sobre isso.

—– E quando vai ser o momento então?

Até abri a boca pra responder, mas não saiu nenhuma palavra.

—– Você também escondeu sua sexualidade de mim, e nem por isso eu estou aqui te cobrando.

—– Quer saber, eu perdi a fome —  Disse e logo depois avançou até a porta de entrada.

—– Maycon, espere.

Fui atrás dele, mas parei ao ver que não tinha como alcança-lo.

—– Maycon, o que aconteceu? — Minha mãe perguntou ao vê-lo passar como um vulto por ela.

Todos olharam pra mim, confusos.

Levantei os ombros, demostrando que nem eu mesma entendi.

Eu devia ter contado a verdade pra ele.  Naquela noite eu só disse o que ele queria ouvir e coloquei a culpa nas circunstâncias.

E é importante que ele saiba da verdade, para que não continue pensando que não confio nele.

Suspirei fundo.

Mesmo me sentindo mal com toda aquela situação, eu procurei curtir o jantar ao máximo. E deixar esse assunto pra resolver depois.

Chegaram as pessoas que estavam faltando, a sogra de Diego e Annabelle. Fiquei surpresa em ver que Anna já é uma linda mocinha.

Seus cabelos loiros e seus olhos azuis me lembram um pouco a Mia. Queria que pelo menos ela estivesse aqui.

Eu gostava dela, ela era diferente dos seus irmãos.

Como pode, não ser parentes, e se  parecerem tanto.

Ela veio até mim e me abraçou.

Senti sua cabeça prestes a tocar o meu queixo e fiquei ainda mais surpresa.

Annabelle, costuma passar mais tempo com a avó, viajando, assim fica difícil a gente se encontrar.

Diego não desgruda de mim, um só segundo.

E ainda moramos em casas separadas. Mas quando a gente se casar isso irá mudar.

—– Alguém está crescendo rápido.

—– Ela vai ser alta, igual ao pai — A avó  comentou.

Olhei para ela e sorri timidamente.

Não somos tão próximas, e pra falar a verdade essa é a primeira vez que eu a vejo de perto.

Mas só por ela ter acolhido o Diego como um filho, já a considero como se fosse da família.

Acariciei as madeixas loiras de Annabelle. Ela se afastou e olhou pra mim com ternura.

Não sei por quê, mas a partir dali  nasceu uma conexão entre a gente. Eu sei que não posso substituir sua mãe, mas garanto que serei tão útil quanto. Quero ensina-la tudo o que eu aprendi com a vida, e orientá-la para que tome boas decisões.

E protege-la de tudo de ruim que há no mundo.

Enquanto eu existir.

—– E eu não ganho um abraço? — Disse Diego, interrompendo o nosso momento.

Todos riram dele.

—– Porque eu já estava começando a me sentir mal, sabe.

Annabelle foi até ele e o abraçou, também.

O amor entre os dois é algo muito bonito de presenciar. Desperta uma alegria imensa na gente.

O jeito que ele cuida dela é fascinante. O verdadeiro amor de pai. O que eu procurei a vida inteira, e não encontrei.

Do nada eu comecei chorar. Isso fez todo mundo se assustar.

—– Amor? 

—– É que... eu estou tão feliz... eu nunca pensei que veria vocês de novo, eu não imaginava..aconteceram tantas coisas ruins, dolorosas, que eu pensei que não era digna de um final feliz...e olha só onde eu estou, na minha casa, com as pessoas que eu amo..muito obrigado gente, de verdade...

—– Ah, para, se não vou chorar também —  Disse Joy já com lágrimas nos olhos, vindo me abraçar.

—– Você merece isso e muito mais, meu amor —  Diego completou.

—– Você é uma guerreira, filha, uma inspiração, no seu lugar eu não iria conseguir sobreviver, e você conseguiu, e eu a admiro muito por isso —  Minha mãe falou, toda emocionada.


—– Parabéns, Ella —  Richard disse em seguida.

Olhei pra ele, e sorri genuinamente.

—– Eu tô com fome — Zyan resmungou fazendo todo mundo cair na risada.


Após isso, todos se reuniram na mesa, e juntos comemos os pratos que cada um preparou com muito carinho.

Todos estavam uma delícia. E eu que era a chefe fui a única que não cozinhei, mas foi porque não deixaram.

—– Antes de tudo, vamos fazer um brinde aos noivos — Disse o marido da Joy, Levantando a taça.

Todos brindaram por nossa felicidade. Mas fiquei triste ao ver que o dono do vinho não estava pra brindar com a gente.


Na hora da sobremesa, foi a torta de Joy que ganhou todo o destaque da noite. Fiz questão de dizer que era a minha favorita, mas quando comecei senti um embrulho no estômago.


—– Com licença, gente, eu vou ao banheiro e já volto.

—– Você está bem, amor? — Diego perguntou preocupado.

—– Sim, não se preocupe — Assegurei,  tocando o seu rosto de leve.

—– Eu vou com você — Joy se ofereceu, arrastando a cadeira, com um sorriso estranho.

No banheiro, agarrada ao vaso, eu vomitei horrores.

Depois fiquei sentada lá, esperando a sensação de enjôo passar.

Me senti mal pela Joy,  porque ela tinha feito aquela torta com tanto carinho, mas ela não parecia nem um pouco ofendida, muito pelo contrário, parecia feliz.

—– Por que está sorrindo feito uma idiota? — Questionei, ainda me sentindo enjoada.

—– Não percebe?

—– Perceber o que?

—– Você está grávida.

—– Não viaja, tá, eu devo ter comido  muito no jantar, só isso.

—– Também pensei que tinha comido muito, antes de descobrir que eu estava grávida da Amber.

—– Eu entendo sua empolgação, mas eu não estou grávida, eu não posso...

Olhei para o sorriso paralisado em seu rosto e aquilo me deu uma pontinha de esperança.

—– Joy, eu não posso ter filhos — Suspirei desacreditada.

—– Pode sim —  Ela assentiu balançando a cabeça, depois pôs a mão na minha barriga — Eu profetizo.

Seus olhos transbordaram assim como os meus.

—– Pode e vai ter, e vai ser um menino.

Balancei a cabeça negativamente, olhando para aquela barriga seca e recordando a imensa dor que senti quando perdi o meu bebê.

—– Não — Enxuguei as lágrimas e levantei do chão, incrédula.

—– O que foi?

—– Não vou alimentar essa esperança outra vez, é doloroso demais, vamos voltar pra festa, antes que sinta falta da gente.

—– Faça o teste, só pra ter certeza.

—– Não, e o Diego não pode me ver ver indo na farmácia, não quero que ele fique abalado quando o teste der negativo, se não posso alimentar minhas esperanças, as dele eu também não vou.

—–  Eu compro pra você, assim não vai precisar ir até a farmácia, amanhã passa lá em casa e faz o teste.

—– Joy...

—– Não custa nada tentar.

—– Está bem.

Ela soltou um suspiro de empolgação, tava mais animada do que eu.


Mas eu sabia que ia dar negativo, o médico foi bem claro, quando disse que eu tinha zero chances de ter outra gestação.

E eu não acredito em milagres.

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