O vizinho

Da BrendaSousa373

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Ella Watson vive uma vida triste e monótona ao lado do marido abusivo que parece querer fazer da sua vida um... Altro

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Capítulo especial
Agradecimentos

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Da BrendaSousa373


Eu contei para os policiais que sofri uma tentativa de homicídio no meu trabalho . Um homem que eu não conheço invadiu o local e simplesmente me agrediu.

Mas mesmo assim tive que ir à delegacia para prestar depoimento.

—– Então ele devia está pesquisando a sua rotina para saber o dia que estaria sozinha, o que dá a entender que foi algo premeditado — O delegado concluiu.

—–  Sim, acredito que ele só estava esperando a oportunidade perfeita pra fazer isso e encontrou.

—– Certo.

Depois disso ele me pediu pra fazer um retrato falado do suspeito, e eu descrevi como sendo magro, branco e de olhos azuis.

Fiz a descrição perfeita de Mateo, só que na versão mendigo com bigode.

Eu quis bagunçar um pouco para não parecer tão óbvio.

Falei também que assim que ele me espancou, fugiu do local.

O que não foi bem o que aconteceu.

Eles interditaram o restaurante para colher algumas provas, e foi assim que descobrimos que Clarice fez um ótimo trabalho.

A faxineira disse que não havia ninguém no local e que encontrou a porta dos fundos aberta e tudo fora do lugar.

Eles encontraram o meu celular e confiscaram, tinha vinte ligações perdidas só da minha mãe.

Quanta preocupação.

—– E quanto ao homem quem te trouxe?

—– Ele é o meu namorado.

—– O que uma mulher como você...

—– Eu já posso ir — Interrompi já de saco cheio de tantas perguntas — Eu já tinha dito tudo que precisavam saber, o que mais eles queriam.

O delegado me encarou por um tempo e  depois suspirou.

—– Pode sim.

Em casa eu me livrei daquelas roupas ensanguentadas e tomei um banho, esfreguei bem o corpo para tirar aquela sensação de sujeira e lavei os cabelos.

E só depois disso que eu pude finalmente dormir em paz.

Diego depois de me trazer, foi pra casa dele fazer o mesmo.

Acho que é mais do que merecido esse descanso.

Mais tarde, recebi Maycon aos plantos em casa. Ele se sentia culpado por ter me deixado sozinha, mas eu tentei explicar que a culpa não foi dele, afinal não tinha como ele saber, mesmo assim parecia não ser o suficiente.

—–  Mas...

—– Maycon, é o seguinte, eu estou bem, e não tem porque você se preocupar.

Eu estava tranquila em relação a isso, já que a decisão foi minha.

Mas é tão bom saber que tem pessoas ao meu redor que se importam comigo de verdade.

Por anos vivi com uma pessoa que só se importava com ele mesmo.

—– Eu só fui saber agora amiga, eu bebi todas, deixei o celular silencioso e quando me dei conta acordei na casa de um...

Ele fez uma pausa, e olhou pra mim como quem acabou de cometer um crime.

Agarrei as suas mãos e olhei no fundo dos seus olhos.

—– Maycon, entre a gente não deveria haver segredos, e eu sempre soube que você era gay.

Ele puxou lentamente a suas mãos e abaixou a cabeça um pouco retraído

—– Na verdade... — Ele levantou os olhos e me encarou com receio — Eu sou bi, mas já vou logo avisando que você não faz o meu tipo, nem adianta dar em cima de mim.

—– Você também não faz o meu, então pode ficar tranquilo.

Ambos caímos na risada e depois disso ele ficou sério de repente.

—– Estou feliz que esteja bem — Ele disse.

—– Eu já passei por coisas muito piores, Maycon.

Após isso, eu o abracei novamente e o convidei para o jantar, mas ele recusou disse que tinha umas coisas pra resolver e que outra hora apareceria pra jantar com a gente.

Levei ele até a porta. Era nítido que ele estava feliz por eu ter o apoiado na sua decisão.

Maycon tem sido mas que um amigo pra mim, e como se ele fosse parte da família. Um irmão mais novo, eu diria.

—– Se cuide — Ele alertou.

—– Você também.

Ele sorriu fraco, depois saiu pela porta.

Eu não fui ao hospital porque eu estava me sentindo bem, apesar de ter alguns arranhões pelo corpo, mas a minha mãe não estava totalmente convencida disso.

Talvez de tanto apanhar da vida, meu corpo tenha ficado dormente.

Eu observava a forma que ela delicadamente cuidava de mim, e confesso que isso me causava uma sensação estranha.

Talvez pelo fato dela nunca ter se importado comigo, nunca ter tirado um pouco do seu tempo para tratar das minhas feridas.

Lembro dela sempre correndo de um lado pro outro, fingindo que eu não estava ali chorando na frente dela.

—– Ai —  Gritei depois que ela enfiou a agulha no meu braço e começou a costurar.

Isso bastou pra me tirar dos meus pensamentos e me trazer de volta a dura realidade.

Eu sabia que ela costurava roupa, agora gente, isso é novidade.

Deve ter usado o tempo livre que tinha pra fazer enfermagem ao invés de cuidar da filha pequena que estava a mercê de um pedófilo.

—– Não devia ter reagido, aquele marginal podia ter te matado —  Ela disse .

—– Desculpa, se aprendi da pior forma como ser agressiva — Provoquei.

Ela puxou a linha com força me fazendo urrar de dor.

Ninguém ia entender se eu dissesse que minha intenção era lutar com Mateo até morrer.

Foi como uma tentativa de suicídio. Se ele me matasse seria como se estivesse me fazendo um favor.

Mas isso foi antes de Diego aparecer e provar que nem tudo está perdido, e que eu ainda posso plantar flores nesse jardim destruído.

—– Não é bom ela ir para o hospital? — Richard perguntou, preocupado.

Eu nem notei que ele estava ali, sua presença é quase imperceptível nessa casa.

—– Não se preocupe, eu sei o que estou fazendo — Minha mãe disse brava fazendo um sinal para ele se retirar do quarto.

Ele suspirou fundo e depois saiu batendo a porta.

Não gosto da forma como ela o trata.

—– Pronto, novinha em folha — Disse forçando um sorriso, admirando o seu feito.

—– Onde aprendeu fazer isso? — Perguntei olhando para o meu braço.

Juro que nem senti aquele corte, não faço ideia de como me cortei.

—– Com a minha mãe, ela era enfermeira.

—– Como mãe ela era uma ótima enfermeira — Soltei uma risada irônica.

Minha mãe é claro não gostou, mas essa é a única forma que encontro de atormenta-la, já que não posso puni-la por não ter sido uma péssima mãe.

Penso que a culpa também foi da minha avó, se ela não tivesse colocado minha mãe na rua, talvez ela não teria conhecido o meu pai, e talvez eu não teria sofrido tanto como eu sofri.
Mas isso é uma das coisas que eu jamais vou poder mudar.

—– Vou fazer um jantar pro Diego aqui em casa, e gostaria que você me ajudasse.

—– Você gosta mesmo desse rapaz, não é?

—– Sem sombra de dúvidas.

—– E o escolheu justamente porque se parece com o seu falecido marido.

—– Não, eu o escolhi porque ele me ama e me respeita, e a semelhança é pura coincidência.

Eu ainda não estava pronta pra contar a verdade para a minha mãe, no momento certo ela vai saber.

—– Ele veio aqui algumas vezes, mas eu disse que não estava em condições de receber visitas, então..

—– Ele veio aqui, e você não me contou?

—– Você não atendia as ligações dele então imaginei que também não queria vê-lo.

—– Sempre se intrometendo onde não é chamada não é mesmo, mãe?

—– Acho que não está pronta para se envolver amorosamente com alguém, espero que não magoe esse rapaz, ele parece ser uma pessoa legal.

As palavras da minha mãe me deixaram bastante chateada, mas eu preferi sair do quarto ao invés de discutir com ela.

—– Fiz um chá pra você — Disse Richard assim que entrei na cozinha.

—– Como você aguenta ela?

—– Bom, eu amo ela, então — Ele despejou o chá dentro da xícara e me entregou —  Eu meio que sou obrigado a aguentar.

—– Obrigado — Peguei a xícara e soprei de leve —  E então como vocês se conheceram?

Antes que ele pudesse responder, minha mãe entrou na cozinha e ele recuou indo em direção a pia.

—– Não quer que eu me intrometa na sua vida, mas na minha você quer se intrometer.

—– Foi só uma pergunta, ao contrário de você que toma decisões antes de  consultar a pessoa primeiro, como fez com o meu trabalho e com o meu namorado.

—– Só estava fazendo o que era certo, você estava fora de si, eu só queria poupar as pessoas, só isso.

—– É sempre assim, você quer que todo mundo pense que eu sou louca, para que ninguém saiba a verdade.

—– Filha não é isso, eu só estou tentando cuidar de você.

—– Você não acha que é um pouquinho tarde pra isso

—–  Chega!

Ela gritou, e tanto eu como Richard ficamos assustados com a sua atitude inesperada.

—– Amor, se acalme.

—– Isso não é problema seu, então fica na sua

Richard recuou novamente e isso me deixou ainda mais irritada.

—– Você não precisa trata-lo dessa forma, eu nunca o vi levantando a voz pra você, e você quer manipular ele como se fosse um boneco, quer fazer isso com todo mundo, quer encaixar as pessoas no mundinho perfeito que só existe na sua cabeça.

Igualei a minha voz com a dela.

—– Eu entendo que você quer me punir por não ter sido uma boa mãe pra você no passado, mas acontece que eu estou me esforçando ao máximo pra ser uma boa mãe pra você agora, mas você não vê isso — Ela falou aos plantos

—–  Eu não preciso de uma mãe, agora eu precisava antes.

—– Não vamos discutir isso aqui.

—– Ah, então ele não sabe? parece que eu não sou a única fingida aqui.

—– Cala essa boca.

—–Richard você sabia que a minha mãe traia o meu pai?

—– Cala a porra da  boca — Ela gritou mais alto.

—– E não é só isso, ela me deixava sozinha com ele...e ele...abusava de mim toda noite quando ela saia pra transar com os amantes dela...

A minha mãe acertou um tapa no meu rosto e depois disso começou chorar descontrolada.

Richard ficou paralisado.

Soltei um grunhido, meus olhos rapidamente se encheram, e eu virei o rosto e olhei para ela.

—– Ela sabia, e preferiu pôr uma venda nos olhos do que voltar a morar na rua, e ela ficou com essa venda nos olhos por anos...e fez de tudo pra tentar me convencer de que foi apenas pesadelo, que o meu pai era um homem bom, trabalhador, que ajudou a gente...e que eu tinha que ser grata todos os dias por ter um teto, comida na mesa...

—– Isso não é verdade, Richard, ela está mentindo, não acredita nela — Ela apelou.

As lágrimas saltaram dos meus olhos e o meu corpo começou a tremer instantemente.

Eu estava à beira de um ataque de pânico, mas eu consegui respirar fundo e me acalmar.

—– Pelo menos eu contei tudo pro Diego, e você até quando vai esconder isso.

Dito isso, subi para o meu quarto.

Do quarto dava pra escutar os gritos da minha mãe, ela estava mesmo empenhada em fazer o Richard acreditar que eu estava louca, mas eu sei que ele não é bobo o suficiente pra acreditar nesse absurdo.

Não depois de acompanhar todo o meu sofrimento.

Às vezes, eu só queria morrer pra não ter mais que sentir essas coisas, eu só queria esquecer tudo.

Espiei pela porta e tive que assistir a cena patética da minha mãe se arrastando aos pés de Richard, se desmanchando de tanto chorar para ele não acreditar em nada do que eu disse.

Isso me deixava enojada a ponto de vomitar.

Mas eu não ia ficar ali presenciando todo o seu vitimismo.

Então decidi que iria pra casa da única pessoa que me entende de verdade.

E antes mesmo que eu saísse pela porta ele já estava do lado de fora me esperando.

A nossa conexão é algo surreal.

—– Ella, você está bem? Eu ouvi gritos e vim correndo, aconteceu alguma coisa? — Ele perguntou claramente preocupado.

De repente comecei a sentir uma sensação estranha, como se o meu corpo estivesse apagando.

—– Só, me abraça — Sussurrei ofegante sem conseguir manter os olhos abertos.

Ele correu na minha direção, e eu praticamente desabei em seus braços.

—– Ella?

Sua voz foi se distanciando e tudo ficou escuro...

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