O vizinho

By BrendaSousa373

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Ella Watson vive uma vida triste e monótona ao lado do marido abusivo que parece querer fazer da sua vida um... More

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Capítulo especial
Agradecimentos

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By BrendaSousa373

—– Ella? — Uma voz distante me chamava na escuridão. Mas eu não conseguia abrir os olhos, e pra falar a  verdade, eu não queria abrir os olhos.

Eu não quero ver nada disso.

Por que diabos me tiraram do chão?

Será que aqui tem alguma cela vazia para que eu possa me trancar e morar lá pra sempre?

Parece mais confortável do que dormir na minha casa, sondada por demônios, que me vigiam o tempo todo.

Quando eu finalmente decidi abrir os olhos, vi que a detetive me olhava. Havia confusão em seus olhos, e o seu rosto estava tão próximo, tão redondo.

Isso é assustador.

—– Ella, podemos continuar essa conversa depois, você não parece bem.

—– Eu estou bem  — Procurei uma posição mais confortável na cadeira.

Olhei em volta e percebi que estávamos em outra sala. Essa era mais sombria, tinha paredes cinzas e uma única luz no teto, acima de nós.

Se tratava de uma sala de interrogatório.

Não tinha nada pra prender a atenção, então fui obrigada a olhar nos olhos da detetive. Olhos esses, extremamente marcantes e intimidadores.

—– Tem certeza que quer continuar? — perguntou com uma expressão séria.

—– Sim.

A mulher respirou fundo, em seguida foi se sentar no seu lugar. Ficando de frente pra mim novamente.

—– Eu fui no hospital outro dia, te  procurar, mas não te encontrei...eu queria que soubesse a verdade..antes que o acusado acordasse. Assim não correria o risco dele te manipular novamente, visto que vocês  planejavam fugir.

—– Eu não planejava fugir com ele.

—– Não?

—– Nāo,  eu só pensei que sua vida estivesse em perigo, e pensei que se ele fugisse, estaria á salvo, mas eu não fazia ideia de nada disso.

—– Não tem como fugir de si mesmo, Ella Watson, você pode ir para o lugar que for, que o seu passado vai está lá com você.

—– Como sabe o meu nome?

—– Porque por coincidência,  eu estava investigando o  desaparecimento de uma garota, e ela tem suas características, embora você seja mais velha ...

Como assim, eu estou desaparecida?

Ela estendeu o celular e mostrou uma foto de um cartaz com a minha imagem e meu nome logo abaixo dela.

Isso me encheu os olhos.

Só me dei conta de que o tempo passou, quando eu reparei que eu estava muito jovem, com traços angelicais. Tão ingênua.

—– Fiquei comovida com dois pais desesperados, que procuravam pela sua filha que havia desaparecido, após ser levada por um homem que dizia ser seu namorado ...

Agora tudo faz todo sentido. Por isso eles nunca me ligaram. Nunca procuraram saber como eu estava. Na verdade, eles não faziam ideia de onde eu estava.

Limpei as lágrimas e olhei para a mulher.

—– Eu não estou desaparecida, estou apenas morando em outra cidade, mas a correria ...

—– Ella você não precisa mentir pra mim ...

—– Não estou mentindo.

—– Conta o que aconteceu...ou o que está acontecendo...você está sendo ameaçada, é isso?

Ela estudou algumas marcas no meu corpo.

—– Ele machucou você?

—– Não, isso foi um aci...

Ela não parecia acreditar em nada do que eu estava dizendo.

Isso me deixou bastante  nervosa, então eu comecei chorar.

—– Ella?

—– Eu tô bem... eu só perdi o contato com eles...eu não sabia que eu fui dada como desaparecida..meus pais costumam ser dramáticos

—– Perdeu o contato? Por dez anos...não assiste jornais? Sua foto está por todo os cantos.

Só agora me dei conta de que na minha tv só passavam os canais que Caleb queria. Pois até isso ele controlava.

Os vizinhos agiam estranho comigo, porque sabia que estavam procurando por mim, mas provavelmente Caleb os ameaçaram ou até mesmo comprou o silêncio deles.

Por isso, ele nunca me deixava sair. Era um homem público, mas eu não podia aparecer nas fotos, porque seria reconhecida.

Ele fez uma lavagem cerebral na minha cabeça. Me fez acreditar que ninguém se importava comigo. Que os  meus pais nunca viriam me procurar.

Caleb simplesmente fez as pessoas que me amava acreditar que eu estava morta.

—– Meu marido sempre falava com a minha mãe —  Falei com a voz embargada — Eu ouvia ela.

—– Ouvia? E por.que você não falava com ela ?

—– Eu não sei — Suspirei.

—– Como assim não sabe?

—– Não vim aqui pra você falar de mim — Me exaltei.

Sempre fico nervosa, quando eu não tenho respostas pra determinadas perguntas.

—– Ella, para de protegê-lo, ele está te mantendo como prisioneira, te privando de ver os seus pais..te machucando..se você me permitir eu posso ajudar...

—– Você não sabe de nada.

Ela suspirou impaciente

—– Ok, se você não quer falar sobre você, então não vamos falar...vamos falar sobre Vicent August Hunter...

Eu queria chorar, mas as lágrimas não vinham. Eu estava chocada, arrasada. Mas eu não podia entregar o meu marido, seria cruel, logo agora que ele estava se esforçando pra mudar, aceitou até fazer a terapia.

—– Eu estava investigando a morte de um modelo, um rapaz bonito, bem sucedido, mas que levava uma vida dupla, sem o conhecimento da sua   esposa, ele gostava de experimentar outros tipos de aventuras. Baladas, drogas, homens e foi assim que ele conheceu Thomas, com a sua beleza incomparável e seu incrível poder de sedução. Logo os dois se envolveram amorosamente. Vicent tinha uma tara por sadomasoquismo. Ele tinha um apartamento que era só pra ele praticar sua arte da dominação. E  Thomas se demonstrou bastante interessado. E até se voluntariou para ser seu submisso. Mas mal sabia Vicent, que Thomas já o observava há um tempo, e calculava toda a sua rotina, sabia a hora que a esposa não iria estar em casa, para poder se deliciarem com o prazer proibido. Depois de um intenso sentimento surgir entre eles. Thomas mostrou sua verdadeira face, propôs a Vicent, um acordo, disse para ele matar a esposa, para que os dois pudessem desfrutar da liberdade desse amor, porém Vicent se recusou.

Essa história me deixou horrorizada, ainda mais por se parecer muito com a minha.

Ele também propôs isso a mim, e eu quase fiz o que ele estava me pedindo.

Ele me seduziu no momento mais delicado da minha vida, e se aproveitou da minha fraqueza, para entrar na minha casa e bagunçar tudo.

Minha cabeça estava doendo muito por causa de toda essa informação. Eu estava entre prestar atenção na conversa, ou deixar os meus pensamentos fluírem.

—– Encontramos o corpo de Vicent dois meses depois. A última vez que foi visto, ele estava comprando um presente de aniversário para Laila, sua filha. Ele foi encontrado em um quarto de hotel, nu em cima da cama, não havia sequer uma marca nele...mas a autópsia revelou que havia um tipo raro de veneno em seu organismo. Parece que os dois tiveram uma noite regada a sexo e vinho...

O veneno, é claro.

—– Quando mostrei a foto para a mulher de Vicent, ela disse que sabia de quem se tratava...ele era o vizinho deles...costumava levar coisas pra ela..como comida, presentes, mas de forma despretensiosa. Todos os  documentos do seu marido, que estavam em seu apartamento, foram levados, inclusive os seus pertences.

Conforme ela contava, eu ia juntando as peças.

Ele montou toda uma vida de mentira. A desculpa perfeita para poder se aproximar.

Logo uma lembrança veio à minha cabeça.

Quando eu perguntei sobre os seus brinquedinhos de adulto, ele disse que um amigo tinha deixado lá.

O amigo era o Vicent. Ele o matou.

Mas onde o chip entra nessa história?

—– Onde o chip entra nessa história?

—– Esse chip, contem arquivos que foram copiados do computador do companheiro da mãe de Thomas, que na época foi acusado de pedofilia e de abusar sexualmente do garoto, com permissão da mãe. Esses arquivos foram encontrados e apreendidos, e todos os envolvidos foram presos. Mas o Thomas de alguma forma fez uma cópia...

—– Então o chip não serve pra nada?

Eu não acredito que criei uma obsessão, em cima de uma história que nem existe.

—– Serve pra somar a pena dele, já que ter acesso a esse tipo de conteúdo, é crime,  mas eu te digo que metade dessas crianças já foram resgatadas com vidas e uma delas foi o Thomas mas ele ao contrário das outras decidiram seguir outro caminho, eu não sei por que ele ainda guarda isso, talvez pra olhar, alguns psicopatas são obcecados com as coisas que ocorreram com eles, guardam objetos, e até mesmo imagens que servem de gatilho...

Ou moram nas mesmas casas que os abusos aconteceram. Tratam mal suas esposas, porque na cabeça deles estão punindo a mãe.

—– Ele é o garoto do vídeo, Ella.

Isso me deixou extremamente chocada. Desde que assisti o vídeo, os gritos daquele garoto nunca mais saíram da minha cabeça.

—– Você simplesmente o encontrou por acaso, e pense pelo lado bom, agora você  sabe toda a verdade.

—– Mas e os homens que foram na minha casa atrás dele? Eles me agrediram...

—– Eram irmãos do Vicent, resolveram fazer justiça com as próprias mãos... mas já foram presos, não se preocupe, eu sinto muito que você tenha sido vítima disso tudo, eu sei que tentou ajudá-lo, mas tem pessoas que não tem concerto.

É, tem sim.

—– Esse garoto passou por coisas terríveis, quando foi encontrado ele estava no porão, vestido com roupas de menina, e completamente apavorado. Ele perdeu completamente a noção de quem ele é, sempre que ele matava alguém, assumia automaticamente a personalidade dessa pessoa...por isso ele roubou os documentos da vítima, para se passar por ela...

Quando a mulher me mostrou a foto do  tal modelo, eu reconheci a camisa branca que ele estava vestindo, foi a mesma que eu cheirei naquele dia na casa do Thomas.

E ele estava com o relógio em seu pulso, idêntico ao de Caleb.  Embora seja tarde pra isso, mas agora eu me recordo de Caleb ter dito que só foram fabricados quatro originais. E só sendo muito rico pra comprar um.

E o impostor não tinha tanto dinheiro assim. Se nem emprego ele tinha. Inventou toda aquela história de ser filho do Robert. Robert nem tinha filhos, ele teria me contado se tivesse.

E duvido que ele passaria seus bens para um desconhecido. Thomas fez algo com ele.

Thomas se passava por garoto de programa, e provavelmente fazia bicos em boates como striper, isso explica as fantasias sexy e aqueles objetos sensuais.

Ele montou uma vida falsa baseada nos interesses das vítimas.

Mas eu estava tão cega, que nem percebi.

Como eu pude ser tão burra. Deixei um assassino entrar na minha casa.

—– Ella, você está bem?

—– Não — Suspirei, com lágrimas. As coisas nunca dão certo pra mim, nunca.

—– Não fala isso, a culpa não foi sua, você foi a vítima — Ela se aproximou do meu lado e pôs a mão no meu ombro.

Olhei para ela, me sentindo envergonhada.

____ Será que eu posso falar com ele? Eu acredito em você, mas eu preciso que ele confirme tudo isso.

Morgan ficou calada por um tempo e depois suspirou.

—– Ok, vou te levar até ele.

A detetive me levou até uma pequena sala e me deixou lá sozinha. Minutos depois um policial entrou, esse tinha uma aparência mais gentil, ele virou o rosto e fez um sinal para que alguém se aproximasse, e o meu coração disparou subitamente

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