O vizinho

By BrendaSousa373

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Ella Watson vive uma vida triste e monótona ao lado do marido abusivo que parece querer fazer da sua vida um... More

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Capítulo especial
Agradecimentos

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By BrendaSousa373

No dia seguinte, depois que Caleb foi trabalhar, eu levantei da cama apressadamente, fui até o banheiro e tomei banho.

Optei por vestir uma roupa de caminhada, assim não pareceria tão estranho se alguém me visse andando pela rua sozinha, pois o hospital não ficava muito longe de casa, o que significava que eu poderia ir a pé.


Abri a gaveta de meias, e acabei encontrando o celular de Vicent que eu mesmo havia escondido ali, enrolado em uma toalha de rosto. Eu estava tão preocupada com a vida do meu marido psicopata que simplesmente tinha me esquecido dele.

Peguei o aparelho e me sentei na cama para fuçar o histórico de ligações e a caixa de mensagens, e não encontrei nada suspeito. Mas me surpreendi ao ver que Vicent levava uma vida secreta, ele era garoto de programa. Isso explica porque ele saia toda a noite em determinado horário. Eu sabia que suas saídas noturnas, significava isso, mas  achei que ele ficava apenas com mulheres, mas tinha várias mensagens de homens também, inclusive na noite que ele desapareceu ele tinha justamente um programa marcado, e os dias que se sucederam a esse, se tornaram um grande mistério até o fatídico dia que ele apareceu gravemente ferido na porta da sua casa.

Na mensagem que o cliente enviou para ele naquela noite, estava escrito:

[ Está pronto? Passo às sete pra te buscar...

Isso explica o  porquê ele não foi com o  carro dele.

Eu pensei em ligar para o tal homem da mensagem, mas mudei de ideia, visto que pode ter sido ele quem sequestrou Vicent e provavelmente o torturou.

Até que no mesmo instante o celular começou a vibrar e com o susto eu o joguei em cima da cama.

Na tela estava a foto de um homem moreno com traços maduros e origem Indiana.

Deixei o celular tocar muitas vezes para depois pegá-lo novamente com as mãos trêmulas e o coração disparado.

E logo após encontrei a seguinte mensagem.

[ Vamos te achar...

Nesse mesmo instante uma sensação horripilante me tomou, como se aquela mensagem tivesse sido direcionada a mim.

Coloquei o celular dentro da bolsa. Por que eu não estava com bom pressentimento de deixa-lo em casa. Ali continha informações que poderiam ser úteis, e poderiam me  levar até o deliquente que fez isso com Vicent. Mas só a polícia quem poderia investigar. Afinal de contas, não foi por acaso que Vicent me confiou essa missão.

Desci as escadas apressada e me deparei com um café da manhã recheado de coisas que eu gosto, além de um bilhete com um provável pedido de desculpas. Essa era forma que Caleb usava para demonstrar os seus sentimentos, porque se depender dele abrir a boca para falar.

Derramei o café na pia e rasguei o bilhete em mil pedaços sem nem mesmo ler o que estava escrito. E joguei tudo no lixo. Depois segui até a porta.

Se ele acha que vai brincar comigo assim, está muito enganado.

Parei no meio do caminho.

Eu estava ofegante, dominada por uma adrenalina sem fim. Vicent estava correndo perigo e eu precisava protegê-lo.

Tomei uma decisão, eu vou ajudá-lo a fugir.

Voltei no quarto e peguei uma bolsa grande para colocar algumas roupas dele, o suficiente para ele se virar.

Não sei se era uma boa ideia, mas ele não podia mais voltar pra casa, pois esse assassino pode estar em qualquer lugar, só esperando a hora pra agir.

Enquanto eu arrumava as roupas, notei que havia chegado outra mensagem.

Gelei completamente.

Parei o que eu estava fazendo e peguei o celular, e olhei a mensagem pela aba:

[ Você tá com algo que nos pertence e é bom você não ter entregado para  policia.

Alguma coisa me diz que eles não estavam falando do celular. Até porque não havia nada de estranho nele.

Por que os polícias se interessariam pela vida sexual de alguém?

E mesmo que tenha a última mensagem como prova de que Vicent tinha saído com aquele cara, isso não prova nada.

No mesmo instante a campainha tocou e meu corpo inteiro começou tremer. Enfiei o celular na bolsa e a escondi ela em algum lugar discreto.

Passei a mão pelo cabelo desgrenhado e tentei aparentar tranquilidade ao abrir a porta.

Mas foi impossível, já que dei de cara com Mateo e o seu sorriso irritante.

Ele estava com uma roupa normal o que era estranho, pois ele sempre estava vestido elegantemente, além de também está de óculos escuros. Ou seja, ele estava acabado.

Suspirei impaciente.

—– Tá fazendo o que aqui? —  Perguntei irritada.

—– Podemos conversar?

—– Não, eu estou de saída, não está vendo?

Ele me olhou de cima a baixo.

—– Desde quando você faz caminhada?

—– Desde agora, agora se me dá licença — Ameacei fechar a porta, mas ele interviu, empurrando a mesma e entrando sem permissão.

—– Só vai levar um segundo.

Senti o seu bafo de álcool, o que significava que a conversa seria longa.

Bati a porta furiosa e em seguida me voltei  pra ele.

—– Qual é o seu problema?

—–  O mesmo que você, um problemão a propósito.

—– Desculpa, não entendi

—– Ele me bateu, Ella.

—– O que? Quem?

Ele retirou os óculos escuros e revelou um dos seus olhos, vermelho e inchado.

Caleb.

Eu meio que já sabia que isso iria acontecer.

—– Sinto muito

Ele colocou os óculos de volta e me encarou sem muita emoção.

—– Você deve me achar um fracassado, não é?

Fiquei calada por um instante, porque  não sabia ao certo se fracassado era a palavra.

—– Por acaso você tem ideia do que é crescer sendo a sombra de alguém?

Balancei a cabeça negativamente começando a sentir pena dele.

—– É extremamente frustrante.

—– Mateo, você tem que ir embora — Insisti olhando para o relógio. Eu tinha pouco tempo até o horário de visita acabar, e ainda tinha que passar na casa de Vicent para arrumar a mala dele.

—– Calma, Ella,  eu ainda não terminei —  Ele sorriu irônico.

Sem muito o que fazer, eu me sentei no sofá e decidi escuta-lo, talvez assim ele iria embora e quem sabe até me deixaria em paz. Ele parece aqueles bêbados irritantes que ninguém suporta.

—– Ele sempre foi o mais amado, mesmo quando fazia merda, minha mãe estava sempre lá cuidando dele, se esquecendo de mim, e é claro que uma hora ou outra eu iria sentir o impacto disso. Se eu não consegui ser o orgulho da família, foi porque ninguém me deu essa confiança, porque eles estavam ocupados demais correndo atrás de um garoto perturbado com complexo de inferioridade ao invés de mim.

Mateo começou alterar a voz e eu já estava começando a me sentir desconfortável.

—– Mateo —  Me levantei da cadeira

—– Senta aí, que eu ainda não acabei — Ele gritou fazendo meu corpo estremecer e as lágrimas saltarem dos meus olhos.

Ele caminhou até a adega pegou uma garrafa de vinho e uma taça. Até o barulho do líquido escorrendo era irritante demais.

Eu estava começando a ficar nervosa com toda aquela situação.

—– Então, eu me envolvi no mundo das drogas — Ele continuou após um gole. Para ver se assim chamava a atenção deles, mas tudo o que fizeram foram me enfiar em uma clínica de  reabilitação, e nem sequer me visitaram, e como se não bastasse tudo isso, eu ainda tinha que assistir pela tv as conquistas do meu adorado irmão, e sabe como eu me sentia?

—– Não, Mateo —  Franzi as sobrancelhas me sentindo triste e aborrecida.

—– Como se eu nem fosse da família.

—– Você ainda é jovem,  dá pra você conquistar muitas coisas ainda

Ele sorriu e retirou os óculos novamente revelando os seus olhos cobertos de lágrimas.

—– Ah, você acha mesmo? — Suspirou ironicamente — Que fofa.

—– Sim, você tem muito potencial —  Menti — Você deve ser bom em alguma coisa

—– Mas agora, eu não tenho o menor interesse  — Ele afirmou tomando o último gole de vinho, depois atirando a taça no chão, me deixando assustada.

Em seguida, ele se aproximou de mim.

—– Meu irmão tirou tudo de mim, tá na hora de tirar algo dele também.

O jeito que ele estava me olhando, me fez pensar que talvez ele estivesse se referindo a mim.

Engoli a seco.

Ele começou a andar pela casa, enquanto eu estava imóvel no sofá.

—– Eu persegui o meu irmão durante um tempo, atrás de alguma coisa que ameaçasse a sua reputação e advinha?  não descobri nada — Ele é simplesmente perfeito, ou disfarça muito bem.

—– Mateo, se você não se importa, eu tenho um lugar pra ir, e você está me enrolando com essa conversa fiada —  Me levantei e andei até a porta

—– Porém...

Suspirei impaciente.

—– Em uma dessas minhas perseguições acabei descobrindo algo ainda mais interessante —  Ele sorriu maquiavélico.

Ele se levantou e caminhou até mim, depois inclinou a cabeça bem próximo do meu ouvido.

—– Descobri que você tem um caso com o vizinho aqui do lado  — Sussurrou e depois se afastou. Vicent, o nome dele, não é?

Paralisei completamente.

—– Então, eu pensei — Ele disse dando a volta pelo meu corpo paralisado — Já que eu não posso atingir o meu irmão  diretamente, então vou fazer isso de forma indireta, usando a pessoa que ele mais ama nesse mundo.

Comecei a tremer.

—– Só que eu gostei de você, Ella — Ele franziu a sobrancelha e acariciou o meu rosto — E só por isso que eu vou te dar algumas opções.

—–  O que você quer? — Soltei entre os dentes.

—– Você, a jóia mais preciosa que ele  tem, que viveu escondida por um tempo, mas que eu acabei descobrindo que não vale nada...

—– Seja direto.

—– Uma única noite, é só o que te peço, e eu garanto que Caleb jamais saberá sobre o seu casinho.

Soltei uma risada incrédula.

—– Uma noite com você?  — Apontei pra ele com desprezo — Nem morta.

—– Então você não vai se importar se o seu marido ficar sabendo sobre o seu, como que eu posso falar... lance com o vizinho.

Ele deu de ombros.

Eu queria não me importar, mas acontece que não era só a minha vida e a reputação de Caleb que estava em jogo, mas sim a vida de Vicent.

Ele seria um alvo fácil pra Caleb, já que ele estava debilitado em cima de uma  cama. Eu precisava de tempo, até ele acordar para ajudá-lo a fugir antes que o pior aconteça.

—– Espere — Alcancei o braço de Mateo antes dele abrir a porta.

Ele olhou para a minha mão e depois pra mim, e sorriu abertamente.

Soltei o seu braço e o encarei angustiada, mas tentei aparentar serenidade, porque eu não quero que ele pense que eu tenho medo dele.

Não vou dar esse gostinho pra ele, de achar que pode conseguir o que quer.

—– Onde?

—– Então está disposta a ficar comigo, só para que o seu marido não saiba do seu caso com o vizinho,  agora você me surpreendeu, quanta empatia

Fiquei calada remoendo a raiva que eu estava sentindo naquele momento.

—– Não se trata apenas de um caso...

—– Ah, então você o ama? — Ele soltou boquiaberto — Porque mais você iria querer salvar a vida dele se não o amasse.

—– Você não entende — Chorei as palavras

Ele ficou sério de repente, sem nem demonstrar compaixão pelas minhas lágrimas.

—– Me diz aonde.

—– Vou te informar um lugar, fique atenta às correspondências, já que você não tem um telefone.

Uma lágrima de dor rolou pelo meu rosto, e ele a aparou, e depois ele segurou meu queixo.

—– Garanto que será divertido, e também não é nada que você já não esteja acostumada.

Ele alisou o meu rosto, mas eu me
esquivei o encarando com raiva e desdenho.

—– Você não passa da porra de um chantagista

—– Não sou pior que você, te passo o nome do hotel depois,  coloque uma lingerie bem bonita, está bem?

Assim que ele virou as costas para ir embora, minha vontade foi voar em cima dele e espanca-lo até a morte com o taco de beisebol, mas me segurei. Ao invés disso eu descontei nas almofadas do sofá, socando elas até onde a minha força pudesse aguentar.

Gritando até ficar completamente sem voz.

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