Teenage Bounty Hunters 2 (Ste...

By 307Bitanic

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Numa noite em que tudo deu errado, as irmãs Blair e Sterling tiveram de aprender a lidar com os diversos conf... More

Sterling, você é minha filha
Será que elas irão nos odiar para sempre?
Eu te amo
A verdade
Alex?
Como você soube?
Querida eu do passado
Se eu pudesse
Amiga da Sterling?
E o que ela disse?
Ciúmes
Alicia Farwell
Isso sim que é diversão!
As anotações
Mal posso esperar
Padawan
Cúmplices
O encontro (parte 1)
O encontro (parte 2)
Sterling?
Volte agora!
Desculpa
Os preparativos
Sábado
Hartleben
Margaret
Domingo
Vamos?
Fique
Confia em mim
Será que ele é confiável?
O almoço
Caça ao tesouro
Aquela droga de livro da Blair
Um mês
Nossa única chance
Srta. Bela Adormecida
Precisamos conversar
Você me beijou!
A novata
Longa história
Carreira solo
Consulta
Alohomora
Somos Caçadoras de Recompensas
E o Uber?
Viva os honorários!
Casa na árvore
As gravações
As cartas de Margaret
É muito arriscado
A perseguição
A embarcação
Cassiopeia
Cem dólares
Tentando se manter viva
Acidente
Anderson
Um erro
Xeque-mate
Eureka!
Meisner
Harvey-Johan
Não posso te prometer
Bodas de papel
O presente de April
Slow Burn
Edifício Playcenton
Fim de jogo - Parte 1
Fim de Jogo - Parte 2
Acabou

Relacionamento Cristão

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By 307Bitanic

             Com o assunto "Stevens" deixado de lado por um tempo para amenizar o clima sobrecarregado, Bowser se sentiu à vontade em contar às garotas, num momento oportuno, os seus planos de ir para a Flórida. A intenção era recomeçar a vida em seu lugar de origem e tentar a sorte capturando alguns foragidos por lá junto a uns bons amigos da época do Departamento de Polícia. Desde o começo do relacionamento de Yolanda com Terrence e o seu desentendimento com as irmãs adolescentes por causa do caso de Dana, percebeu que não havia mais nada em Atlanta que pudesse prendê-lo, então acreditou que o melhor a ser feito era cair fora.

             Mas aí ocorreu de Sterling ser sequestrada e, por conseguinte, todos os seus planos mudaram.

              Tal como um soco forte na boca do estômago, o calafrio na espinha mesclado à apreensão que o acometeu ao cogitar a possibilidade de a menina estar correndo perigo foi o suficiente para fazê-lo parar tudo o que estava prestes a fazer e ir atrás dela numa busca implacável. Sentiu o desespero paternal bater na porta da frente de seu coração, como se Sterling fosse sua filha. A preocupação era exatamente a mesma. Por isso não mediu esforços em ajudar Blair a encontrá-la. E encontraram, ainda bem.

                Só que o ponto chave foi ele ter percebido que se importava com as meninas muito mais do que demonstrava e muito mais até do que imaginava. Querendo ou não, em tão pouco tempo elas tinham se transformado em sua família e tê-las por perto era mais do que suficiente. Reconheceu, portanto, que agira de um modo totalmente estúpido com elas naquela noite e era sua obrigação se redimir.

               Sendo assim, diante das duas, por mais que estivesse se sentindo demasiadamente desconcertado por não saber bem como agir, Bowser verdadeiramente se desculpou pela atitude repelente que adotara ao tratá-las mal na tal ocasião e, também, desculpou-se por não ter confiado na verdade que elas lhe disseram sobre não saberem nada de Debbie antes. Se ele tivesse as escutado, certamente teria poupado muita dor de cabeça.

               Mas... Passado era passado, certo? E era por esse motivo que ele estava bem ali na frente delas, completamente constrangido, mas com humildade o suficiente para assumir seus próprios erros. Ele não levava jeito nenhum para pedir perdão, mas só de ter tentado, pondo o orgulho um pouco de lado, foi o bastante para que elas ficassem felizes. Em resposta, as irmãs lhe deram um abraço afobadamente apertado, que por muito pouco não o derrubou; ele, num primeiro instante, assustou-se com a reação abrupta, mas depois sorriu, retribuindo o gesto.

               Ele havia decidido ficar. Mesmo com as malas prontas e com a Yogurtopia passada para a senhora Cathy, Bowser decidiu ficar de vez em Atlanta, e sua decisão se mostrou ainda mais acertada quando ele descobriu sobre John Stevens e sua provável busca por vingança. Havia muito a ser feito a partir dali! E o faria.

              Aproveitando o embalo, lembrou de comentar com elas, também, a respeito da recompensa que recebeu pela captura de Dana, e informou que dividiria igualmente a grana entre os três. Com a sua parte do acordo e com as suas economias, ele se manteria por uns longos meses na cidade sem qualquer preocupação à medida que ia investigando a vida de John. Elas, entretanto, recusaram veementemente o dinheiro no começo. Dispensaram qualquer coisa que viesse daquela mulher ou mesmo algo relacionado a ela. Mas quando pararam para pensar sensatamente por um instante, deram-se conta de que seria bom se ficassem com parte da grana, tanto para criarem suas próprias reservas de emergência quanto para ajudar os pais numa provável crise financeira. Então, dos noventa mil, optaram por ficar com só um terço. O restante deixariam para o Bowser se reconstruir ou começar algo novo.

             E o acordo foi feito.

             (...)

              Já no dia seguinte, depois da aula de Matemática, os alunos se reuniram na última sala do corredor principal para a reunião da irmandade. Ellen não estaria com eles, pois teria de resolver algumas coisas com o diretor da escola. Portanto, ficou a cargo da líder, isto é, de April encabeçar a célula daquela manhã e fazer o barco andar.

              Hannah B., sentada num dos sofás, afinava as cordas de seu violão e aquecia a voz. Normalmente era ela quem puxava os louvores e quem tocava, e o faria, então se preparava para a ocasião. Enquanto isso, April conversava com Ezequiel num dos cantos do cômodo a respeito do assunto que levantaria durante a conversa à medida que os alunos iam chegando e se acomodando pouco a pouco. Uns optaram por sentar nas poltronas e bancos; já outros, no chão mesmo. E o burburinho, consequência das conversas paralelas, iniciou-se, mas nada que fosse um incômodo.

              Logo Sterling e Blair chegaram, mas Stevens estava tão absorta no que fazia que nem prestou atenção. Elas, então, tomaram o lugar vazio num dos estofados centrais e, entediadas, entraram na conversa de outras pessoas enquanto esperavam.

             A descontração durou por uns longos minutos até que todos estivessem a bordo, de fato. E quando isso aconteceu, April imediatamente forçou a garganta para pigarrear alto o bastante para chamar a atenção de todos para si a fim de iniciar a célula, e se sentiu muito satisfeita em conseguir. Respirou fundo e endireitou a postura, ombros para trás. Confiante!

— Primeiramente, bom dia! — caminhou até o meio da sala para que todos a vissem logo que os saudou casualmente.

— Bom dia, April! — foi uníssono a resposta.

— Bom, antes de mais nada, para quem ainda não sabe, Ellen não vai estar presente hoje conosco. Assuntos da escola. Portanto, serei apenas eu a responsável por conduzir esta reunião.  — informou, e umedeceu os lábios durante a breve pausa. Sterling acompanhou o movimento com muita atenção. — Vai ser um debate bem mais tranquilo, justamente porque será apenas a gente. Então, fiquem à vontade para fazerem perguntas, compartilharem experiências ou acrescentarem algo de útil ao assunto.

              A porta de entrada para a sensação de aconchego e conforto se abriu em um convite, especialmente porque não teria nenhum adulto por perto. Tornou-se um ótimo jeito de dar início, dado que os alunos pareceram bem mais inclinados a prestar atenção na conversa e até a interagir uns com os outros também.
          
— O tema de hoje será: Relacionamento Cristão. — sem muita cerimônia, revelou, e houve boa receptividade.

              Com a bíblia repousando sobre um papel em branco na prancheta em suas mãos, caso precisasse fazer alguma anotação, ela se sentou em um dos bancos. Seus olhos vagaram em um por um, porém precisou desviar rapidamente o olhar quando os seus encontraram os de Sterling. Sentiu o coração dar uma martelada forte contra a sua caixa torácica naquele momento. Se a encarasse por mais alguns segundos, com certeza ficaria nervosa demais a ponto de perder a linha de raciocínio. Ainda bem que agiu a tempo. Engoliu em seco.

— Como todos nós sabemos, a ideia de um relacionamento é que ambas as partes se conheçam bem o suficiente antes de tomarem a decisão de se casar e compartilhar uma vida. É por isso que o namoro é uma fase tão importante. — pontuou, a voz serena. Todos prestavam atenção. — E quando falamos de um relacionamento cristão, alguns valores se fazem mais necessários. Só a paixão não é o bastante. Honestidade, respeito, lealdade e amizade são pilares imprescindíveis, e talvez sejam até os mais essenciais. Precisamos, portanto, ter isso conosco quando decidirmos entrar de cabeça numa relação. Mas não podemos nos esquecer, também, de um ponto muito importante, que é normalmente banalizado num relacionamento do mundo: como cristãos, temos de nos atentar e vigiar para não cairmos na imoralidade sexual.

              Sterling se remexeu desconfortável no sofá, assim como Luke. Mas a intenção não foi alfinetá-los ou desmoralizá-los, porém a carapuça serviu bem, infelizmente. Até April se sentiu receosa e incomodada em ter de comentar sobre o assunto, porém não podia deixar de lado.

— O casal precisa estabelecer seus limites para que não se entreguem um ao outro antes do casamento.

— Bom, não foi bem isso que aconteceu com algumas pessoas aqui recentemente... — Franklin deixou a frase pairar no ar como quem não quisesse nada, inconveniente, porém todos sabiam a quem ele se referia.

— Não estamos aqui para julgar ninguém! — April imediatamente rebateu, áspera, dando a entender que queria cessar os comentários desnecessários. Mas a verdade era que ela só estava defendendo Sterling.

— Quem é essa e o que você fez com aquela acumuladora de camisinhas alheias da April? — Blair, surpresa com a atitude da garota, murmurou baixinho para a irmã numa provocação. Em resposta, levou uma cotovelada discreta no braço.

— Mas não foi você qu- — o garoto ainda insistiu em continuar, mas sua frase fora cortada.

— Enfim! — Stevens sobressaltou um pouco a sua voz para que ele se calasse. Por sorte, funcionou. — Voltando... — suspirou, ajeitando-se no banco, e limpou a garganta. — O que eu estava dizendo é que a ideia do sexo após o casamento é uma renúncia. Tanto o homem quanto a mulher precisam estar dispostos a sacrificar os seus desejos íntimos pelo bem da união no futuro.

             E no momento em que ela disse aquilo, sentiu-se uma hipócrita completa, porque noites antes, dentro do carro no estacionamento, tudo o que ela quis e tudo o que ela fez foi "destroçar" Sterling. Não pôde se conter. Não vigiou como deveria. Pagou com a língua, desviando-se do caminho tal como havia julgado antes.

— Uma pergunta, coisa boba: precisa ser necessariamente um homem e uma mulher? — Blair questionou de repente, atraindo a atenção dos outros para si.

             Um grande ponto de interrogação surgiu na testa de April. Sterling, por sua vez, a encarou em choque, porque entendera exatamente o que ela estava querendo dizer.

— Como? — Stevens questionou, confusa.

— Quando a gente fala sobre relacionamentos, especialmente os religiosos, é natural que pensemos só num homem com uma mulher. Mas por que não pode ser também homem com homem ou mulher com mulher?

             E o levante sorrateiro daquele assunto deixou todos extremamente surpresos e perplexos. Primeiro porque não era exatamente o tipo de debate que eles imaginavam ter; segundo porque a homossexualidade em si era vista como um grande pecado naquela cidade intolerante. April paralisou no lugar e não foi capaz de dizer nada por um bom tempo. Sterling quis sair correndo dali, mas, também, quis dar um abraço na irmã por ela ter tido coragem de colocar esse tema em pauta.

— Quer dizer, não é como se fôssemos tolos o bastante para pensar que todos os que são cristãos são necessariamente héteros. É um pensamento muito limitado. — argumentou, energizando-se com seus conhecimentos para sustentar a sua linha de raciocínio. — O mundo evoluiu muito e as pessoas estão cada vez mais se descobrindo, também, mesmo os que sempre cresceram dentro de igrejas. Não é como se estivessem possuídas pelo demônio ou coisa semelhante, como tem gente que costuma dizer. Cristo do céu, que jeito mais ignorante de pensar! Deus criou cada um de nós a sua imagem, e Ele nunca faz nada imperfeito. Com certeza não faz sentido nenhum uma pessoa ser punida pelo Pai só por ser gay, mesmo que sua conduta como cristã e cidadã sejam excelentes. Acham mesmo que Deus seria injusto a esse ponto?

               A pergunta dançou no ar por alguns segundos. Ninguém disse nada. Uns a encaravam com certo desdém e repulsa, influência de suas crenças limitantes enraizadas. Outros, porém, se mostraram inclinados a ouvir o que ela tinha a dizer. Isso foi bom, muito bom. Ficou ainda mais motivada a continuar.

             O fato era que se sentiu na obrigação de tocar nesse assunto exatamente naquele lugar, o verdadeiro oceano de pessoas que gostam de apontar o dedo para outras, mas não enxergam nem a si mesmas primeiro. Fez por Sterling, porque não podia admitir que ela vivesse num ambiente tóxico com pessoas tão ignorantes quanto a este tema. Se pudesse doar um pouco de conhecimento e abrir a mente de alguns, conscientizando-os para que se tornassem mais receptivos, seria incrível demais. Sua irmã merecia ser feliz, independentemente de com quem fosse. Ótimo se com April! E torcia para que elas ficassem juntas e pudessem se assumir sem medo. Mas se não fosse ela, ótimo idem. Que fosse com outra! Só desejou mesmo colocar isso em jogo, porque sabia que era exatamente o que muitos precisavam ouvir e não era definitivamente algo que Sterling faria, muito menos April.

— Mas está na Bíblia que práticas homossexuais são dignas de punições. — uma garota ao fundo retrucou e uns poucos concordaram com ela.

— Também está na Bíblia um monte de coisa que não faz sentido nenhum hoje em dia, como o fato de ser bastante natural que homens cristãos da época praticassem a poligamia, tal qual Salomão, Davi, Abraão. Hoje em dia, isso é visto com maus olhos. — rebateu imediatamente. — Além disso, o que eu mais vejo por aí são histórias tiradas totalmente de contexto do livro sagrado para justificar as intolerâncias e os preconceitos criados pelo próprio homem em nome de Deus. Temos, ainda, de levar em conta que a Bíblia foi escrita há mais de mil anos. Por favor! Estamos falando de outra época, outra sociedade, outro tipo de pensamento. Os tempos mudaram!

               Um sorriso muito discreto desenhou os lábios de April. Sentiu-se feliz por alguém ter feito o favor de ampliar para mais pessoas aquele tipo de ideia, tal como Sterling fez consigo durante o trabalho do Templo de Salomão. Seus olhos deslizaram discretamente pelo ambiente a procura dos dela e, ao achá-los, sustentou. Sustentou-os tempo suficiente para que os seus corações ficassem balançados.

— Além disso, somos cristãos! Seguimos a palavra de Deus. A última coisa que deveríamos fazer é julgar uns aos outros. Onde é que fica o "ame o teu próximo como a ti mesmo"? Deveríamos ser instrumentos de amor, não de ódio. O que a pessoa é ou deixa de ser é problema dela com Deus. Não temos nada a ver com isso. O que cabe a nós é amar e respeitar acima de tudo, deixar a intolerância de lado, porque não é um valor que Deus se orgulharia de termos. Então, voltando ao assunto principal, por que não mulher com mulher ou homem com homem? Um relacionamento cristão também pode surgir a partir daí. A renúncia, como April bem pontuou, tem de vir de ambas as partes. A orientação sexual não interfere em nada! Se o casal estiver disposto a seguir os princípios bíblicos e se comprometer um com o outro para fazer dar certo, renunciar o agora para o bem do futuro... Bom, me diz aí o que há de errado nesse tipo de relacionamento, afinal?

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