Capítulo Cinquenta e Nove

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Andar, se mover, ficar parado e especialmente sentar. Absolutamente tudo era desconfortável. Toni era especialmente carinhoso, quando estava em casa, se encarregava pessoalmente da pequena Luz, que era uma criança enérgica e muito agitada. A menina começaria frequentar uma escola particular na semana seguinte, apenas porque não havia possibilidade de ingressar na rede pública em pleno mês de Agosto. A ideia era alfabetizá-la dentro do possível até o início do ano letivo, para que não se sentisse tão diferente das outras crianças. Mas até lá, ainda restavam alguns dias das reinações da menina pela pensão. Samuel simplesmente não conseguia acompanhar a irmã no estado em que estava.

Foram dois longos dias de dor latejante, até mesmo encostar o dedo no ânus mesmos que suavemente no ato de lavar durante o banho já lhe fazia apertar os lábios e seus olhos lacrimejarem, algumas lágrimas lhe escapavam com a ardência doída. Ainda tinha aquele sangue, pouco, mas sempre presente. Mas o mais perturbador era dormir, ou melhor tentar dormir.

Samuel deitava, mas parecia que quanto mais relaxado estava, mais aumentava sua percepção a dor. Era como se estivesse levando murros consecutivos no cóxis. Viravam de um lado para o outro na cama, tentando achar uma posição confortável, mas tudo era inútil porque anda tinha que se preocupar com o joelho.

Toni não insistiu para ver o local machucado, mas estava cada dia mais preocupado, quando questionava o namorado, o músico garantia que não era nada demais.

Justamente por esses dias Toni conseguiu outro trabalho. Antes de sair deixava ordens expressas com Ícaro para entreter Luz, o japonês não recusava porque adorava a menina e também porque desde que Toni o levou para quarto para conversar sobre a "camisa pequena" o garoto estava muito mais atento a tudo que Toni falava, era quase como ver um pai falando com um filho. Era um pouco engraçado.

Já estavam com quatro dias daquela agonia quando numa das muitas noites inquietas, Toni abraçou o namorado por trás e beijou sua nuca, Samuel se retesou inteiro.

— Desculpa... Eu te acordei.

— Ainda tá doendo? — questionou com voz rouca por causa do sono.

— Um pouco, mas vai passar.

Toni suspirou, odiava ver seu namorado sofrendo assim, sabendo que foi o causador desse martírio.

— Amor... Isso não tá normal. Tem certeza que só tá meio dolorido? Já faz dias.

Samuel respirou fundo e pensou um pouco a respeito, o silêncio e a escuridão do quarto os envolvia, Toni apertou mais o namorado nos braços, encorajando-o.

— Eu não sei... — fez uma pausa, ainda refletindo sobre tudo que acontecia com seu corpo. Protegido pelo escuro do quarto falou sem receios do vermelho que certamente estava tomando conta do seu rosto — Não sei se é normal ou não, é diferente.

Toni fechou os olhos, se xingando horrores em pensamento. Sempre esquecia que seu namorado era inexperiente em quase tudo que se referia a sexo. Cobrou-se por essa falta, afinal, foi o primeiro homem da vida do músico, o primeiro a tocá-lo e certamente o primeiro a machucá-lo.

— Tá. Amanhã eu vou falar com o Cez e vê o que...

— Não, obrigado, mas não precisa se preocupar — recusou prontamente, sentindo um nó se formar na sua garganta e o coração bater um pouco dolorido também.

Toni acariciou seus cabelos e tentou manter a calma.

— Qual é Samy, é para o teu bem, ele é enfermeiro, não custa nada.

Samuel apenas suspirou, sentindo um nó se formar na sua garganta.

No dia seguinte, quando chegou do trabalho Samuel não estava em casa, mas era até melhor assim. Deu beijo na "filha" que estava exasperada tentando colocar ligas coloridas no cabelo de Ícaro, mas como era muito liso os prendedores escorregavam. Pediu para os dois chamarem César para ir no seu quarto e foi logo tomar um banho.

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