Capítulo Cinquenta e Oito

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Quando Samuel abriu os olhos, estava sozinho no quarto. Percebeu que estava deitado em travesseiros macios e coberto com o lençol, sem nenhum sinal de esperma. Levantou calmamente, decidido a tomar banho, quase caiu, seu joelho travou por um momento, estava terrivelmente dolorido e sentia uma dorzinha esquisita na bunda, mas isso só lhe fez lembrar do dia de sexo louco que teve e ignorar o joelho outra vez. Foi mancando para o banheiro.

Ficou um longo tempo embaixo do chuveiro, apenas fechou os olhos e deixou todas aquelas dores pelo seus corpo lhe atingir sem receios. Queria "perceber" como seu corpo estava. Quase xingou horríveis palavrões, sentia como se tivesse com uma faca enterrada na bunda. Ardia sempre que pegava água, mas pior de tudo era que a dormência tinha passado e deu lugar a uma dor pulsante. De um modo geral estava dolorido dos apertões que ainda estavam marcados na sua pele. Mas de repente começou a sorrir, sozinho de olhos fechados com a água caindo na sua cabeça. Não conseguia se arrepender de nada.

Quando finalmente saiu do banho, encontrou Toni terminando de limpar a cozinha. Um sorriso tímido surgiu nos seus lábios e seu coração até bateu mais forte. Uma euforia boa foi surgindo no seu interior, seu corpo foi agindo por impulso, quase como se tivesse vontade própria. Caminhou até o moreno tatuado, que ainda nem tinha notado sua presença de tão concentrado que estava na tarefa, o abraçou por trás.

Toni olhou para os braços brancos que o rodeavam e as mãos de dedos delicados que tocavam seu peitoral desnudo e um sorriso brotou nos seus lábios, embora seus olhos exibissem um brilho triste.

— Acordou bela adormecida?

Samuel percebeu o que estava fazendo e soltou o homem com movimentos hesitantes. Recolheu os braços e enfiou as mãos nos bolsos, corando um pouquinho.

— Eu dormi muito?

Toni percebeu o jeito tímido do namorado, que finalmente parecia ter desincorporado o espírito libidinoso que tinha possuído seu corpo, só de lembrar já começava a sentir um formigamento entre as pernas.

— Tava só curtindo, não fica com essa cara... Vem cá — chamou por último e Samuel se aproximou outra vez.

Toni o envolveu nos braços, inspirou o cheiro fresco de sabonete. Então olhou para o músico, acariciando o rosto de traços finos.

— Tu tá bem, Samy? — perguntou com o coração na mão, lembrando do sangue que precisou lavar do seu próprio corpo.

Samuel pareceu não entender a pergunta, até ergueu um pouco as sobrancelhas.

— Sim... Por que?

— Tem certeza? Tu não tá sentindo nada? Não tá DOENDO nada? — deu ênfase na palavra, sentindo a culpa lhe corroer por dentro.

— Ah... Sim! Claro — falou como se tivesse lembrado de algo importante.

O moreno sentiu como se Samuel o estivesse matando, arrancando seu coração com a mão. Nunca se perdoaria por ter machucado seu namorado.

— Desculpa amor...

Samuel tocou seu rosto com carinho e beijou sua boca num selinho terno, que Toni não se achou merecedor.

— Tudo bem, não precisa disso tudo. A culpa não foi sua.

— Como tu pode dizer isso? — questionou, olhando para Samuel como um cachorrinho olha para o dono em busca de misericórdia depois de rasgar alguma coisa.

— Ué... Não foi você que quebrou minha perna. Então você não tem que pedir desculpa. Essa dor no meu joelho sempre aparece quando faço algum esforço. Achei que você sabia — corou violentamente na última parte, se referindo ao sexo agitado que fizeram e as posições que exigiam do seu joelho mais do que ele podia suportar.

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